domingo, 31 de agosto de 2008

Cinema - Johnny Depp


Muita, mas mesmo muita atenção: Johnny Depp será o Chapeleiro Louco numa nova versão cinematográfica de "Alice no País das Maravilhas", que Tim Burton vai rodar este ano.
Johnny Depp voltará, assim, a colaborar com Burton, após ter entrado em filmes como "Sweeney Todd", "Eduardo Mãos de Tesoura", "A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça" e "Charlie e a Fábrica de Chocolate".
Nesta nova versão da história , o elenco tem sido revelado a conta-gotas, sabendo-se apenas que a personagem principal - Alice - será interpretada pela jovem, e praticamente desconhecida actriz australiana Mia Wasikowska.
Não se sabe ainda quem será, por exemplo, a irascível Rainha de Copas, o apressado Coelho Branco ou os gémeos Tweedledee e Tweedledum.
A adaptação da obra de Lewis Carroll ficou a cargo de Linda Woolverton, a produção é da Disney e a rodagem arranca em Novembro.
O filme tem estreia marcada para 2010 nos Estados Unidos.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Polémica


O Papa não gostou. A mim não me choca nada... e sim, sou católico!


Arte Contemporânea ou blasfémia?
Uma escultura de madeira com um sapo verde crucificado exposto no Museion, Museu de Arte Contemporânea em Bolzano, norte de Itália, provocou a ira do Papa Bento XVI. Em solidariedade com o presidente do Governo regional, Franz Pahl , que no início do Verão entrou em greve de fome para que removessem a peça de arte contemporânea da exposição, o Papa considerou, em carta enviada ao museu, que a obra era uma blasfémia: “É ofensiva para os cristãos que vêem na cruz o símbolo da salvação”.
in Público On Line
Fotografia: Cortesia Museion/Reuters

Poesia para o Jantar


No próximo sábado, dia 30 de Agosto, estarei no Restaurante Juliu's, em frente ao Museu da Electricidade, a apresentar uma intervenção que dá pelo nome de "Poesia para o Jantar". Trata-se de um pequeno espectáculo que pretende falar de poesia, dizê-la e degustá-la, ao mesmo tempo que se podem deliciar com as iguarias de um Restaurante que muito aprecio.

Tudo andará à volta da poesia da língua portuguesa numa viagem que nos levará de Timor, ao Brasil, de Portugal a Angola, passando pela Madeira, por Moçambique, e outros cantos da língua portuguesa.

Malangatana, Mia Couto, Almada Negreiros, Jorge de Sousa Braga, Vinicius de Moraes, e muitos, muitos outros, serão os poetas que elegi para este encontro.

Não é obrigatório jantar. Podem passar pelo Juliu's só para beber um copo e apreciar, ou não, o momento!

Fico à vossa espera!

Musicando - Negative Rule

São madeirenses. São da Camacha. São para mim heróis como o são todos os músicos da nossa terra que persistem em fazer música original seja ela de que estilo seja.
Os Negative Rule partiram para uma nova aventura: um videoclip que podem ver abaixo.




Já agora uma pergunta: nessa imensidade de festas e arraiais de Verão, a quantas bandas madeirenses tem sido dada a oportunidade de subir ao palco e mostrar o trabalho que têm andado a fazer?

Em quantos arraiais e festas tem sido possível ver os Xarabanda, a Banda d'Além, os On Mute, os Punk d'Amour, os Negative Rule, os Outer Skin, os Aboutowake, DD Peartree, etc., etc., etc.

Desculpem voltar ao mesmo, mas nunca por nunca poderemos ser um povo livre e culturalmente evoluído enquanto não conseguirmos olhar uns para os outros com admiração. Enquanto só admirarmos o que importamos seremos sempre pequenos.

Ouvi hoje o Presidente da Câmara de S. Vicente a dizer que hoje o destaque ia inteirinho para a Vânia Fernandes, uma artista das nossas, pois esta andava a fazer todas as mais importantes festas da Madeira. A Vânia já anda aí há muitos anos e só se impôs na sua terra porque primeiro teve que sair para ser reconhecida por outros lá fora. Quando isso acontece somos então de primeira qualidade. Parece que todo e qualquer artista madeirense tem que ir fazer um tirocínio fora da região para que lhe reconheçam qualidade. Puro provincianismo. E o nosso povo não pensa assim. Quem o pensa é alguma da nossa classe dirigente que, desprovida de visão, persiste em negar a existência de uma cultura nossa, interveniente, actuante e de qualidade.

E enquanto isto não mudar estarei sempre na primeira linha na denúncia desta visão provinciana que roça o ridículo!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Rolão Preto



..."a verdade, quando impedida de marchar, refugia-se no coração dos homens e vai ganhando em profundidade o que parece perder em superfície... Um dia, essa verdade obscura, sobe das profundidades onde se exilara e surge tão forte claridade, que rasga as trevas do Mundo"

Rolão Preto in Inquietação


Já aqui dei a entender que considero Rolão Preto um dos mais interessantes personagens do séc. XX português. Um pensador e homem de liberdade conotado com o regime saído do 28 de Maio de 1926 e que rejeita a transposição da ditadura (que queria efémera até que o país pudesse voltar a um modelo de democracia monárquica) para um regime de tipologia fascista.
A máxima notoriedade de Rolão Preto viria a dar-se na sequência do lançamento do «Movimento Nacional-Sindicalista» (MNS), em Fevereiro de 1932, através do qual foi desafiado o Salazarismo emergente. Sob a direcção de Rolão Preto e Alberto de Monsaraz, aquele movimento de massas veio a abalar profundamente o País. Consegue imprimir ao nacional-sindicalismo uma liderança fortemente carismática, mobilizando grande número de jovens das Academias.
Em entrevista à United Press, não deixou de vincar a sua distinta matriz doutrinária, enunciando uma clara demarcação ideológica: o Fascismo de Mussolini e o Nacional-Socialismo de Hitler, eram "totalitarismos divinizadores do Estado cesarista", ao contrário do Nacional-Sindicalismo, que filiava a sua doutrina nas tradições cristãs de Portugal.
O autoritarismo de Salazar veio a revelar-se bem mais próximo do fascismo, mostrando-se aliás em melhores condições para atrair e manter as juventudes influenciadas pelos estatismos modernistas em voga. Em Novembro de 1933, com as actividades do «Movimento Nacional-Sindicalista» entretanto proibidas, foi Salazar quem logrou captar para o seio do regime parte significativa das juventudes que o Nacional-Sindicalismo que, por breves momentos, conseguira mobilizar. A cisão no seio do Nacional-Sindicalismo deu-se precisamente quando Alberto de Monsaraz e Rolão Preto resolveram impugnar abertamente o modelo de Regime Corporativo de Partido Único - tipicamente fascista -, defendendo a independência do Movimento que dirigiam. Em Junho de 1934, uma representação ao Presidente da República voltou a colocar o problema. Entre outras reivindicações, uma vez mais se preconizava a constituição de um Governo nacional com a participação de todas as tendências políticas. O regime Salazarista, alicerçado no modelo fascista do Partido Único, porém, estava já completamente senhor da situação, acabando Rolão Preto por ser preso e expulso para Espanha. Pouco depois, uma nota oficiosa do Governo ainda insistia em convidar os Nacional-Sindicalistas a ingressar na União Nacional, ficando o Movimento, uma vez mais, totalmente proibido.
Veio a reentrar em Portugal em Fevereiro do ano seguinte, com o intuito de reorganizar e relançar o Nacional-Sindicalismo mas, em Setembro, o Governo deu Rolão Preto como implicado num frustrado movimento revolucionário contra o regime ("golpe Mendes Norton"). Rolão Preto parte novamente para o exílio.
Após a segunda Grande Guerra, Rolão Preto veio a retomar intervenção política através do apoio ao Movimento de Unidade Democrática (MUD). Tomou parte no comité de candidatura à presidência da República do Almirante Quintão Meireles e, nas eleições de 1958 integrou a candidatura do General Humberto Delgado, assumindo a chefia dos Serviços de Imprensa, escrevendo vários discursos da Candidatura e parte do respectivo Programa Político.
Em 1970, com outras personalidades monárquicas, constitui a Biblioteca do Pensamento Político, Convergência Monárquica, organização a favor da monarquia que tenta reunir o Movimento Popular Monárquico chefiado por Gonçalo Ribeiro Teles, uma fracção da Liga Popular Monárquica de João Vaz de Serra e Moura e a Renovação Portuguesa de Henrique Barrilaro Ruas.

