quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cinema - Polanski

A detenção de Roman Polanski é agora tanto uma questão judicial quanto moral. E de equipas. Ou se está contra a detenção de Polanski na Suíça, ou se está a favor. E o caso parece não terminar em breve: o apelo dos advogados do realizador que contesta o mandado de captura e o pedido de extradição relativo ao não-cumprimento de pena pelo crime de relações sexuais com uma menor em 1977 vai ser avaliado "nas próximas semanas". E a possibilidade de Polanski ser libertado sob fiança é muito remota.

O Tribunal Federal Penal suíço indicava ontem em comunicado no seu site que o pedido de apelo será avaliado nas próximas semanas e que até lá não se pronunciará publicamente sobre o caso que está a dividir a opinião pública.

Nos últimos dias, uma petição que contesta as condições em que foi detido e pede a sua libertação foi assinada por mais de cem protagonistas da indústria cinematográfica, sobretudo europeus, de Pedro Almodóvar a Luc e Jean-Pierre Dardenne, passando agora também pelos americanos David Lynch, Woody Allen ou Martin Scorsese. Segunda-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros francês e polaco escreveram à secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, pedindo-lhe a libertação do cineasta.

Mas a inicial barreira de apoio começou a abrir brechas. O realizador Luc Besson defendia segunda-feira que a justiça tem de ser igual para todos. Tanto no Parlamento Europeu quanto no francês, ouviram-se vozes de protesto contra a defesa de Polanski por parte do Governo. O eurodeputado e activista do Maio de 1968 Daniel Cohn-Bendit disse ontem: "Ele violou uma menina de 13 anos. É um problema judicial e acho que um ministro da Cultura, mesmo que se chame Mitterrand, deve dizer: aguardo para conhecer o processo". Frédéric Mitterrand considerou anteontem "abominável" a detenção de Polanski. No Parlamento francês, vários deputados da maioria de direita distanciaram-se da postura dos seus ministros.

O realizador franco-polaco, de 76 anos, está detido em Zurique desde sábado à noite ao abrigo do mandado de detenção que sobre ele pende desde que, em 1978, abandonou os EUA. Polanski terá fugido por suspeitar de que a justiça de Los Angeles planearia subverter o acordo que o levou a cumprir cerca de 40 dias de avaliação psiquiátrica depois de ter confessado o crime público de sexo com uma menina de 13 anos. A reviravolta poderia levar ao encarceramento do realizador por 50 anos. Agora, e se Polanski contestar a extradição até às últimas consequências, o processo pode arrastar-se durante anos, indicam fontes judiciais norte-americanas citadas pela Reuters.

Do lado suíço, a ministra dos Negócios Estrangeiros queixou-se ontem em conferência de imprensa que o seu gabinete nada sabia sobre o plano de detenção de Polanski e que este foi "pouco elegante" e que mais tacto teria sido desejável, já que na cerimónia a que Polanski se dirigia para ser homenageado também estaria presente o ministro da Cultura suíço. Já nos EUA, que tem 60 dias para exigir a extradição de Polanski, levanta-se a possibilidade de um perdão e o gabinete do Governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, confirmou que o governador tem a autoridade para o conceder mas que nunca foi contactado sobre o tema. Entretanto, o Ministério Público de Los Angeles divulgou uma cronologia que dá conta de várias tentativas, ao longo dos anos, para deter o realizador nas suas passagens por Inglaterra, Israel, Canadá e Tailândia. Na prisão, Polanski encontra-se bem, grato pelo apoio mas fragilizado pelo sucedido.

in Ípsilon por Joana Amaral Cardoso


BD - Mafaldinha

Mafalda, a personagem de banda desenhada que o argentino Quino idealizou para um anúncio a electrodomésticos, transformou-se numa das mais improváveis e divertidas comentadoras políticas da actualidade mundial nos anos 1960. Celebrou ontem 45 anos.

De traços simples, cabelo negro farto e muito opinativa, Mafalda surgiu pela primeira vez a 29 de Setembro de 1964 nas páginas do semanário argentino Primera Plana. Quino, então com 32 anos, nunca adivinharia o sucesso daquelas tiras humorísticas, que se prolongaram por nove anos.

Joaquin Lavado (Quino) imaginou Mafalda para um anúncio publicitário a uma marca de electrodomésticos, no qual lhe pediram que desenhasse a história de uma família típica da classe média.

A banda desenhada não chegou a ser publicada, mas Quino recuperou a personagem Mafalda quando o convidaram para publicar no Primera Plana, na altura um jornal que procurava fazer uma reflexão crítica da actualidade argentina e internacional.

À primeira vista, Mafalda podia ser uma menina de seis anos, reguila, desafiadora e descarada, mas depressa se percebeu que da sua boca, dos balões que Quino preenchia, saíam comentários mordazes e pertinentes sobre a ordem do mundo, a luta de classes, o capitalismo e o comunismo, mas também, de forma mais subtil, sobre a situação política e social argentina.

Era a Mafalda, a contestatária e insatisfeita, «uma heroína zangada que recusa o mundo tal como ele é», descreveu Umberto Eco em 1969, num prefácio a um dos álbuns que Quino dedicou à personagem.

A par da atitude de adulto mas com o desarmante discurso de uma criança, Mafalda tinha essa mesma condição de menina, que detestava sopa, adorava os Beatles, não compreendia a guerra no Vietname e tinha monólogos preocupados em frente a um globo terrestre.

Ao longo dos anos, e em diferentes jornais onde colaborou, Quino foi alargando a família de personagens em torno de Mafalda, apresentando Manelito, filho do merceeiro, Filipe, o vizinho, Susanita, Miguelito, Liberdade e, mais tarde, o irmão Gui.

Como não teve filhos, «a coisa mais semelhante a uma criança que Quino encontrou a seu lado era ele mesmo», escreveu o jornalista e escritor argentino Tomás Eloy Martínez.

Apesar do sucesso de Mafalda, Quino continuou a desenhar e a publicar outros desenhos de humor, que têm sido compilados em diversos álbuns, mas foi a contestatária que mais fez espalhar o seu nome e o seu trabalho pelo mundo.

Em Portugal, o primeiro livro de Mafalda foi publicado em 1970. Toda a sua obra está reunida em O mundo de Mafalda, editado em 2000.

Contra a maré de sucesso, Quino decidiu não mais publicar as tiras semanais de Mafalda a 25 de Junho de 1973, ao fim de quase dez anos dedicados a uma absorvente personagem que, admitiu, o deixava extenuado.

Só em ocasiões especiais e raras é que voltou a desenhá-la, como por exemplo em 1977, para uma campanha da UNICEF para os direitos da criança.

Quino tem hoje 77 anos, reparte o seu tempo entre a Argentina e Itália e vê Mafalda, 45 anos depois, a seguir o seu caminho, com edições renovadas e até com a inauguração de uma pequena estátua em Buenos Aires.

Aos 45 anos, Mafalda talvez fosse «tradutora na ONU», como vaticinou em 1968 o argentino Sergio Morero, secretário de redacção do jornal Siete Días que escreveu em nome dela uma carta endereçada a Quino.

Lusa

BD - 20º Festival Internacional de BD da Amadora

Escreve Carlos Pessoa no Público de hoje:

Os 50 anos de Astérix e da carreira de Maurício de Sousa (turma da Mônica) são as principais atracções do 20º Festival Internacional de BD da Amadora, que se realiza entre 23 de Outubro e 8 de Novembro. A maioria das exposições são apresentadas no Fórum Camões (Brandoa), mas há também núcleos espalhados por outros equipamentos do concelho.

O tema central do festival é “O Grande Vigésimo”, infeliz adaptação de um lema adoptado há anos pelo Festival de Angoulême (França), apostando num trocadilho com o jornal belga Le Petit Vingtième, onde surgiu pela primeira vez Tintin, que se perde por completo na sua transposição para português.

