sexta-feira, 22 de maio de 2009

Lendo - Jacinto Lucas Pires

Luís Rocha escreve no DN/Madeira de hoje:

Jacinto Lucas Pires já visitou várias vezes a Madeira, mas esta é a primeira vez que participa na Feira do Livro do Funchal. Ontem, em entrevista ao DIÁRIO, dava conta das suas experiências positivas em certames deste tipo, pela oportunidade de interacção entre o autor e o leitor.

Estas 'festas literárias' são uma oportunidade rara para um escritor "esclarecer as dúvidas do público, espiá-lo, perceber as reacções - um pouco como um actor pode fazer em tempo real, apercebendo-se das gargalhadas, dos silêncios..." Ontem, deu autógrafos no 'stand' da FNAC, na Feira: hoje, pelas 17 horas, mantém uma conversa com o público interessado, no Pavilhão dos Autores.

Lucas Pires admite que escrever, tal como ler, é sempre um exercício solitário. "Mas eu preciso destes momentos, de perceber que não estou a escrever no vazio", confessa. Compreender as diferentes perspectivas dos leitores sobre as suas obras é importante. "Eu não consigo escrever para a expectativa das pessoas, mas também sem esse diálogo, sentir-me-ia demasiado perdido". O autor portuense, nascido em 1974, intervém criativamente numa multiplicidade de áreas: tem uma dezena de livros publicados, escreveu textos de teatro, crónica, argumentos de curtas metragens... Fez residências literárias em Nova Iorque e, também na 'Big Apple', frequentou a New York Film Academy, tendo realizado obras cinematográficas. Não se ficando por aí, fez incursões na música. Essa multidisciplinaridade reflecte-se na sua visão do mundo e na universalidade, e num certo carácter fragmentário da vida e das pessoas que reflecte na sua criação, conforme aceita. Mas diz: "Não me sinto um artista multifuncional... De uma maneira ou de outra, é sempre o ofício da palavra e da escrita que prevalece, embora obedecendo a convenções, a regras e mesmo a linguagens muito diferentes", consoante a área em questão.

Para o escritor, o conto é um género que cultiva, de predilecção: mas o romance é também "um lugar de máxima possibilidade, em que se podem usar todas essas regras, esses ensinamentos das diferentes áreas, e em que se pode misturar o discurso interior, o monólogo do tipo teatral, os diálogos mais cinematográficos, se quisermos, e as passagens descritivas externas. Mas isso acontece-me naturalmente".

Jacinto Lucas Pires estranha a existência de autores "separados do mundo em vivem", escrevendo romances numa espécie de redoma isoladora da contemporaneidade... E que, ao contrário dos artistas plásticos, conscientes do lastro histórico que arrastam atrás de si, certos escritores escrevam por vezes como se nunca tivéssemos já passado pelo romantismo ou pelo neo-realismo.

"A literatura tem de acompanhar o tempo. A TV, a Internet, os telemóveis, as mensagens SMS fazem parte das nossas vidas. Não se pode fingir que nada disso existe, só porque isso é, supostamente, pouco literário".

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Cinema - Agora

No brutal e historicamente rigoroso ‘Agora’, do espanhol Alejandro Amenábar, exibido em Cannes fora de competição, os cristãos são comparados a talibans e as mulheres forçadas a uma vida austera e a barbaridades sanguinárias cometidas em nome de Deus. Por judeus e cristãos. Fica lançado o rastilho da polémica.

Estamos no século IV d.C., em Alexandria, no Egipto, entre o fim do período greco-romano e a ascensão do Cristianismo. Na famosa biblioteca da cidade, a filósofa Hypatia (Rachel Weisz) interroga-se (e os seus alunos) sobre a posição da Terra no Mundo. Com o extremar de posições religiosas, a incapacidade de abraçar uma religião imposta irá custar--lhe a vida.


Rindo - Nilton, Aldo Lima, Francisco Meneses

Escreve João Filipe Pestana no DN/Madeira de hoje:

Três dos nomes maiores do 'stand-up comedy' em Portugal vêm à Madeira no próximo dia 6 de Junho para dar um espectáculo único de humor no Centro de Congressos, no Funchal, cujas receitas reverterão para o projecto de solidariedade Chapéu da Esperança.

Francisco Menezes, Aldo Lima e Nilton vão garantir momentos desconcertantes de comédia e boa disposição, sempre com os objectivos de receber bem todos os espectadores e contribuir para o apoio de instituições sociais madeirenses.

Os ingressos variam entre os 15 e os 20 euros, podendo ser comprados a partir de agora na bilheteira do Casino da Madeira, Restaurante Chega de Saudade (Rua dos Aranhas), recepção do Anadia Shopping e loja do DIÁRIO de Notícias (Rua Dr. Fernão de Ornelas).