Nas eleições de 1969, as primeiras eleições durante o período de governo de Marcelo Caetano, participa na lista da Comissão Eleitoral Monárquica.
Após o golpe militar de 25 de Abril de 1974 assume a Presidência do Directório e do Congresso do Partido Popular Monárquico (PPM), fundado em 23 de Maio.
Morre em Lisboa a 18 de Dezembro de 1977.

É condecorado por Mário Soares (enquanto Presidente da República), em 10 de Fevereiro de 1994, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a título póstumo, pelo seu «entranhado amor pela liberdade».

Bibliografia de Rolão Preto

* A Monarquia é a Restauração da Inteligência, Lisboa, 1920
* Para Além do Comunismo, Coimbra, 1932
* Orgânica do Movimento Nacional Sindicalista, Lisboa, 1933
* Salazar e a Sua Época: Comentário às Entrevistas do Actual Chefe do Governo com o Jornalista António Ferro, Lisboa, 1933
* Justiça!, Lisboa, 1936 "Política da Personalidade" - contra o fascismo e os totalitarismos
* O Fascismo, Guimarães, 1939
* Em Frente! Discurso pronunciado pelo Dr. Rolão Preto no banquete dos intelectuais nacionalistas, Castelo Branco, 1942
* Para Além da Guerra, Lisboa, 1942
* A Traição Burguesa, Lisboa, 1945
* Inquietação, Lisboa, 1963;
* Carta aberta ao Doutor Marcello Caetano, Lisboa, 1972.


Post composto com a ajuda de artigos de José Manuel Quintas e com mais alguma informação colhida na Wikipédia.

Actuando

Como de costume nós, actores regionais, somos mais uma vez menorizados. Esta peça do DN/Madeira de hoje, escrita por José Salvador, explica tudo... não há qualquer tipo de "protecção" ao que é nosso. O que vem de fora é que é sempre bom. Enquanto este provincianismo ridículo prevalecer nunca a nossa cultura será forte e empactante!
Tive o privilégio de trabalhar aqui há uns anos com Filipe LaFéria que foi o único que teve respeito pelos actores madeirenses uma vez que o elenco da sua "Amália" era quase metade madeirense.
Enfim...

Madeira com papéis menores em novela

Açores teve mais destaque na 'Ilha dos Amores'. já a Região ficará só pela figuração
Data: 28-08-2008

Tudo leva a crer que será mínima a participação madeirense em 'Despertar', título provisório da telenovela a rodar em Setembro pela NBP - Nicolau Breyner Produções. Isto porque os 'castings', cujas inscrições começam hoje, destinam-se a pequenos papéis e figuração.
Trata-se de uma situação diferente da que ocorreu nos Açores, com a telenovela 'Ilha dos Amores', que teve o actor/cantor Zeca Medeiros num papel principal e, na banda sonora, temas compostos por Luís Alberto Bettencourt (contudo, é preciso ressalvar que o investimento açoriano foi bastante mais elevado que o madeirense).
Sobre este caso, contactámos a Secretaria Regional do Turismo e Transportes, entidade que apoia em 500 mil euros do erário a rodagem de parte da série de ficção que será exibida na TVI.
"A NBP encontra-se, neste momento, a fazer os 'castings', tendo ainda em aberto três lugares para personagens de destaque na novela que poderão, perfeitamente, ser atribuídos a actores regionais, desde que estes preencham os requisitos exigíveis", informou a tutela do Turismo, através da assessora de imprensa da secretária regional Conceição Estudante (actualmente fora da Região).
E fazendo eco das declarações do director regional de Turismo, Paulo Faria, e ainda de Conceição Estudante, acrescentou: "Não é de todo correcto dizer que os actores madeirenses entrarão na novela apenas como figurantes porque não é essa a intenção, e tudo irá depender da apreciação que for feita pela produtora".
Acontece que, por agora, com a iminente realização dos 'castings' expressamente para papéis menores e figuração, a Madeira estará em princípio sem actores nos papéis de destaque na nova produção.

'Castings' em Santo António

As inscrições para o 'casting' iniciam-se hoje e terminam a 1 de Setembro. Podem ser feitas das 15 às 20 horas pelo telefone 913 035 458.
As provas selectivas decorrerão no Cine-Teatro de Santo António, localizado nas Madalenas, com entrada pelo Caminho de Santo António, frente aos correios, ou pela Avenida das Madalenas, abaixo do Hiper Sá. As mesmas estão marcadas para os dias 2, 3 e 4 de Setembro, das 14 às 20 horas.
Segundo nos informaram, o primeiro dia (2 de Setembro) será destinado às mulheres, o segundo (dia 3) a homens e o último (dia 4) para ambos os sexos.