A ideia é equacionar o papel do certame na dinamização da BD em Portugal através de quatro núcleos – Almanaque (os anos editoriais), Contemporaneidade Portuguesa (relação entre a BD e a arte portuguesa contemporânea), Colecção CNBDI (acervo de originais recolhidos) e 20 Anos de Concurso (os autores que iniciaram a sua carreira nos concursos do festival)

A programação internacional não tem grandes motivos de interesse: o argumentista argentino Hector Oesterheld (que já registou presença numa exposição no ano passado), o brasileiro Maurício de Sousa, presença recorrente no festival, e uma mostra de coleccionismo relacionada com o mundo de Astérix. O italiano Giorgio Fratini e o francês Emmanuel Lepage completam a lista de autores estrangeiros com direito a exposição autónoma.

Há ainda a referir duas mostras colectivas com autores polacos e canadianos (destes últimos, têm presença confirmada no festival Cameron Stewart, Karl Kerschl e Ramón Pérez). Os argentinos Óscar Zarate e Carlos Sampayo e o belga Johan De Moor são outros autores confirmados no festival.

Em contrapartida, a participação da banda desenhada portuguesa aparece este ano consideravelmente reforçada. Há exposições dos clássicos José Garcês (História do Jardim Zoológico de Lisboa, no Fórum Camões) e José Ruy (Riscos do Natural, na Escola Superior de Teatro e Cinema). Das gerações mais novas, o festival inclui exposições sobre Rui Lacas e António Jorge Gonçalves (prémios nacionais de BD 2008) na Brandoa. No Centro Comercial Dolce Vita Tejo estará patente a colectiva Em Traços Miúdos, com obras de Ricardo Ferrand, Pedro Leitão e José Abrantes.

Dois nomes de referência da BD portuguesa são homenageados: Vasco Granja, falecido este ano, é evocado na Galeria Municipal Artur Boal. Na Casa Roque Gameiro assinala-se o centenário do nascimento de Adolfo Simões Müller, cujo papel na dinamização de publicações periódicas primeira metade do século XX foi fundamental.

sábado, 26 de setembro de 2009

Teatrando - Calcinhas Amarelas

Escreve Luís Rocha no DN/Madeira de hoje:

A comédia 'As Calcinhas Amarelas', de José Vilhena, com a participação de Tozé Martinho (da TEZEEME Produções), actualmente em exibição na Madeira, está a levantar alguma celeuma entre agentes culturais da Região. Em causa está o valor do contrato estabelecido entre a Câmara Municipal do Funchal e a TEZEEME Produções: 87.500 euros, conforme o DIÁRIO comprovou no 'site' BASE-Contratos Públicos Online, uma base de dados ligada ao Governo (como verificável no link: http://www.base.gov.pt/_layouts/ccp/AjusteDirecto/Detail.aspx?idAjusteDirecto=68586).

Confrontados com esta situação, o presidente da Câmara do Funchal e o vereador Pedro Calado esclareceram que o valor do contrato estabelecido (e que, segundo nos disseram, engloba todas as despesas) é na realidade de 62.500 euros. Pedro Calado explica a diferença dizendo que, nos 87.500 euros referidos, provavelmente já está incluída uma estimativa da receita de bilheteira durante uma quinzena de dias de exibição.

Miguel Albuquerque acrescentou: "Por mim, podem contestar, está tudo bem. Eles contestam porque queriam provavelmente que comprasse uma peça produzida por eles".

Confrontado com o facto de que há pessoas que gostariam de voltar a ver a CMF trazer, como já trouxe, peças do Teatro D. Maria II, ou seja, teatro de outro nível, Albuquerque defendeu: "temos de oferecer diversidade cultural. O Teatro D. Maria II foi transformado numa repartição pública 'nine to five'. Acho que faz boas peças, mas fá-las em Lisboa... Quando o [Carlos] Avilez esteve lá, teve realmente o bom senso de estabelecer uma política de descentralização cultural que agora não se faz".

Pedro Calado disse ainda que "neste caso do Tozé Martinho, quisemos rentabilizar um espectáculo que já estava a ser produzido a nível nacional, que já tinha sido apresentado. Quisemos trazer uma peça mais barata do que a revista que foi apresentada o ano passado '[Já Chegámos à Madeira'] e no contrato, ficou estabelecido que o valor a pagar seria inferior, mas que, por esse facto, nós cederíamos gratuitamente o Teatro Municipal nos dias que eles cá estavam, salvo erro, de 16 a 30 de Setembro (...) Há outros grupos a que não damos isenção total, mas a CMF comparticipa e ajuda de outra forma esses mesmos grupos".

Nuno Morna, da companhia de teatro COM.TEMA, diz que a sua companhia costumava actuar em Maio no 'Baltazar Dias'. Este ano, "fizemos a mesma coisa que muitas companhias, ou seja, pedir a isenção do pagamento do teatro [percentagem sobre a bilheteira, referente á utilização da sala] que nos foi recusada. Pagámos quase 11.500 euros de aluguer do teatro num período de meados a finais do mês de Maio. Folgo muito em saber que, além de as companhias regionais serem umas filhas de um senhor e outras de outro (porque há algumas que ficaram isentas do pagamento do aluguer), agora a Câmara Municipal gasta milhares de euros para trazer uma companhia de fora que, muito provavelmente, também não paga pelo aluguer do teatro" [circunstância que, de facto, nos foi confirmada pelo vereador Pedro Calado]. Insurgindo-se contra este "tratamento diferenciado" e que considera ter pouco critério, Nuno Morna mudou a COM.TEMA para o Centro das Artes Casa das Mudas, onde a companhia ficará em residência durante algum tempo. "Até hoje não tive nem um tostão de subsídio da CMF - nem quero!", assevera, dizendo "não saber as regras do jogo", mas achando que "deveriam ser iguais para toda a gente". E mais: "Se se dão subsídios a companhias de fora, o mínimo que se deveria fazer aos grupos de cá era a cedência gratuita do Teatro Municipal, como se fazia antigamente. Agora, a mim, choca-me, magoa-me e revolta-me que gastem uma 'pipa de massa' a trazer coisas de fora, que depois nem sequer têm de pagar o aluguer do Teatro, principalmente numa conjuntura em que os agentes culturais da Região enfrentam tantas dificuldades".

O Teatro Experimental do Funchal (TEF) foi uma das companhias isentas do aluguer do Teatro. O conhecido actor Élvio Camacho admite-o, como admite que a CMF, "mesmo indirectamente, tem-nos dado muito apoio". Mas compara: o TEF recebeu, em subsídios do Governo Regional para 2009, cerca de 48 mil euros. Para todo o ano. Comparando esta verba com a que a CMF pagou às 'Calcinhas Amarelas', confessa achar um bocado "violenta" a disparidade financeira, mas dá a entender que não acha o que a CMF pagou excessivo, fazendo a leitura por um outro lado: "Isso só prova o valor que é necessário para efectuar uma simples produção, com poucos actores... o que até dá mais razão à causa do TEF".