Aldo Lima elogiado pela crítica

Dos três humoristas, apenas Aldo Lima (na foto, à direita) nunca actuou na Madeira. Este humorista é um dos pioneiros do 'stand-up' em Portugal. Deu nas vistas através de campanhas de uma operadora de comunicações móveis e saltou depois para o programa 'Levanta-te e Ri!', da SIC. A partir daí, foi sempre a subir: protagonizou espectáculos de comédia no Teatro Tivoli, foi seis vezes convidado especial do 'Homem que Mordeu o Cão - Ao Vivo', em 2003, recebeu o Prémio de Comediante do Ano atribuído pela Aveiro FM, marcou presença no 'Festival Internacional do Riso', na 'Gala Viva o Euro 2004', no 'All-Football', entrou na curta-metragem 'Que Horas São?', escreveu, juntamente com Eduardo Madeira, a minipeça 'Kilo & Meio' que interpreta com António Feio, em 2006, foi co-autor (juntamente com João Quadros) da série da RTP 'Palavras Para Quê', etc.

"Aldo Lima é sinónimo, tal como o lendário Poço da Morte da Feira Popular, de arrojo, audácia, emoção. Mas ele não precisa de se empoleirar numa moto para impressionar. Aliás ele precisa de muito poucos adereços para que a gente veja tudo o que se está a passar, em todo o esplendor dos pormenores absurdos da vida. Ele é toureiro, é caçador, é telefonia (rádio) a pilhas, é o desenho animado vivo mais selvagem desde os tempos de glória de Chuck Jones. Não nasceu na América e só por isso não teve direito a um especial na HBO. Mas um dia destes nunca se sabe", opinou o produtor de TV e autor Nuno Markl sobre o humorista.

"Também me surpreendeu Aldo Lima, que vi num excelente momento de 'stand-up comedy' (...) Este humorista foi um dos poucos a utilizar o corpo, e bem, para criar humor, na tradição dos grandes criadores cómicos. O 'sketch' revelava preparação e um humor ao mesmo tempo fino e aberto, o que não é fácil", escreveu Eduardo Cintra Torres, no jornal Público.

Nilton incomparável

Sereno na atitude, mas mordaz e satírico nas palavras, Nilton (na foto, ao centro) é um dos mais apreciados artistas no seu género. Dotado de um invulgar sentido de improviso, estabelece uma boa empatia com o público, bem visível nas actuações ao vivo que, aliás, são a grande força do seu trabalho. O humorista, que já actuou cá ao lado de Marco Horácio e Francisco Menezes, volta a partilhar o palco com este último comediante.

Francisco 'versátil' Menezes

É o mais multifacetado dos três humoristas: espontâneo, criativo e dotado de uma voz potente, Francisco Menezes (na foto, à esquerda) dá corpo e alma à sua versatilidade artística quando actua ao vivo. Seja através de 'sketches', imitações e interpretações musicais, o artista demonstra que o 'stand-up comedy', quando bem interpretado, é para poucos. Presença assídua no antigo programa 'Levanta-te e Ri!', da SIC, emprestou a voz a 'O verdadeiro FM', da RFM, foi autor e actor de 'N cromos' e 'O Desterrado', da NTV e de 'Portugal FM', da RTP1.

João Filipe Pestana

terça-feira, 19 de maio de 2009

Obituário - Augusto Boal

Sim, eu sei que isto vai muito atrazado, mas não poderia deixar de me referir ao facto.

O dramaturgo brasileiro Augusto Boal, embaixador da UNESCO para o teatro, morreu este domingo no Rio de Janeiro aos 78 anos, devido a uma insuficiência respiratória.
Fundador do denominado "Teatro do Oprimido", método que pretende mostrar que cada um pode ser "actor" da sua própria vida, Augusto Boal padecia de leucemia e estava internado há alguns dias devido a problemas respiratórios.
De ascendência portuguesa, Augusto Boal nasceu no Rio de Janeiro em Março de 1931, integrou o Teatro de Arena de São Paulo e durante a ditadura militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985 esteve exilado em vários países.
Portugal foi um desses países, onde, na segunda metade da década de 1970, o dramaturgo viveu dois anos e trabalhou com A Barraca, onde assinou a peça "A Barraca Conta Tiradentes" e adaptou "Lisístrata" de Aristófanes.
Enquanto viveu exilado em Lisboa, o músico Chico Buarque dedicou-lhe uma carta em forma de música, intitulada "Meu Caro Amigo", gravada no álbum "Meus Caros Amigos" (1976).
Augusto Boal, que entendia o teatro como instrumento de emancipação política e de intervenção social transversal a várias áreas, foi o autor este ano da mensagem internacional do Dia Mundial do Teatro.
Indicado para o Prémio Nobel da Paz em 2008, por causa do seu trabalho com o Teatro do Oprimido, Augusto Boal foi eleito em Março desde ano embaixador da UNESCO para o teatro.
A sua obra está traduzida em mais de vinte línguas.

terça-feira, 12 de maio de 2009

terça-feira, 5 de maio de 2009