Actores 'recusados'

O DIÁRIO sabe que alguns actores de cá chegaram a enviar currículos para o continente mas foram informados que os papéis seriam apenas de figuração e menores. Procurámos falar com algumas pessoas que se propuseram a participar em 'Despertar', mas ninguém quis falar publicamente sobre o caso.
Contactada a NBP, na pessoa de Vanda Gouveia, fomos informados de que o projecto ainda está em fase embrionária, pelo que ainda é prematuro dizer seja o que for. "O que hoje poderá ser verdade, amanhã poderá não ser", acrescentou.

Promoção garantida

Neste caso, a promoção da Região Autónoma da Madeira sairá sempre a ganhar, já que serão muitas as imagens exteriores que farão parte da novela. Vista como uma promoção do destino Madeira feita através de um dos mais poderosos meios de comunicação, a telenovela surge na sequência da campanha lançada este Verão no mercado nacional intitulada 'Ponha aqui o seu pezinho. É mesmo aqui ao lado'.
O Turismo será, por isso, o sector que irá retirar mais dividendos desta produção televisiva, já que no plano artístico, como é habitual, os artistas/intérpretes/actores madeirenses são remetidos para plano secundário.

História aborda emigração

Conforme já noticiara o DIÁRIO, 'Despertar' retratará essencialmente a vida de uma família tradicional madeirense, com todos os encontros e desencontros, amores e ódios que são frequentes nas tramas das telenovelas.
Uma parte dessa família emigrou para a África do Sul, onde provavelmente decorrerão algumas cenas da novela, que terá um mínimo de 120 episódios.

José Salvador

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Blogando - Best Of Madeira Fotoblog

Acabo de criar um fotoblog onde vou colocando fotografias de momentos e "coisas" que vou presenciando no meu dia-a-dia.

Pode ser encontrado em: http://bestofmadeirafotoblog.blogspot.com/

Pistas Para Uma Nova Cultura (VIII)

Quando olhamos para a cultura devemos ter sempre presente a questão da sua categorização. Isto porque o termo em si encerra dois conceitos de certo modo concorrenciais: por um lado a cultura será a percepção que um individuo tem da "ordem" social e do lugar que ocupa nesta; por outro, não é mais do que uma indústria fornecedora de informação. Neste sentido assume-se como hospedeiro de actividades que combinam uma concepção individual com um todo social organizado.


Então o que é que categoriza a cultura?


Tendemos a considerá-la como tudo aquilo de imaterial que recebemos de herança e passamos às gerações futuras, numa combinação de conhecimento tácito e explicito da ordem social em que vivemos e do mundo como o percepcionamos. Por vezes, também se entende a cultura como algo que implica excelência e um certo entendimento sofisticado e estético: procura-se assim distinguir a dita "alta" cultura da cultura dita "popular" (terminologias que de todo rejeito). As definições de cultura são muitas e variadas, o que permite que se escolha a que mais se adequa ao nosso modo de pensar e de ver o que nos rodeia. Há definições positivas, há-as normativas, mas todas elas lidam com a criatividade da mente humana.


As associações e interpretações simbólicas não são automáticas e independentes do interveniente e do seu contexto. Um símbolo que é mais complexo do que aquilo que representa não é verdadeiramente um símbolo. Muito claramente, qualquer actividade que conscientemente lide com símbolos e não com racionalidade prática é uma actividade cultural.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Cinema - O Cavaleiro da Ilha do Corvo

Baseado no livro de Joaquim Fernandes "O Cavaleiro da Ilha do Corvo. A conspiração dos Cristoforos" está a preparar-se a produção de um novo filme de Elsa Wellenkamp, ex-realizadora da RTP e actriz de «Amor de Perdição», de Manoel de Oliveira, e que conta com o meu amigo Zeca Medeiros como co-realizador.

A banda sonora da película deverá apresentar em estreia absoluta uma peça composta por Damião de Góis... exactamente: o cronista quinhentista.

O argumento do romance parte de uma descrição daquele cronista régio que assinala a existência de uma enigmática estátua equestre descoberta na ilha do Corvo e o seu transporte para Lisboa, facto que pela primeira vez em 500 anos de História, abala a tese da prioridade portuguesa nas viagens de descobrimento no Atlântico.

O cronista refere que a descoberta ocorreu no período a que classificou de «nossos dias», ou seja, no seu tempo de vida, provavelmente entre os finais do século XV e os inícios de XVI, no decurso do reinado de D. Manuel I e durante as primeiras tentativas de colonização da ilha do Corvo.

O monumento era «uma estátua de pedra posta sobre uma laje, que era um homem em cima de um cavalo em osso, e o homem vestido de uma capa de bedém, sem barrete, com uma mão na crina do cavalo, e o braço direito estendido, e os dedos da mão encolhidos, salvo o dedo segundo, a que os latinos chamam índex, com que apontava contra o poente.»

«Esta imagem, que toda saía maciça da mesma laje, mandou el-rei D. Manuel tirar pelo natural, por um seu criado debuxador, que se chamava Duarte D'armas; e depois que viu o debuxo, mandou um homem engenhoso, natural da cidade do Porto, que andara muito em França e Itália, que fosse a esta ilha, para, com aparelhos que levou, tirar aquela antigualha; o qual quando dela tornou, disse a el-rei que a achara desfeita de uma tormenta, que fizera o Inverno passado», refere o cronista.

«Mas a verdade foi que a quebraram por mau azo; e trouxeram pedaços dela, a saber: a cabeça do homem e o braço direito com a mão, e uma perna, e a cabeça do cavalo, e uma mão que estava dobrada, e levantada, e um pedaço de uma perna; o que tudo esteve na guarda-roupa de el-rei alguns dias, mas o que depois se fez destas coisas, ou onde puseram, eu não o pude saber», acrescenta.

A este estranho monumento juntou-se a descoberta, no século XVIII, de um não menos perturbador vaso de cerâmica, achado nas ruínas de uma casa, no litoral da mesma ilha, repleto de moedas de ouro e de prata fenícias, que, segundo numismatas da época e não só, datariam de, aproximadamente, entre os anos 340 e 320 antes de Cristo.

As descobertas fabulosas não se ficaram por aqui: viajantes estrangeiros, no decurso do século XVI, alegaram ter encontrado inscrições supostamente fenícias de Canaã (Palestina), numa gruta da ilha de S. Miguel. Por fim, em 1976, nesta mesma ilha, haveria de ser desenterrado um amuleto com inscrições de uma escrita fenícia tardia, entre os séculos VII e IX da era cristã.

No romance, Joaquim Fernandes refere um testemunho que reforça de modo evidente o relato de Damião de Góis: um mapa dos irmãos Pizzigani, de 1367, descoberto em Parma um desenho, uma forma de aviso, com uma legenda em latim onde se diz: «Estas eram as estátuas diante das colunas de Hércules...» Ora esse desenho está colocado à latitude dos Açores, no meio do Atlântico, sugerindo a tradição das Estátuas como marcos-limites do oceano navegável ou conhecido e serviriam para avisar os perigos que corriam os navegadores mais ousados.