Sem fazer juízos de valor sobre a qualidade de 'As Calcinhas Amarelas' ("há público para diversas manifestações de teatro"), considera é que, seja o valor cerca de 80 mil ou 60 mil euros, esse mesmo valor confirma quanto custa fazer teatro. Por isso Élvio Camacho não o considera injusto; diz é que revela que "quem faz teatro na Madeira também merece apoios. Só isso". Por seu turno, Maria José Varela, da 'Contigo Teatro', mostrou-se realmente agastada: "Nós estamos a trabalhar bem no duro, não temos nenhum apoio monetário, neste momento, e acho que [essa situação] é quase um atentado àquilo que nós fazemos - apesar de, por princípio, respeitar o público, que é livre de ver aquilo que quiser. Eu não sabia desse valor tão exorbitante, mas, mesmo que fosse metade... Acho que os responsáveis pela Cultura devem ir ver os trabalhos, inclusive dos madeirenses, para terem a mínima noção do que é fazer teatro. E se realmente preferem ir ao Teatro rir com piadas de 'cuequinha amarela'... Vão! Mas efectivamente, eu parto do princípio de que teatro não é isso. E incomoda-me ver para onde vai o dinheiro da Cultura". Na perspectiva desta responsável, seria bem melhor que se trouxessem cá, como já se fez, peças do Teatro Nacional D. Maria II, para "educar as pessoas", ao invés de comédias como 'As Calcinhas Amarelas'. A 'Contigo Teatro' reconhece, todavia, que tem havido abertura da CMF para negociar com a companhia diversas situações, e informa que actualmente, tem de pagar à CMF 10% da bilheteira. "Consideramos que devemos pagar, mas de acordo com as nossas possibilidades", refere.

Finalmente, Roberto Costa, do 'Teatral - Grupo de Teatro de São Gonçalo', acha que "os grupos da Madeira são discriminados na sua utilização do Teatro Municipal".

Considera "altíssimo" o valor pago a "uma companhia que não é da Madeira, e que não tem sequer um actor madeirense. Sempre pensei que eles cá vinham por sua conta e risco". E desafia a CMF: "Porque não fazem o mesmo com os grupos da Madeira que já têm trabalho feito? É uma surpresa para mim saber que a CMF está a pagar a um grupo do continente para estar aqui na Madeira a apresentar peças de teatro, comédias 'forçadas' que vêm na sequência de outras peças que o Tozé Martinho já apresentou na Madeira. Há no continente muitas outras boas companhias. Com esse valor, podiam-se trazer coisas muito melhores do que aquelas que se estão a trazer neste momento".

Tozé Martinho desinteressado em polémicas

Contactado pelo DIÁRIO, Tozé Martinho recusou-se a mencionar o valor do contrato estabelecido com a CMF, alegando ter todo o direito de abster-se de comentar. "Não me interessa nada entrar em polémicas nem em questões desta natureza". Afirma que este contrato "já foi firmado há muitos meses", e que engloba todas as despesas. Acha mal que seja criticada desta maneira "uma peça que tem, quase todas as noites, esgotado o Teatro". Deseja ao TEF "que se safe muito bem e consiga arranjar bons contratos", tal como aos outros. "Estamos todos no mesmo barco. A mim entristece-me profundamente que esta questão se levante justamente na Madeira, que é uma zona do país que eu adoro", declarou.

Luís Rocha

Expondo - Light Catchers

Musicando - Jazz

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Nomeando - UNESCO

O "nosso" Luís Amado indicou a Manuel Maria Carrilho que o voto português para o novo secretário-geral da UNESCO deveria ser no egípcio Farouk Hosny, um defensor da censura e ministro de um regime ditatorial, conhecido também pelas suas posições racistas anti-judaicas. É a realpolitik e é a minha repulsa e nojo por esta tomada de posição do governo português.
Dignidade senhores, exige-se dignidade...


Transcrevo abaixo mais informação sobre este assunto que a todos nós deve preocupar!

O ex-candidato presidencial Manuel Alegre apelou hoje ao primeiro-ministro, José Sócrates, para que Portugal altere o seu voto na eleição do secretário-geral da UNESCO, abdicando do apoio ao candidato egípcio Farouk Hosny, considerado um radical anti-judeu.

Em declarações à agência Lusa, Manuel Alegre manifestou a sua solidariedade com o embaixador português na UNESCO, Manuel Maria Carrilho, que recusou as instruções do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, no sentido de votar no egípcio.
A decisão de Manuel Maria Carrilho de não participar pessoalmente na votação, segundo o jornal Público, terá obrigado o Governo português a fazer-se representar por um diplomata do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
«Considero que Portugal não pode votar num ministro da cultura egípcio que ameaçou queimar todos os livros de Israel [que encontrasse na biblioteca de Alexandria]. Manuel Maria Carrilho tem razão e peço ao primeiro-ministro, José Sócrates, que faça aos possíveis para que o ministro dos Negócios Estrangeiros altere a sua posição», afirmou Manuel Alegre.
Para o dirigente histórico socialista, Portugal, na votação de hoje à tarde, deverá em contrapartida apoiar a búlgara Irina Bokova, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros e embaixadora no seu país em França e na UNESCO, que é apoiada pela maioria dos países da União Europeia.
«Na eleição de hoje à tarde, Portugal deverá votar ao lado dos outros países europeus, de acordo com os seus valores e princípios», defendeu ainda o ex-candidato presidencial.


in Sol



O embaixador português na UNESCO, Manuel Maria Carrilho, não aceitou as instruções do ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), Luís Amado, para votar no candidato egípcio a secretário-geral da UNESCO, o que obrigou o Governo de José Sócrates a fazer-se representar por um diplomata do MNE naquela que foi, ontem, a quarta ronda para a eleição do sucessor do japonês Koichiro Matsuura.O polémico candidato egípcio, Farouk Hosny, ministro da Cultura do seu país há 22 anos, acabou por empatar com a única outra candidata que ainda se mantém na corrida, a búlgara Irina Bokova, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros e actual embaixadora da Bulgária em França, no Mónaco e na própria UNESCO. Portugal decidiu apoiar a candidatura egípcia, uma decisão que Carrilho procurou contrariar, tendo acabado por se recusar a comparecer na eleição. O ex-ministro da Cultura, que fez parte de um grupo de embaixadores que tentou, sem sucesso, patrocinar a candidatura de Al Gore, não quis ontem a comentar a sua posição, mas é de crer que tenha alegado razões de consciência para não votar em Hosny, um político acusado de praticar abertamente a censura no seu país, e que ainda recentemente afirmou que queimaria pessoalmente todos os livros israelitas que encontrasse na Biblioteca de Alexandria. O PÚBLICO contactou o MNE, que, até à hora de fecho do jornal, não esclareceu, ou sequer confirmou, o apoio a Hosny, que poderá ter ficado a dever-se à expectativa de que Portugal possa vir a contar com o apoio do Egipto na sua candidatura a membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU para o biénio 2011-2012. Curiosamente, um dos países que já asseguraram que sustentará esta ambição portuguesa foi a Bulgária, cuja candidata à liderança da UNESCO teria sido eleita já ontem, caso Portugal não a tivesse preterido em favor de Farouk Hosny. A eleição começou com nove candidatos e, ao longo das quatro primeiras rondas, Hosny foi sempre aumentando a sua votação. Na terceira ronda tinha tido 25 votos, contra 13 de Bukova, 11 da austríaca Benita Ferrero-Waldner, cuja candidatura era prejudicada por ter sido ministra dos Estrangeiros do governo de extrema-direita de Jörg Haider, e nove da equatoriana Ivonne Baki. Ferrero-Waldner e Baki retiraram as suas candidaturas - a última desistiu ontem em cima da hora -, de modo que se esperava que a eleição ficasse resolvida já nesta quarta ronda. Mas os 58 membros do Conselho Executivo da UNESCO acabaram por dar exactamente os mesmos votos (29) a cada um dos candidatos, o que obrigou a uma nova ronda, que terá lugar hoje. Se o empate se mantiver, será um sorteio a ditar o nome do próximo secretário-geral da organização. Se Bokova ganhar, será a primeira vez que um político oriundo do Leste europeu - divisão que ainda se mantém na organização administrativa da UNESCO - irá dirigir a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Apoiado pela Liga Árabe, pela Organização da Conferência Islâmica e pela Organização da Unidade Africana - ainda que esse apoio não implique necessariamente o voto dos países que integram estas instituições -, Hosny conseguiu ainda seduzir o Brasil, cujo Presidente, Lula da Silva, se recusou a patrocinar a candidatura do seu compatriota Márcio Brabosa, actual director adjunto da UNESCO. Conhecido por recorrentes declarações anti-semitas, das quais se tem procurado desculpar nos últimos meses, e por censurar livros, filmes e órgãos de comunicação social, Hosny tem sido atacado por grupos de activistas judeus, mas também por muitos intelectuais europeus. Na União Europeia, tanto quanto o PÚBLICO conseguiu apurar, só o Governo italiano de Berlusconi, além do português, votou ontem no candidato egípcio.


in Público

Lendo - Nobel

Philip Roth, Claudio Magris, Carlos Fuentes, Mario Vargas Llosa, Cees Notebooom, Joyce Carol Oates são alguns dos nomes mais sonantes no 'baralho das apostas' para o Nobel da Literatura 2009 que já dentro de dias, em Outubro, a Academia Sueca anunciará.
A Academia promete: o dia exacto do anúncio em tempo oportuno será dado a conhecer. Mas já se sabe quando serão anunciados os restantes: dia 5 o da Fisiologia ou Medicina, dia 6 o de Física, dia 7 o de Química, dia 9 o da Paz, dia 12 o da Economia.
A cumprir-se a tradição, o mais provável é que o da Literatura caia a uma quinta-feira. No dia 8 de Outubro, portanto.

Lusa

Musicando - Beatles

Mais de 40 anos depois de John Lennon ter suscitado a revolta dos cristãos por reivindicar que a sua banda era maior que Jesus Cristo, o músico conseguiu isso, de facto. pelo menos sob a perspectiva das buscas no Google, segundo observou o jornal britânico The Daily Telegraph.
Nas quatro últimas semanas, mais utilizadores digitaram a palavra «Beatles» do que «Jesus» no motor de busca.
A popularidade da banda aumentou substancialmente durante Setembro, graças ao relançamento de todos os seus álbuns misturados digitalmente.
Também no último mês, também foi lançado o videojogo «The Beatles: Rock Band», que permite aos jogadores interpretarem Paul, John, George ou Ringo, tocando as suas canções.
Em Março de 1966, Lennon disse ao jornal britânico Evening Standard que o cristianismo iria um dia «desaparecer». Completou que «nós somos mais populares que Jesus agora».
Em Agosto do mesmo ano, numa conferência de imprensa em Chicago, EUA, acabou por pedir desculpas pela comparação. Mas o Vaticano só o perdoou oficialmente em Novembro de 2008.

As palavras-chave mais procuradas no Google podem ser verificadas no Google Trends, que permite filtrar as buscas por países e períodos de tempo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Musicando - Smashing Pumpkins

Vamos lá a estar com atenção. "Teargarden by Kaleidyscope" é o nome do novo registo da banda de Billie Corgan - deveríamos até dizer que se trata do novo álbum do músico norte-americano, o único membro da banda original. Tem ao todo 44 músicas, será editado gratuitamente e, à semelhança de "In Rainbows" dos Radiohead e "The Slip" dos Nine Inch Nails, gratuito.

Segundo a revista de música "Pitchfork", Corgan tem sido inovador no que diz respeito ao mercado na Internet. O álbum começou a ser gravado no Domingo e o músico afirmou no seu blogue que "grátis significará grátis. Não terão que subscrever nada, dar um endereço de e-mail ou saltar por um arco. Vão ter a possibilidade de tirar a canção ou canções, como quiserem, as vezes que quiserem".

As músicas vão começar a ser disponibilizadas no final de Outubro. Depois, as canções vão ser compiladas em EP de quatro faixas cada um (edições limitadas), estando previsto, para quando o álbum estiver completo, uma caixa de luxo, incluindo todas as músicas.

Corgan garantiu que a sonoridade do novo álbum vai marcar um regresso ao início dos Smashing Pumpkins. Vão ser reutilizadas as "raízes psicadélicas" da banda, resultando num ambiente "atmosférico, melódico, pesado e bonito".

Lendo - João Aguiar

A Bertrand lançou no dia 18 de Setembro «Super Portugueses», de João Aguiar, obra que reúne textos publicados na secção «Super Portugueses» da revista Super Interessante. Uma excelente oportunidade para conhecer a história de quem fez parte da nossa História. "Super Portugueses" não é um ensaio histórico erudito.
Não é, também, uma colecção de biografias extensas e pormenorizadas de figuras históricas. Não é uma lista completa dos homens e mulheres que se notabilizaram na História de Portugal. Essa lista completa, felizmente, seria bem mais longa.
Este livro reúne os textos publicados na secção «Super Portugueses» da revista Super Interessante, sobre algumas das personagens que ajudaram a definir o nosso país ou que o serviram com particular brilho. D. Afonso Henriques, Gualdim Pais, D. Dinis I, Rainha Santa Isabel, D. Nuno Álvares Pereira, Damião de Góis, Luís Vaz de Camões, Padre António Vieira, 1.º Marquês de Pombal, Fontes Pereira de Melo e Eça de Queirós são apenas alguns dos compatriotas referidos»

Musicando - Zeca Afonso

A Associação José Afonso (AJA) lança terça-feira na Casa da Imprensa o primeiro volume de uma colecção de partituras de música portuguesa, inteiramente dedicado a José Afonso, informou a AJA.

A apresentação da obra - que tem chancela da Metriround - está a cargo de Adelino Gomes, presidente da Mesa da Assembleia Geral da AJA.

Trata-se de uma obra composta por partituras e tablaturas para guitarra acústica, com arranjos da autoria de Fernando Couceiro, e que é acompanhada por um CD didáctico no qual o autor interpreta as 10 obras.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Dançando - Madeira Ballet Theatre

Escreve Paula Henriques no DN/Madeira de hoje:

Um novo convite para uma digressão a São Petersburgo, na Rússia, foi um dos bons resultados da passagem do Madeira Ballet Theatre - o grupo de bailado integrado na Associação de Dança e Artes da Madeira - pela cidade russa de Iekaterinburgo, entre os passados dias 4 e 11 de Setembro, revelou o professor Serguey Abakumov. Outro foi a recepção calorosa ao espectáculo dos madeirenses, que muito entusiasmou os artistas.

Gonçalo Sousa, Leandro Rodrigues, Carla Fernandes e Casey-Lee Binns, sob a direcção do docente e coreógrafo, estiveram, através de um convite da Fundação 'O Mundo na Palma da Mão', a apresentar o espectáculo 'August Rodin', inicialmente chamado de 'August - Quatro Estações', em salas de espectáculo nos arredores desta cidade. Deste contacto com o público russo saiu a proposta para o regresso, cujas datas estão em fase de ajustamento, contou o responsável.

Regressados da viagem que incluiu ainda a realização de espectáculos e a componente de formação, os bailarinos preparam-se agora para apresentar aos madeirenses este mesmo espectáculo, agora no Teatro Baltazar Dias, entre os dias 21,22 e 23 de Novembro.

O espectáculo de dança conta ainda com um trabalho artístico da DDiarte. A dupla de fotógrafos trabalhou uma série de imagens que são projectadas no decorrer de 'August Rodin'. A par das fotografias, os quatro bailarinos abordam através da dança a vida do escultor francês.

August Rodin é interpretado em palco por Gonçalo Sousa, enquanto Leandro Rodrigues dará vida à alma atormentada do escultor, no seu lado mais obscuro. Carla Fernandes será a companheira de Rodin, Rose Beirut , a sua musa inspiradora, enquanto Casey-Lee Binns dançará em palco Camille Claudel, a outra paixão da vida do artista.