1367. Franzesco Pizzigani. Biblioteca Palatina de Parma

(clicar em cima para ver imagem maior)

PS: um tal de Gavin Menzies refere, no seu livro "1421 - O Ano em que a China Descobriu o Mundo" que essa estátua teria sido lá deixada por uma armada chinesa que nesse ano teria dado a volta ao mundo. Nesta obra também surgem algumas referências à Madeira. Este investigador tem um site onde sustenta a sua teoria em: http://www.gavinmenzies.net/

Blogando - O Blog do Mês de Agosto

Não que seja muito entendido em cinema asiático. Não o sou de todo. Mas admiro-lhe imenso o trabalho da cor, o sentido do movimento e a calma contida. Desde que comecei a frequentar o espaço "My Asian Movies" os meus conhecimentos aumentaram exponencialmente. É aqui que podemos encontrar válida e preciosa informação sobre a cinematografia asiática. E a "trabalheira" que este blog não deve dar

Se gostam de cinema visitem porque vale mesmo a pena.







Lançamento - Hotel Paraíso


(clicar sobre a imagem para ver maior)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Jantares Culturais de Verão

Estão a decorrer aos sábados no Restaurante Juliu's (em frente ao Museu da Electricidade) jantares culturais. Aqui fica o programa:

Jantares Culturais de Verão

Restaurante Juliu’s


Programa


30 de Agosto de 2008 – 21:00 – Noite de Poesia - Jantar com Nuno Morna

6 de Setembro de 2008 – 21:00 – Noite de Baladas - Jantar com DD Peartree

13 de Setembro de 2008 – 21:00 – Noite de Blues - Jantar com os Blues Brothers

20 de Setembro de 2008 – 21:00 – Noite de Comedia - Jantar com Pedro Ribeiro

27 de Setembro de 2008 – 21:00 – Noite Bossa Nova - Jantar com Grupo Mossa Nossa


Em jeito de curriculum:

DD Peartree - Nascido em Londres de ascendência irlandesa e madeirense DD Peartree é um músico que usualmente actua a solo. Uma voz original e intensa com um repertório de temas originais de grande profundidade. Depois de ter andado pelo heavy metal, passando pelos blues e ultimamente por uma pop muito inteligente, Dieter Pereira enceta agora uma carreira a solo onde as baladas assumem um papel de grande importância.

Blues Brothers - Falar dos Blues Brothers é falar de Daniel Caires Henriques, um madeirense que durante muitos anos viveu no Brasil, onde foi um dos nomes mais importantes deste género musical em S. Paulo, e que como bom filho agora torna a casa. Da sua associação com Miguel Apolinário, um dos mais brilhantes guitarristas da cena musical madeirense, nasceram os Blues Brothers. Concertos de blues acústicos de grande qualidade e intimismo.

Nuno Morna - Poesia para o jantar é um pequeno espectáculo que este actor criou especialmente para este evento. De mesa em mesa vai-se falar de poesia e declamar grandes poetas da língua portuguesa e madeirense.

Pedro Ribeiro - Actor e dramaturgo este jovem deixou à muito de ser uma promessa do teatro português para ser já uma afirmação. Um dos mais inteligentes stand-up comedians portugueses que não deixa ninguém indiferente.

Grupo Bossa Nossa – Grupo de 5 músicos, constituído por Adriana Guerreiro (Voz), Bruno Monterroso (Voz e Guitarra), Jaime Dias (Violoncelo), Bruno Martins (Contrabaixo) e Rui Rodrigues (Percussão), que interpretam temas clássicos de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Edu Lobo, Chico Buarque, Caetrano Veloso, entre outros

O Restaurante Juliu’s foi inaugurado em Agosto de 2007, situado à entrada da Zona Velha, na Rua D. Carlos I, em frente ao Museu da Electricidade, depois de algum tempo de adaptação conseguiu conjugar os três ingredientes essenciais; a boa comida portuguesa, uma boa adega de vinhos, e finalmente, a excelência da música, de forma a encontrar a receita ideal para uma noite memorável num ambiente perfeitamente familiar.

Contactos:

Restaurante Juliu’s - 291225070

Musicando - Xôpana Jazz


(clicar sobre as imagens para ver maior)

sábado, 23 de agosto de 2008

Cozinhando - Salada de Papaia e Maracujá

Descasca-se a papaia e depois corta-se em fatias muito finas.
Deitam-se as fatias de papaia numa saladeira e polvilham-se com um pouco de açúcar. Espalham-se por cima bocadinhos de casca de limão retirada muito fina e rega-se tudo com maracujá espremido.
Colocar no frigorífico pois deve ser servida bem fresca.

Bailando - Natação Sincronizada

Foi com esta maravilha que a Rússia ganhou a medalha de ouro na natação sincronizada. Vejam porque vale mesmo, mesmo a pena!!!!


sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Televisando - Sissi na RTP/Madeira

Passou ontem o primeiro de dois episódios de um documentário sobre a presença da Imperatriz austríaca na Madeira. Excelente trabalho dirigido pela mão sabedora de António Plácido. Para os que não viram este primeiro não percam na próxima quinta-feira a oportunidade de ver o segundo episódio.

No sítio da RTP pode ler-se o seguinte:

Sissi, A passagem de uma Imperatriz pela Madeira

Um docudrama de dois episódios sobre a vida de Isabel da Áustria, mais conhecida por Imperatriz Sissi, que se recolheu na Madeira longos meses, entre 1860 e 1861. A Imperatriz nunca esqueceu os momentos que passou na Ilha, onde foi pela primeira vez fotografada, referindo-se sempre de forma calorosa e tendo conseguido voltar à Madeira, em 1893-94, poucos anos antes da sua morte, em 1898.

Poema (XIX)

O Beijo

Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escarcéu.
Ainda palpitante voa um beijo.

Donde teria vindo! (Não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?

É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.

E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar...

Alexandre O'Neill
Poesias Completas

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Lendo - A Viagem do Elefante


Saramago acaba de escrever mais um livro. Aqui fica o que o Público escreveu a propósito.