Viagem preenchida

O Madeira Ballet Theatre - que tinha estado em Iekaterinburgo em Abril passado não teve muito tempo livre nesta deslocação. Numa colaboração estreita com o Teatro Estatal de Variedades, um grupo profissional, partilharam aulas de ballet clássico, ao mesmo tempo que deram workshops de formação em dança contemporânea e afro-jazz. Nesta mesma deslocação, contaram, Gonçalo Sousa, Leandro Rodrigues e Sergey Abakumov foram convidados a integrar o júri no II Festival Internacional de Dança e Artes 'Petrovsky Paradise', em São Petersburgo.

sábado, 12 de setembro de 2009

9:13



É HOJE!!!!!!!!!!!


9:13

Saí de Baixo – Porto Novo

12 de Setembro de 2009

Participantes:

Bad Sign Blues Band.

Black Dog Blues Band.

Carlos Sá.

Dark New Light.

DD Peartree.

Devil Got My Woman.

Dogma 4.1.

FM.

Lino P.

Negative Rule.

NNY.

Noise Riders.

O Gordo e os Pimba.

On Mute.

Opium.

Outer Skin.

Pilares de Banger.

Pin Pointing Madness.

Sandra Branco.

Silicone Cabaret.

Undercover.

Wave Boys.



quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Culturando - Novo Portal de Cultura

O www.culturaonline.pt é um novo portal, impulsionado pelo Ministério da Cultura, que ambiciona afirmar-se como o sítio de referência na divulgação da Cultura Portuguesa, em Portugal e no Mundo. Esta plataforma inovadora recorre à colaboração de autarquias, fundações e outros agentes, para a criação e consolidação de uma efectiva comunidade virtual.

Este paradigma comunicacional, inédito no panorama cultural português, assenta na partilha de recursos e experiências entre utilizadores do portal, os quais para além de beneficiarem de uma aplicação que se adapta especificamente ao seu perfil, podem contribuir para a disponibilização de rotas e roteiros culturais, sugestões de visitas e comentários a actividades.

As ferramentas de nova geração que o www.culturaonline.pt disponibiliza permitem ao cidadão planear a sua visita, por exemplo, através da selecção do equipamento cultural que pretende visitar, das salas ou espaços que mais lhe interessam e das peças ou pormenores sobre os quais tem maior curiosidade. O melhor exemplo do potencial desta funcionalidade interactiva reside em inéditas visitas virtuais, a três dimensões, a museus, palácios e monumentos que contribuem para a redescoberta destes equipamentos históricos valiosíssimos.

Uma agenda cultural dinâmica e actualizada, também acessível em dispositivos digitais móveis, constitui outra das principais mais valias do portal.

Esta nova plataforma é ainda idealizada para responder aos interesses e preocupações de diversos destinatários, através da organização de conteúdos no Espaço Cidadão, Espaço Empresas, Espaço Agentes Culturais, Espaço Crianças e Espaço Educativo, que beneficiarão igualmente do contributo dos seus utilizadores.

O portal www.culturaonline.pt é, assim, um espaço interactivo, dinâmico, aberto à comunidade, um ponto de encontro entre a criação e o público, que vive da participação de todos.

Cinema - The Men Who Stare at Goats

Lê-se no Correio da Manhã:

A presença em Veneza de George Clooney e de Ewan McGregor, a acompanhar a apresentação, fora de competição, da louca comédia negra ‘The Men Who Stare at Goats’, de Grant Heslov, confirma a recuperação do prestígio do festival.
Numa história extraordinária, mas baseada em factos reais, Ewan McGregor é um repórter no Kuwait à procura de um furo jornalístico. Clooney entra em cena como elemento de uma força militar que usa o poder da mente para atravessar paredes, ler pensamentos e... matar cabras com o olhar. É na busca de Bill Django (Jeff Bridges), fundador deste exército de inspiração hippie, que irá dar-se o confronto com o renegado Hooper (Kevin Spacey), criador de uma milícia de super-soldados.
Mais interessados numa foto ou num autógrafo de Clooney, inúmeros curiosos montaram desde cedo barricadas junto à passadeira vermelha. E terá sido nesse espírito que ocorreu um episódio mediático: um homem gay à procura de protagonismo despiu-se em plena conferência de imprensa e gritou ao atónito actor: "Quero-te, George!" O gesto poderia ser uma referência à pretensa homossexualidade do actor, mas este, ainda com a mão ligada após um acidente de motocicleta, fez-se acompanhar ao Lido com a nova namorada, a bela apresentadora de televisão italiana Elisabetta Canalis.
Num tom mais sério, vive-se uma experiência intensa de guerra, com soldados no interior de um tanque durante a primeira invasão do Líbano, no espantoso e claustrofóbico ‘Lebanon’, do ex-militar israelita Samuel Maoz. O realizador confessou interessar-lhe mostrar "o ponto de vista subjectivo dos soldados, para que o espectador sentisse o filme e que não apenas o observasse".

terça-feira, 8 de setembro de 2009

9:13

(clicar sobre a imagem para ver maior)

Lendo - Man Booker Prize 2009

A. S. Byatt, J. M. Coetzee, Adam Foulds, Hilary Mantel, Simon Mawer e Sarah Waters são os finalistas do prémio Man Booker para ficção.

A lista que acaba de ser anunciada numa conferência de imprensa em Londres integra as obras: “The Children's Book”, de A. S. Byatt (Random House, Chatto and Windus), “Summertime” de J. M. Coetzee (Random House, Harvill Secker), “The Quickening Maze”, de Adam Foulds (Random House, Jonathan Cape), “Wolf Hall”, de Hilary Mantel (HarperCollins, Fourth Estate), “The Glass Room”, de Simon Mawer (Little, Brown) e “The Little Stranger”, de Sarah Waters (Little, Brown, Virago).

J.M. Coetzee é o favorito e se lhe for atribuído o prémio no próximo dia 6 de Outubro em Londres será o primeiro escritor a receber este prémio três vezes.

Lendo - Google Books

O motor de busca Google fez ontem as primeiras concessões a autores e editores europeus para vencer a oposição destes ao seu projecto de disponibilizar na internet milhões de livros que já não se encontram nas livrarias.
Livros ainda comercializados na Europa só podem ser vendidos nos EUA no formato electrónico com autorização expressa dos detentores dos direitos, lê-se numa carta enviada pelo Google a associações nacionais de editores na Europa.
O compromisso, que surge após dois anos de batalhas judiciais, prevê que o Google receberá 37 por cento dos lucros criados por este negócio, cabendo aos autores e aos editores 63 por cento.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Publicitando - Anúncio SIDA

Uma campanha de prevenção da SIDA que inclui um anúncio usando a imagem do antigo ditador nazi Adolfo Hitler a ter sexo sem protecção, além de imagens dos antigos ditadores iraquiano, Saddam Hussein, e soviético, Joseph Estaline, foi hoje condenada pelas autoridades de saúdes alemãs.
O provocador anúncio, que termina com a frase «Sida é assassínio em massa», destina-se a assustar os jovens, de forma a fazê-los usar preservativos.
No altamente sexualizado clip, um casal despe-se e começa a ter relações sexuais num quarto mal iluminado. De repente, a cena tem uma reviravolta macabra, quando a câmara mostra a cara do homem, que se revela como Adolfo Hitler..
O anúncio vai ser lançado para coincidir com o Dia Mundial da SIDA 2009, mas as autoridades oficiais ligadas à SIDA/HIV distanciaram-se da mensagem da campanha, afirmando que esta poderá tornar a vida ainda mais difícil para as vítimas da doença.
O anúncio foi produzido por uma nova agência de publicidade sediada em Hamburgo, chamada «Das Comitee», tendo sido enconmendado por um grupo de prevenção da SIDA alemão denominado «Regenbogen e.V».
Hans Weishäupl, director criativo da agência, disse que propôs o filme com Hitler depois de o «Regenbogen e.V» ter pedido uma proposta muito forte e perturbadora.
«Muita gente não está consciente de que a SIDA mata todos os dias muitas pessoas. Eles queriam uma campanha que dissesse aos jovens que (a SIDA) continua a ser uma ameaça», acrescentou.
Os videos vão ser transmitidos em estações de televisão alemãs depois das 21:00, devido ao seu conteúdo sexual.