Chega em Outubro
Novo livro de Saramago "A Viagem do Elefante" já está terminado

19.08.2008 - PÚBLICO

O escritor José Saramago terminou o seu novo livro, "A Viagem do Elefante", que conta a história épica de um elefante asiático chamado Salomão que, no século XVI, teve de percorrer mais de metade da Europa, anunciou hoje a Fundação Saramago.
"Escrevê-lo não foi um passeio ao campo: Saramago lançou-se a esta tarefa quando estava incubando uma doença que tardou meses a deixar-se identificar e que acabou por manifestar-se com uma virulência tal que nos fez temer pela sua vida. Ele próprio, no hospital, chegou a duvidar que pudesse terminar o livro", escreve no blogue da fundação a mulher do escritor, Pilar del Rio.
"Não obstante, sete meses depois, Saramago restabelecido e com novas energias pôs o ponto final numa narração que a ele não lhe parece romance, mas conto, o qual descreve a viagem ao mesmo tempo épica, prosaica e jovial, de um elefante asiático chamado Salomão, que, no século XVI, por alguns caprichos reais e absurdos desígnios teve de percorrer mais de metade da Europa", continua a presidente da Fundação Saramago.
O livro tem cerca de 240 páginas e deverá ser lançado no Outono.
A ideia de escrever este livro tem mais de dez anos e surgiu quando Saramago visitou a Áustria e entrou, em Salzburgo, num restaurante chamado "O Elefante", segundo a Efe, que falou com o escritor através de correio electrónico.
"Escrevi os últimos três livros na mais deplorável situação de saúde, nada propícia a sentimentos de alegria. Prefiro dizer: se tens que escrever, escreverás", disse Saramago, distinguido com o Nobel da Literatura em 1998.
Ainda no comunicado divulgado no blogue da fundação, do qual Pilar é a presidente, a Viagem do Elefante está “pontuado de acordo com as regras de Saramago, os diálogos intercalam-se na narração, um todo que o leitor em de organizar de acordo com a sua própria respiração.” No blogue (http://blog.josesaramago.org/) está ainda disponível um fragmento do livro para leitura.
"Não é um livro mais, é o livro que estávamos esperando e que chegou a bom porto, o leitor. Salomão, o elefante, não teve tanta sorte, mas disso não falarei, aguardemos o Outono, e então sim: aí, em vários idiomas simultaneamente, poderemos comentar páginas, aventuras, desenlaces. Os materiais da ficção, que são também os da vida", acrescenta Pilar del Rio sobre a obra.

PARABÉNS FUNCHAL!


quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Funchal 500 Anos - Programa do Dia da Cidade

(clicar sobre a iamgem para ver em tamanho real)

Desculpem

Tenho andado pouco assíduo. Prometo voltar muito, mas mesmo muito breve. Hoje abre o Kool e como podem imaginar o trabalho chega e sobra.
Um abraço e apareçam.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Teatrando - Teatro Aberto Procura Actores



Teatro Aberto procura actores para próximos espectáculos


O Teatro Aberto vai realizar audições a fim de seleccionar actores e actrizes com idade compreendida entre os 25 e os 35 anos para participação nos seus próximos espectáculos. Os actores e actrizes candidatos à audição deverão entregar na recepção do Teatro Aberto, ou enviar por correio, até ao próximo dia 28 de Agosto, curriculum vitae e fotografia.

Teatro Aberto – Praça de Espanha
1050 – 107 LISBOA
Tel: 21 388 00 86
www.teatroaberto.com

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Kool Klub - Alguns Pormenores

Aqui ficam alguns pormenores do Kool Klub.







Tiananmen

O percurso das maratonas olímpicas (masculina e feminina) passam pela bela praça de Tiananmen. Não cedo à euforia olímpica de quem tem as mãos manchadas de sangue daqueles que só queriam liberdade e democracia. Não deixo de admirar a organização impecável dos jogos e uma cerimónia de abertura absolutamente deslumbrante mas não cedo à euforia olímpica de quem dirige um estado de forma repressiva, de quem não respeita os direitos humanos, de quem censura, de quem reprime.

Aqui ficam algumas fotografias e vídeos que ajudam a lembrar os heróis dessa outra "maratona" de Tiananmen.







domingo, 17 de agosto de 2008

Teste 2

Mais uma experiência...

Teste

Fachada posterior do Kool Klub... em testes do sistema de luzes.

(estou a fazer experiências para poder colocar aqui conteúdos a partir do telemóvel, daí este post...)

Lendo Por Aí...

Acabo de ler isto no "Pérolas Intemporais", e tocou-me. Um texto fantástico de sentimento, despojamento. E são estas pérolas que fazem deste blog um dos meus favoritos!

Poema (XVIII)


A propósito do eclipse da lua de ontem...



À Lua

(Oração de tradição oral)


Eu te saúdo, jóia da Noite!
Beleza dos Céus, jóia da Noite!
Mãe das Estrelas, jóia da Noite!
Filha do Sol, jóia da Noite!
Das estrelas rainha, jóia da Noite!


Cultura Celta (gaélico escocês)

sábado, 16 de agosto de 2008

Passeando - Museu de Arte Sacra do Funchal


Em 1934, o Dr. Manuel Cayola Zagallo, conservador do Palácio da Ajuda, realizou uma missão de estudo, que terminou no levantamento de uma parte muito substancial da pintura flamenga espalhada pelas igrejas e capelas da Diocese do Funchal. Torna-se então consciência do extraordinário conjunto encontrado e, com o apoio do Bispo do Funchal, D. António Pereira Ribeiro, bem como das entidades do governo de então, Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, as obras foram a restaurar a Lisboa.
Após importantes trabalhos de conservação e restauro, pelo atelier de Fernando Mardel, foi organizada em 1949 uma exposição, que apresentava pela primeira vez este conjunto, no Museu Nacional de Arte Antiga, por iniciativa do Dr. João Couto seu director, que acompanhara o estudo das peças.
Depois do seu regresso ao Funchal, estiveram expostas numa dependência da Sé Catedral, pouco antes de darem entrada no Museu, que foi inaugurado em 1 de Junho de 1955.
Desde os anos 40, que paralelamente se procedia a levantamentos das colecções de escultura e ourivesaria da Diocese do Funchal, como o trabalho de Luíz Peter Clode, que culminou com a publicação de alguns catálogos verdadeiramente raros no panorama nacional. Em 1949, foi publicado Lampadários – Património Artístico da Ilha da Madeira, e realizadas exposições no Convento de Santa Clara do Funchal de Ourivesaria Sacra, em 1951, e de Esculturas Religiosas, em 1954, numa organização conjunta de Luíz Peter Clode e Padre Pita Ferreira. Assim, para além da vinda massiva de obras de arte flamenga, puderam entrar, com o apoio diocesano, muitas outras obras de arte portuguesa. Estas foram trazidas aquando das exposições já mencionadas, ou por outras razões, como a sua particular importância artística, ou por não se encontrarem ao culto. Este esforço foi continuado ao longo de décadas, com a vinda progressiva de muitas obras para as colecções do Museu em especial no tempo de D. Teodoro de Faria, com o seu apoio e entusiasmo, como defensor do património diocesano.
Para além desta proveniência, no Museu entraram, em número reduzido, algumas peças, por doação de particulares, tendo também sido realizadas, aquisições esporádicas, para reforço de alguns núcleos.
Fundamental trabalho de investigação foi a publicação em 1997, do Catálogo de Arte Flamenga, por Luiza Clode e Fernando António Baptista Pereira.


Visitem o museu logo que possam. Encontram-se por lá obras simplesmente fantásticas!
Mais informação pode ser obtida aqui.

Cinema - A Corte do Norte

Com acção passada na Madeira e por cá filmado pela mão sabedora de João Botelho. Aqui fica uma notícia do "Público" sobre a participação desta película no New York Festival.

"A Corte do Norte", de João Botelho, foi seleccionado para o New York Film Festival

O filme "A Corte do Norte", realizado por João Botelho a partir do romance homónimo de Agustina Bessa-Luís, foi seleccionado para a 46ª edição do New York Film Festival, que decorre entre 26 de Setembro e 12 de Outubro.
Segundo a produtora FF Filmes Fundo, a longa-metragem de João Botelho, rodada em 2007 e 2008, foi uma das 18 seleccionadas este ano para estrear mundialmente no festival nova-iorquino não-competitivo que não tem categorias e não atribui prémios.
Entre os filmes que serão exibidos no festival, que decorre no Ziegfeld Theatre de Nova Iorque, o destaque vai para "Changeling", de Clint Eastwood, com Angelina Jolie e John Malkovich, "Let it Rain", de Agnès Jaoui, "Summer Hours", de Olivier Assayas, "Ashes of Time Redux", de Wong Kar-Wai, e "Happy-Go-Lucky", de Mike Leigh.
"A Corte do Norte" conta a história, passada na Madeira, de cinco gerações de mulheres e tem como figura central Emília de Sousa, inspirada na actriz Emília das Neves, a primeira vedeta feminina da representação dramática em Portugal.
A actriz Ana Moreira protagoniza o filme, interpretando sete personagens diferentes em épocas distintas, entre 1860 e 1960. Integram igualmente o elenco do filme os actores Ricardo Aibéo, Rogério Samora, Laura Soveral, João Ricardo, Custódia Gallego e Margarida Vila-Nova, além de Rita Blanco e Virgílio Castelo, em participação especial.
Produzido por António da Cunha Telles (...) com o apoio do ICA (Instituto do Cinema e do Audiovisual) e da RTP, e inteiramente rodado em digital, "A Corte do Norte" será o primeiro filme português a ser projectado em 2k no circuito comercial.
A estreia nas salas de cinema portuguesas está prevista para a primeira quinzena de Novembro e contará com o apoio da Guimarães Editora, que reeditará o romance "Corte do Norte", publicado em 1987, e lançará ainda um álbum com fotografias e diálogos do filme.

in Público de 15 de Agosto de 2008

Blogando

Um muito interessante Blog sobre a vida cultural da Camacha pode ser encontrado em:

http://alternativacamacha.blogspot.com/

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Obrigado

Em Novembro do ano passado comecei a entrar devagarinho nesta aventura blogistica. Hoje em dia isso transformou-se quase num vício. Não passa um dia em que por aqui não deixe umas linhas. Não passa um dia em que não visite outros blogs que me preenchem de informação, de belos texto, de sonoridades de grande qualidade, etc.

E fiquem sabendo que os meus blogs de referência são, na sua grande maioria, de madeirenses que aqui encontram um espaço de liberdade e de livre expressão.

O "Best Of Madeira 1.0" atingiu ontem as dez mil visitas o que, mesmo sabendo que muitas são minhas, me enche de prazer.

Aqui fica o meu muito obrigado a todos os que têm tido a paciência de visitar este cantinho da web.

Um grande abraço

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

As Músicas da Minha Vida

Quando iniciei a rubrica "As Músicas da Minha Vida" nunca me passou pela cabeça que fossem tantas. Parecem cerejas. Logo que me lembro de uma vêm-lhe logo agarradas uma catrafada de outras, num movimento que parece não ter fim. É que eu tenho músicas para tudo, músicas que me apelam a recordações, a memórias. Na realidade as minhas memórias são quase que musicais. Ele há músicas que me lembram momentos, amizades, amores, azares, boas e más experiências. E acreditem que a todas valorizo.
Como são muitas decidi que passam a ter lugar por baixo do cabeçalho do Blog, para assim dedicar o restante espaço para as outras coisas.

Kool Klub


No próximo dia 20 inaugura-se mais um espaço nocturno na nossa cidade. Sou suspeito para falar uma vez que estou ligado a este novo projecto como RP. Aqui fica o Press Release para que fiquem com uma ideia do que pretendemos.

Depois é só aparecerem para bebermos um copo!



Press Release Kool Klub Kafe

1. Introdução
Imagine-se em casa. Imagine que lhe apetece sair e não tem para onde porque não se identifica com as propostas da noite que a nossa cidade lhe oferece. Pois foi a pensar em si que criámos a proposta Kool Klub Kafe, um conceito diferente a pensar em quem gosta de sair à noite com conforto e segurança.
Kool porque é uma proposta fresca e diferente onde você assume o papel principal e é a vedeta das nossas noites e festas.
Klub porque queremos tratar o conceito de clubing com seriedade por intermédio de um ambiente intimista e selecto.
Kafe porque será sempre um ponto de encontro de amigos, animado, descontraído e informal.

2. Localização
Estrategicamente localizado numa das zonas turísticas do Funchal, à sua volta convergem algumas das mais importantes artérias da cidade.
O Kool Klub Kafe fica na Rua do Favilla nº 5, mesmo ao lado do Pestana Carlton Hotel e do Hotel Savoy. E é aqui que encontrará uma equipa dinâmica e bem disposta que o acolherá com simpatia, num edifício reconstruído e concebido para saciar a ambição de “high quality” que toda a equipa Kool lhe quer proporcionar.

3. Memória Descritiva
O bom projecto de animação criado para este espaço não pode estar dissociado de uma base arquitectónica e decorativa de grande nível.
O projecto teve o seu início à quatro anos pela mão de Pablo Fernandes que soube associar ao conceito os nomes do arquitecto Pedro Souto e do decorador Marco Silva.
Respeitou-se a fachada principal porque a tal obrigava o plano de pormenor da zona e em contrapartida Pedro Souto deu asas à sua criatividade na fachada posterior que deixa transparecer aí a arquitectura vanguardista do interior.
O edifício distribui-se por quatro pisos: três de animação e um de serviços.
A necessidade de criar um espaço amplo evitou a construção de barreiras físicas e privilegiou a relação interior exterior através de janelas amplas e zona de esplanada que finaliza um percurso iniciado na entrada principal.
A qualidade construtiva é revestida por acabamentos funcionais que visam o conforto, a segurança e os parâmetros estéticos previamente definidos.
Esta base arquitectónica teve continuidade decorativa por Marco Silva que soube interpretar a ideia inicial de Pablo Fernandes. Este designer do Porto Santo tem já uma carteira de intervenções de grande qualidade das quais se destaca o Dokaki no Penedo do Sono.
O Kool é amigo do ambiente uma vez que toda a energia necessária para aquecer água é solar.