Musicando - 9:13

Escreve João Filipe Pestana no DN/Madeira de hoje:

O projecto é ambicioso e continua a surpreender pelo cada vez maior número de participantes. Designa-se simplesmente '9:13' e pretende ser um grito de liberdade musical criativa em torno da qual se irão reunir em concerto, no próximo dia 12, no Porto Novo, mais de duas dezenas de bandas e artistas regionais tais como On Mute, Outer Skin, Pilares de Banger, PinPointing Madness, O Gordo e os Pimba, Noise Riders, entre muitas outras (veja a lista de participantes confirmados até agora no destaque à direita).

"O '9:13' vai em Setembro até ao Porto Novo. E o nome não podia ser mais apropriado. É que depois deste encontro nada ficará igual. A prova da nossa força crescente é o número de bandas e projectos culturais regionais que já aderiram a este evento da CRAP que vai para a sua quinta edição. Isto é a prova de que crescemos a olhos vistos e que a união é possível pois só assim seremos, de certeza, mais fortes", explica Nuno Morna, um dos elementos da organização CRAP.

O espectáculo, que decorrerá no novo Sai de Baixo no Porto Novo, terá entrada livre ao público, destaca o responsável.

"Nestes encontros com chancela da CRAP procuramos trocar experiências e ideias. Mas, acima de tudo, queremos criar um espaço onde nos possamos admirar uns aos outros. Queremos acabar com essa ideia sem sentido de que a capacidade de admiração não passa do próprio umbigo", acrescenta.

Homenagear Diogo Camacho

"Um dos momentos altos do evento será a homenagem que queremos prestar a um dos fundadores da CRAP: Diogo Camacho [jovem músico madeirense dos On Mute recentemente falecido]. Era impossível reunir tantos amigos e deixar passar o momento sem recordar a força, a dinâmica e a amizade do Diogo", adianta.

"Às 21h13 do dia 12 de Setembro, no Sai de Baixo, no Porto Novo, o encontro de artífices apaixonados pela canção - que têm como musa castrante a nossa ilha - acontecerá com uma pontualidade brito-madeirense. Com os nossos tradicionais poucos recursos iremos fazer muito. Esta vai ser, provavelmente, a melhor 'jam party' até agora feita na Madeira", conclui.

domingo, 6 de setembro de 2009

Musicando - 9:13



CRAP e ART OF SOUND
apresentam
12 de Setembro
Porto Novo
Sai de Baixo
9:13 pm

9:13
Encontro de Bandas Madeirenses

Participantes:

Bad Sign Blues Band.
Black Dog Blues Band.
Carlos Sá.
Dark New Light.
DD Peartree.
Devil Got My Woman.
Dogma 4.1.
FM.
Lino P.
Negative Rule.
NNY.
Noise Riders.
O Gordo e os Pimba.
On Mute.
Opium.
Outer Skin.
Pilares de Banger.
Pin Pointing Madness.
Sandra Branco.
Silicone Cabaret.
Undercover.
Wave Boys.



9:13 é um encontro de bandas que é já quase um congresso...
Estamos a tratar da refundação da música moderna regional.
Queremos transformar a ilha de musa castrante em musa inspiradora.
Pretendemos ser um sentido e muitas direcções que não levem a lado nenhum porque se completam a si próprias! Procuramos ser o resultado da fusão de todas as culturas, contra-culturas, sub-culturas, de todos os movimentos e sentires!
Somos aquilo que somos: seres individuais portadores de cultura própria e irrepetível!
Estamos contra tudo e contra todos! Somos pró tudo e pró todos!
Procuramos uma cultura activa, revolucionária, interveniente, reaccionária, proletária e elitista, de todos e para o mundo!
Temos todas as cores mas todas elas muito bem individualizadas!
Queremos o futuro, o presente e o passado num só!
9:13 é um périplo. É o périplo apetecido da música contemporânea madeirense.
O 9:13 vai em Setembro até ao Porto Novo. Acolhe-nos o "Sai de Baixo". E estes nomes não podiam ser mais apropriados. É que depois deste encontro nada ficará igual.
A prova da nossa força crescente é o número de bandas e projectos culturais regionais que já aderiram a este evento da CRAP que vai para a sua quinta edição.
Isto é a prova de que crescemos a olhos vistos e que a união é possível pois só assim seremos, de certeza, mais fortes!
9:13 procura ser um conceito. Um conceito de mudança de quem se quer afirmar artisticamente seja lá em que campo seja.
9:13 é um conceito de liberdade. De liberdade criativa que procura a afirmação do individual como irrepetível e único.
Nestes encontros com chancela da CRAP procuramos trocar experiências e ideias. Mas acima de tudo queremos criar um espaço onde nos possamos admirar uns aos outros. Queremos acabar com essa ideia sem sentido de que a capacidade de admiração não passa do próprio umbigo.
Um dos momentos altos do evento será a homenagem que queremos prestar a um dos fundadores da CRAP: Diogo Camacho. Era impossível reunir tantos amigos e deixar passar o momento sem recordar a força, a dinâmica e a amizade do Diogo.
Às 9:13 PM no do dia 12 de Setembro, no Saí de Baixo, no Porto Novo, o encontro de artífices apaixonados pela canção – que têm como musa castrante a nossa ilha – acontecerá com uma pontualidade brito-madeirense. Com os nossos tradicionais poucos recursos iremos fazer muito.
Esta vai ser, provavelmente, a melhor jam party até agora feita na Madeira!
Não faltem!
Às 9:13 começamos e só vamos terminar mesmo, mesmo, mesmo... no fim!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Cinema - Estreias Entre Nós

Escreve a minha boa amiga Teresa Mizon no DN/Madeira de hoje:

O realizador Tony Scott e o actor Denzel Washington voltaram a trabalhar juntos depois de 'Dejá Vu' para mais um 'hit' de acção no cinema. Desta vez, o cineasta recorreu a um thriller de suspense escrito por John Godey nos anos 70 e levado ao cinema pela primeira vez na mesma altura. O cabeça-de-cartaz então era Walter Matthau. Mudam os protagonistas e os tempos mas a história mantém-se. Dividida entre dois mundos: o do silêncio e sofisticação técnica do metro nova-iorquino e a escuridão e realismo dos túneis sob a cidade. 'The Taking of Pelham 123' - o título da obra original - refere-se ao metro que partia da estação Pelham Bay Park, à 1h23.