4. Horário e Proposta de Animação
Numa fase inicial a portas estarão abertas entre as 22h e as 06h, de quarta-feira a domingo, estando o espaço disponível às segundas e às terças para noites empresariais.
As quartas feiras serão noites de Kooltura, onde se privilegiará a música ao vivo de diferentes estilos, dos blues à bossa nova, do rock ao jazz, do pop ao ambient.
As noites KoolGirl terão lugar às quintas feiras, num conceito de Ladys Night, com DJ’s de qualidade que propõem sonoridades que andarão entre o House e o Funky House.
Sextas, sábados e vésperas de feriado estão reservados para as KoolNights. Os três pisos de animação estarão a funcionar em simultâneo com conceitos diferentes. O piso de entrada estará a cargo dos Mashup Brigade com sonoridades que navegarão entre Salsa Sound, Brazilian Grooves, Gypsy Tune, Mashup e 80’s entre outros. Subindo as escadas está um espaço direccionado para um público mais jovem onde o House, o Deep House e o Electro fazem as honras. Se quiser relaxar suba ao último andar e desfrute do nosso espaço de Chill Out na zona da esplanada aberta de quarta a domingo.
Os domingos serão dias dos Koolegas Chapter. Ambiente soft numa proposta de animação direccionada para grupos.

5. Projectos Futuros
Promover cultura por intermédio de parcerias que privilegiem o teatro, as exposições, desfiles, dança, festivais temáticos, etc.

6. Conclusão
Agora que se inteirou do nosso projecto: B. Kool e visite-nos!!!

Obras

Cuidado!
Homens e Máquinas em Movimento


Estamos em obras de remodelação, por isso, nos próximos dias não estranhem se as coisas ficarem algo esquisitas.


Um abraço a todos e um excelente fim de semana!

Exertando - Miguel Esteves Cardoso - Os Meus Problemas

Fazer um registo de propriedade é chato e difícil mas fazer uma declaração de amor ainda é pior. Ninguém sabe como. Não há minuta. Não há sequer um despachante ao qual o premente assunto se possa entregar. As declarações de amor têm de ser feitas pelo próprio. A experiência não serve de nada - por muitas declarações que já se tenham feito, cada uma é completamente diferente das anteriores. No amor, aliás, a experiência só demonstra uma coisa: que não tem nada que estar a demonstrar coisíssima nenhuma.
É verdade - começa-se sempre do zero. Cada vez que uma pessoa se apaixona, regressa à suprema inocência, inépcia e barbárie da puberdade. Sobem-nos as bainhas das calças nas pernas e quando damos por nós estamos de calções. A experiência não serve de nada na luta contra o fogo do amor. Imaginem-se duas pessoas apanhadas no meio de um incêndio, sem poderem fugir, e veja-se o sentido que faria uma delas virar-se para a outra e dizer: «Ouve lá, tu que tens experiência de queimaduras do primeiro grau...»

Pode ter-se sessenta anos. Mas no dia em que o peito sacode com as aurículas a brincar aos carrinhos-de-choque com os ventrículos, Deus Nosso Senhor carrega no grande botão «CLEAR» que mandou pôr na consola consoladora dos nossos corações. Esquece-se de tudo. Que garfo usar com o peixe. Que flores comprar. Que palavras dizer. Que gravata com que raio de casaco hei-se usar? Sabe-se nada. Nicles.

(...)


Miguel Esteves Cardoso
in Os Meus Problemas

Musicando - Músicas da Minha Vida (11)

Zeca Baleiro - Lenha




Letra


Eu não sei dizer
O que quer dizer
O que vou dizer
Eu amo você
Mas não sei o quê
Isso quer dizer...

Eu não sei por que
Eu teimo em dizer
Que amo você
Se eu não sei dizer
O que quer dizer
O que vou dizer...

Se eu digo: Pare!
Você não repare
No que possa parecer
Se eu digo: Siga!
O que quer que eu diga
Você não vai entender
Mas se eu digo: Venha!
Você traz a lenha
Pro meu fogo acender
Mas se eu digo: Venha!
Você traz a lenha
Pro meu fogo acender...

(repete do início)

Mas se eu digo: Venha!
Você traz a lenha
Pro meu fogo acender...(5x)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

amem.se foda.se. 365, e às vezes 366 vezes.

Les Amoureux, Pablo Picasso


amem.se foda.se. 365, e às vezes 366 vezes.
descompliquem.se e produzam o sentir. às vezes penso que sabem alguma coisa que desconheço. que nos auto.reproduzimos e morremos e renascemos e temos sempre novas oportunidades e podemos repetir o erro e repetir o erro e repetir o erro vezes e vezes sem conta como se tivéssemos todo o tempo do mundo para isso. como se tudo fosse um eterno recomeçar e que no recomeçar pudéssemos corrigir os erros passados.

amem.se foda.se. 365, e às vezes 366 vezes.
agarrem e sofregamente atirem.se para o abismo sabendo que os pés andam um atrás do outro. um atrás do outro. bebam avidamente tudo o que vos apareça à frente. como se a sede fosse eterna. como se a sede vos devorasse de dentro para fora. e comam.se. comam.se começando pelos pés e terminando na cabeça quando a perderem completamente.

amem.se foda.se. 365, e às vezes 366 vezes.
mas amem.se devagarinho como se fosse a última vez. como se tudo acabasse ao virar da esquina. e beijem.se. muitas e muitas vezes. e troquem.se... e multipliquem.se... e desdobrem.se... e admirem.se... e toquem.se... e abracem.se... porque o abraçar é trocar de lugar. eu sou tu e tu és eu!!!!

amem.se foda.se. 365, e às vezes 366 vezes.

12 de Agosto de 2008 - Nuno Morna

terça-feira, 12 de agosto de 2008

António Aragão (2)


Poemas encontrados, de António Aragão, publicado no 1º caderno da PO-EX:


António Aragão, Bancu


Nelson Veríssimo nos seus "Passos na Calçada" leva-nos numa pequena viagem pela obra de António Aragão. Vale a pena ler, principalmente para quem desconheça a sua enorme dimensão:


António Aragão

Faleceu um nome maior da cultura madeirense. De certo que a partir de hoje estamos muito mais pobres. Homem das artes e das letras insulares esteve também empenhadíssimo na recolha do nosso património musical no inicio dos anos 70 do século passado. Experimentalista, para António Aragão o limite era o da imaginação fértil que o iluminava.
Escritor, poeta, pintor, historiador, dramaturgo, escultor, a sua marca indelével tornou-nos mais ricos. Incompreendido por muitos nunca teve em vida o reconhecimento que merecia.