Em português, e em estreia nas salas da Madeira, temos 'O Assalto ao Metro 123'. Walter Garber (Denzel Washington) é o controlador de tráfego da linha do metro da cidade que atende o telefone na hora errada! O seu dia transforma-se num caos. E não é para menos: do outro lado da linha está Ryder (John Travolta), uma mente criminosa, líder de um lote de bandidos fortemente armados. Brilhante e implacável, ameaça executar os passageiros da carruagem, a menos que um milhão de dólares seja pago no prazo de uma hora. Desde cedo, a tensão é sempre em crescendo. Garber aplica seu amplo conhecimento do sistema do metro numa batalha para enganar Ryder e salvar os reféns. Garber e Camonetti (John Turturro), negociador da polícia de Nova Iorque, vão usar todos os meios para vencer os criminosos e salvar os passageiros, mas entretanto, existe um enigma que Garber não pode resolver: mesmo que os ladrões consigam o dinheiro, como podem eles fugir? Para os fãs de comédias românticas, temos hoje em estreia mais uma com Matthew McConaughey na pele de Connor, um fotógrafo de celebridades que adora liberdade, diversão e mulheres. Para ele, e em 'As Minhas Adoráveis Ex-Namoradas', a vida resume-se a festas e conquistas. Mas, na essência, o filme cose-se com linhas clássicas: o homem que abandonou o grande amor da vida, virou 'Don Juan' e, mais tarde, tenta recuperar o tempo perdido! Sob a realização de Mark Water ('As Crónicas de Spiderwick') este solteirão vai aprender uma 'lição' em vésperas do casamento do irmão mais novo, prestes a unir-se para a vida com a única mulher (Jennifer Garner) com quem ele se envolveu seriamente...




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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Cinema - Oscares

Escreve hoje Simão Martins no Público OnLine:

A partir de agora, os 5800 membros da Academy of Motion Picture Arts & Science (que escolhe os nomeados para os Óscares) vão eleger o vencedor da categoria de “Melhor Filme” em função de uma lista de preferências de cada votante. Os filmes serão ordenados de 1 a 10, sendo 1 a melhor classificação possível.

O método utilizado até agora baseava-se apenas na escolha de um único filme, marcado com um “X”, prática que já fazia escola. O presidente da Academia, Tom Sherak, explicou, em comunicado, que, “em vez de marcarem simplesmente com um “X” para indicar qual é o filme que crêem ser o melhor, os membros vão indicar o segundo, o terceiro e as restantes preferências”, permitindo distinguir o filme "com um apoio mais forte da maioria" dos membros.

O que sobressai desta mudança é o facto de os filmes considerados preferências secundárias (em segundo ou em terceiro) ganharem mais peso. Neste novo sistema, é possível que um filme que não tenha uma maioria de votos de primeiro lugar ganhe o Óscar, sobretudo se receber um apoio superior na segunda e terceira posições. No entanto, todas as restantes categorias vão manter os seus métodos de voto intactos.

Esta alteração no sistema de votação acompanha uma tendência de mudança no que respeita ao galardão da categoria de “Melhor Filme”. Há dois meses, a Academia anunciou que passariam a ser dez os nomeados para a categoria, alargando para o dobro a lista das nomeações, que desde 1945 só permitia cinco filmes. Quando essa alteração foi anunciada, em 24 de Junho, o então presidente da Academia, Sid Ganis, avisou que a mudança poderia "tornar as votações mais interessantes e menos restritas".

A Academia lembra que não é a primeira vez, nem em relação ao método de voto nem ao número de nomeados, que estamos perante este cenário. Em 1934 e 35, houve 12 nomeados para “Melhor Filme” e aplicou-se o sistema de votação preferencial. Desde então e até 1944, apenas se registou uma mudança: a redução para dez nomeações. Depois de 1945, passariam a ser apenas cinco os nomeados para Melhor Filme e votava-se simplesmente numa única película.

Os nomeados desta categoria para a 82ª edição dos Óscares (a 7 de Março) serão anunciados no dia 3 de Fevereiro do próximo ano.

Cinema - E se "Pulp Fiction" fosse um Épico Bíblico?

O jornal i pediu a vários guionistas portugueses que reescrevessem cenas de Tarantino. Este é o resultado.

Quentin Tarantino diz que, apesar de se passar na Segunda Guerra Mundial, "Sacanas Sem Lei", que estreia hoje, é um western-spaghetti. Saiba o que aconteceria se os outros filmes do realizador também mudassem de género. Nuno Markl, Luís Filipe Borges, João Tordo e Filipe Homem Fonseca reescrevem Tarantino à portuguesa.

Kill Bill (1994)
Cena: Combate entre a Noiva e Elle Driver
Versão: Musical
Por Nuno Markl, humorista, argumentista e locutor. Autor da série ?Os Contemporâneos?

Entrada orquestral, tipo Música no Coração. ELLE abre a porta da roulotte a pontapé. E canta.

ELLE: Mundo, aqui vou eu
Meu mal vai de lés-a-lés
Mas, alto - o que vejo?
Direito a mim, um par de pés!

Os pés são da NOIVA, que entra de rompante e derruba ELLE.
NOIVA: Vais levar tantas
Estás na minha lista
Vou desfazer-te tanto
Vais ficar que nem alpista

ELLE: Isso é que era bom!
Saco da espada e faço-te a folha
Não te deixes enganar
Pelo facto de eu ser zarolha

Segue-se luta coreografada. ELLE usa a espada, a NOIVA o que tem à mão. Há sapateado - em cima uma da outra, alternadamente, sem perder o ritmo. A NOIVA encontra a espada Hanzo de Budd.
NOIVA: Ó filha, diz-me uma coisa
Se não for indiscrição
Que disseste tu ao Pai Mei
P'ra ele t'arrancar esse olhão?

ELLE: Que ele era um velho xexé
A verdade escarrapachada
Depois vinguei-me do gajo
Pus veneno na pescada

Agora vou-te matar
Com a tua espada - é duro!
Esta lâmina do Hanzo
Será minha de futuro

NOIVA: Pois bem, minha grande porca
Senhora de um mal tão obscuro
Lamento dar-te a notícia
Mas, filha, tu não tens futuro!

Lutam. Coreografia reminiscente dos Pauliteiros de Miranda. A NOIVA arranca o olho que resta a ELLE e faz malabarismo com ele. Usa os pés, as mãos e a espada. Ouve-se música de circo. Por fim, salta sobre o olho, esmagando-o, e sai. ELLE, cega, canta.
ELLE: Vaca, minha grande vaca
Deixaste-me cega, ó Mamba
Mas mesmo cego há quem triunfe
Olha para o caso do Stevie Wonder


Cães Danados (1992)
Cena: Gangsters descodificam ?Like a Virgin?
Versão: Cinema português old school
Por Filipe Homem Fonseca, co-autor de ?Contra Informação?, ?Bocage? e ?Conversa da Treta?

Tasca. Seis indivíduos reunidos à volta da mesa. Palitam os dentes enquanto falam.
SR. SARDINHA NO PÃO (SnP): O ?Estranha Forma de Vida? da Amália Rodrigues. É sobre uma moça que está de esperanças.
SR. PIRES DE CARACÓIS (PdC): Não é nada. É sobre uma moça que quer casar mas os pais não deixam.
SnP: Palerma, chapéus há muitos! O fado em que ela quer casar é o ?Lágrima?.
SR. TRAVESSA DE MOELAS (TdM): Qual é o ?Lágrima??
SR. PRATO DE TORRESMOS (PdT): Catano, até eu que só gosto de fado de Coimbra já ouvi o ?Lágrima?!
TdM: Eu não disse que nunca tinha ouvido, disse que não estou a ver qual é. Vejam lá ?vosselências? se agora tenho de pedir desculpas por não ser doutorado em Amália-Rodriguismo!
SnP: Já me perdi. Estava a falar do quê?
SR. ISCAS COM ELAS (IcE): Estava o amigo a dizer que o ?Lágrima? é sobre uma moça que deseja casar?
PdT: ?mas que o ?Estranha Forma de Vida? é sobre uma moça que está de esperanças.
SnP: Eu explico. No ?Estranha Forma de Vida?, a moçoila é assim ? como dizê-lo? ? uma doidivanas. Na Graça, em Alfama, Madragoa, Mouraria, Bairro Alto, todos lhe conhecem a fama. E mais que a fama.
IcE: Bolas, isso é muito bairro!
SnP: Ui! E um dia, a moça descobre que está grávida. É uma bronca das antigas. Os pais não sabem. E ela também não sabe.
PdC: Ela não sabe que está grávida?
SnP: Ela não sabe quem é o pai.
IcE: Diacho, isso é uma bronca das antigas!
SnP: Foi o que eu disse. Vai daí, a barriga começa a crescer-lhe e os pais descobrem e obrigam-na a casar.
PdC: Ah! Então também mete casamento! Eu tinha razão!
SnP: Mas é diferente. O rapaz com que ela vai casar não é o pai do filho. Ou então pode ser, ela não sabe. Ninguém sabe. O filho dela, no fundo, vai ter muitos pais. É a chamada ?Estranha Forma de Vida?.
SR. CARAPAUS DE ESCABECHE: Bom, a conversa está muito boa, mas afinal quem é que paga aqui a despesa?


Jackie Brown (1997)
Cena: Traficantes discutem armas à venda na TV
Versão: Telenovela das 9
Por João Tordo, guionista de ?Liberdade 21? e ?Pai à Força?. Escreveu três livros, incluindo ?As 3 Vidas?

INTERIOR ? APARTAMENTO DE PIPINHA ? DIA
O apartamento de Pipinha (Bridget Fonda) é um espaço aberto com dois sofás ? um amarelo, o outro cor-de--rosa ? e um plasma à frente destes. Sobre uma mesa rasa de vidro há uma enorme bandeja com dez tipos de fruta (manga, papaia, abacate, etc.), croissants, ovos mexidos, bacon, café, e outras iguarias intocadas.
Bernardo Vasconcelos e Sá (Samuel L. Jackson) segura na mão uma chávena de chá e vai girando repetidamente uma colher no interior desta. Está de fato e gravata de cores berrantes. Salvador Rebelo da Cunha (Robert de Niro), ao seu lado, usa uma camisa aos quadrados e um pullover azul-marinho por cima dos ombros.
Na televisão, raparigas em fatos de banho que imitam a bandeira portuguesa têm espingardas automáticas nas mãos e disparam para o infinito, num anúncio violento a armamento: ?GAJAS COM ARMAS?.

BERNARDO: Salvador, está a prestar atenção?
SALVADOR: Hum-hum.

BERNARDO roda a colher dentro do chá.
BERNARDO: Tenho uma coisa muito importante para lhe dizer.

A câmara filma a expressão intensa e preocupada de SALVADOR durante alguns minutos de silêncio.
BERNARDO: Está a ver aquela TEC-9? O tio Francisco diz que é a melhor arma automática do mercado, e agora leva-a nas caçadas. Acha normal? Caçar lebres com uma arma daquelas? Mal empregada?
SALVADOR: Hum-hum.
BERNARDO: Quero dizer, a arma é caríssima. Importada da Áustria.

BERNARDO olha para a chávena
BERNARDO: Querida, vá buscar mais chá de tília, sim?

O plano abre e vemos PIPINHA, sentada muito direita no outro sofá, o cabelo pintado de castanho cor-de-mel, com grandes canudos. Tem uma enorme barriga de grávida. PIPINHA levanta-se, a custo, dá um passo na direcção da cozinha, e cai redonda no chão.
PIPINHA: (sussurra) Salvador, eu amo-o?

SALVADOR e BERNARDO olham para trás de relance.
BERNARDO: Mas o que é que ela tem? Parece que é parva, a atirar-se para o chão.

SALVADOR levanta-se e vai até junto de PIPINHA, que está deitada no chão, a cor do cabelo combinando perfeitamente com a cor da carpete.
PIPINHA: Salvador, estou grávida da sua prima? e traí o Bernardo com o rapaz da oficina? mas é a você que eu quero. Eu amo-o, Salvador.
SALVADOR: Hum-hum.

BERNARDO, apesar de estar a um metro de distância, não consegue ouvir a conversa. O telefone toca na cozinha. BERNARDO roda a colher dentro do chá.
BERNARDO: Ó Pipinha vá atender, vai?
PIPINHA: De momento é complicado, Bernardo.
BERNARDO: Não me obrigue a ir aí arrancar-lhe um bracinho, ?tá bem?

SALVADOR vai atender o telefone.
SALVADOR: (atende) Hum-hum.
PIPINHA: Quem é, amor da minha vida? Amo-o tanto.
SALVADOR: É o tio Francisco Ulrich de Menezes.

BERNARDO levanta-se muito depressa e corre para o telefone.
BERNARDO: (ao telefone) Tio Chico, é o Bernardo! (pausa) Está onde? Está na cadeia? Mas o que é que está a fazer na cadeia? (pausa) Estava a conduzir bêbedo com uma granada no bolso? E prenderam-no por causa disso? (pausa) Que estúpidos. Vou já para aí.

BERNARDO veste o casaco.
BERNARDO: Vou buscar o tio Chico à prisão, já volto. Pipinha, levante-se do chão. Parece que é parva.

BERNARDO sai. PIPINHA e SALVADOR trocam olhares intensos. A câmara filma os olhares de um e outro, alternadamente, durante largos minutos.
PIPINHA: Quer fazer amor, Salvador?

SALVADOR encolhe os ombros.
SALVADOR: Hum-hum.

Beijam-se.


Pulp Fiction
Cena: Os McDonald?s na Europa
Versão: Épico Bíblico
Por Luís Filipe Borges, autor de ?Sou Português e Agora??, anfitrião de ?5 para a Meia-Noite?

Erasmus Carlus (Samuel L. Jackson) e Robertus Carlos (John Travolta) são dois capangas dos imperadores, os terríveis irmãos Leandrus & Leonardus, de quadriga pelas ruelas de Roma à procura do endereço de um senador desleal aos patrões. Robertus acaba de chegar dos Açores.

ROBERTUS: Dizei lá o que desejais saber?
ERASMUS: Os bárbaros lá falam todos daquela maneira?
ROBERTUS: Não. Só os micaelenses é que têm o sotaque tido como ?açoriano?, só que São Miguel é a maior ínsula e onde vive a maior parte da população? a maior se não contarmos com as vacas, claro.
ERASMUS: Vacas, Robertus Carlus?
ROBERTUS: Sim, Erasmus Carlus, vacas. Há ínsulas com mais cabeças de gado do que pessoas.
ERASMUS: Mas são essas vacas? sagradas, como os misteriosos relatos que chegam de certas partes recônditas da Ásia e garantem ser esse o caso entre determinadas populações locais?
ROBERTUS: Não, caralhus. Eles comem-nas. E bem. Mas inventaram mesmo um prato fictício para quem vem de Roma armado em tansus: ?Blhicas fritas com molho de naião?.
ERASMUS: Parece apetitoso. Quando lá for tenho de provar.
ROBERTUS: Não faria isso se estivesse no teu coirus. ?Blhicas? significa ?pénis? e ?naião? é homossexual.

ERASMUS fica visivelmente aborrecido
ROBERTUS: Mas sabeis o que é mais interessante sobre os Açores? As pequenas diferenças.
ERASMUS: Por exemplo?
ROBERTUS: Eles têm as mesmas coisas que Roma, mas uma pastilha elástica, por exemplo, não é uma pastilha elástica: é uma ?gama?. Um alguidar não se chama alguidar, é uma ?pana?. Um abafa-palhinhas, além de ?naião? pode também ser uma ?zabela?.
ERASMUS: Zabela? não me ria tanto desde que vi aquela família de cristãos ser devorada por um leão bebé? e é verdade que o tabaco nos Açores é baratíssimo?
ROBERTUS: Baratíssimo, Erasmus. Não admira, eles plantam-no lá! Podes fumar um maço à vontade por menos de 400 sestércios (2 euros).
ERASMUS: Deveras?! E sabe bem?
ROBERTUS: Sei lá, meu. Deixei de fumar há um ano.