Repito: ficámos mais pobres, muito mais pobres!!!!!


A este respeito escreve o DN/Madeira de hoje:


"Como nada. Não me interessa saber o que sou, o que deixo de ser nem o que vou ser porque vou para debaixo da terra." Assim respondia António Aragão há alguns anos em entrevista à TSF, quando questionado como gostaria de ser recordado. A ilustre figura de vulto da cultura madeirense e nacional faleceu ontem à tarde, aos 87 anos, vítima de doença prolongada, em casa, no Funchal. Segundo Marcos Aragão (filho), o funeral será amanhã.
Natural de S. Vicente (nasceu em Julho de 1921), António Manuel de Sousa Aragão foi um artista plástico multifacetado (pintura e escultura), expondo em Barcelona, Londres, etc, destacando-se também na historiografia, investigação, dramaturgia, romance e, sobretudo, na poesia. Foi um dos colaboradores, com o poeta Herberto Hélder e Jorge Freitas, da colectânea 'Arquipélago', sendo, inclusive, com o primeiro, um dos responsáveis pela introdução do experimentalismo poético em Portugal. Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas e ainda em Arquivismo e Biblioteconomia, chegou a realizar estudos em Paris e Roma. Além de ter sido Conservador do Arquivo Distrital do Funchal (actual ARM) e proprietário, em Lisboa, de uma galeria de arte e editora, colaborou na imprensa. Integrou antologias e co-fundou cadernos de poesia. 'Poema Primeiro' (1962), 'Mais exacta mente p(r)o(bl)emas' (1968), 'Poema Azul e Branco' (1970), 'Um Buraco na Boca' (romance, 1971), 'Desastre Nu' (teatro) são cinco das suas obras. O historiador Rui Carita recordou-o como "um grande amigo e uma das grandes figuras da cultura portuguesa do século XX". Já o também amigo e ex-governante da Cultura, João Carlos Abreu, como "uma pessoa brilhante", de "uma envergadura intelectual muito grande" e "um excelente conversador".

João Filipe Pestana


Excertando - Miguel de Castro Henriques- "Uma Menina de Sete Gatos ou o Saldo de Eüler"

Perceber Fantasmas

Era uma vez um fantasma pequenino, um gafanhoto e um pedacinho de papel.
O papel queria ficar todo escrito com histórias muito bonitas, o gafanhoto queria ficar escrito com couves e agriões, fossem bonitos ou não, e o fantasma queria estar em toda a parte - como Deus. Só que para ser Deus é preciso muito jeito. Mas o fantasma não sabia isso e começou a ser Deus.
Isto é, começou a julgar que era Deus.
(...)

Miguel de Castro Henriques
Uma Menina de Sete Gatos ou o Saldo de Eüler

Miguel de Castro Henriques (Buenos Aires, 5 de Junho de 1954) é um escritor, poeta, pintor e tradutor, representante do surrealismo português.
Frequentou a Faculdade de Medicina de Lisboa e estudou filosofia na Faculdade de Vincennes, onde foi aluno de Gilles Deleuze. Durante a sua estadia em Paris em 1971 frequenta a Academia IFIF de La Petite Lune. Com João de Sousa Monteiro fundou o Movimento Abaldista ou Abald, em ano incerto. Fez parte do grupo dissidente "Os Surrealistas" do qual fazem parte entre outros os seguintes poetas Virgílio Martinho, Herberto Helder, António Quadros, M. S. Lourenço, Nicolau Saião, Mário Botas, Hermínio Monteiro e Miguel de Castro Henriques. Mais tarde com Mário Cesariny e M. S. Lourenço fundou o Bureau Surrealista.
Miguel de Castro Henriques tem também praticado a escrita e a pintura automática, e alguns dos seus livros de contos, como "Uma Nuvem num Pote de Barro" e "Uma Menina de Sete Gatos ou o Saldo de Eüler" foram publicados pela Assírio&Alvim.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Lendo - O Meu Nome É Legião

Acabei de ler em duas pernadas neste fim-de-semana "O Meu Nome É Legião" de António Lobo Antunes. Sou dos poucos que navegam entre Saramago e Lobo Antunes sem conseguir decidir de qual gosta mais. Acho que numas coisas Saramago é melhor e noutras Lobo Antunes prevalece.
De qualquer modo são, sem qualquer dúvida, dois dos maiores vultos da língua portuguesa e já ganharam o seu lugar no panteão dos nossos maiores escritores.

O livro começa como um relatório de polícia, descrevendo a vida de um gang numa zona a que se chama simplesmente Bairro e que nos pode fazer evocar um qualquer bairro periférico de uma grande cidade.
A legião que é referida no título reporta-se a uma citação do Evangelho de São Lucas, mais precisamente ao seguinte excerto: "(...) Quando desceu para terra veio-lhes ao encontro um homem da cidade, possesso de vários demónios, que desde há muito não se vestia nem vivia em casa mas nos túmulos. Ao ver Jesus prostrou-se diante dele, gritando em alta voz: 'Que tens que ver comigo Jesus, filho de Deus altíssimo? Peço-te que não me atormentes!» (...) Jesus perguntou-lhe: 'Qual é o teu nome?' 'O meu nome é Legião'— respondeu.
Porque muitos demónios tinham entrado nele e suplicavam-lhe que os não mandasse para o abismo."
Com "O Meu Nome é Legião" percorremos, como se fosse a nossa vida, a vida de pessoas que vivem na pior parte do pior sítio do mundo – pessoas que são muitos, sendo o mesmo, e sendo esse «mesmo» uma parte oculta, desesperada e silenciosa de nós, que se esforça por acreditar que há uma salvação.
Cruzam-se histórias, tendo quase sempre como pano de fundo o bairro; os conflitos homem/mulher, ricos/probres, brancos/pretos; as histórias não acabam, e é normal - o autor mostra-nos que aquilo que existe de mais parecido com a salvação é esquecer tudo o que aconteceu e pensar:«Não tenho medo de vocês, não tenho medo de nada».

Ficamos aqui com uma entrevista dada por Lobo Antunes a Mário Crespo:



E com o press release da D. Quixote (a editora):




domingo, 10 de agosto de 2008

Musicando - As Músicas da Minha Vida (10)

Esta é recente e não me sai da cabeça.


Jorge Palma - Encosta-te a Mim



Letra

Encosta-te a mim,
nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim,
talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim,
dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou,
deixa-me chegar.
Chegado da guerra,
fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem,
não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói,
não quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.
Encosta-te a mim,
desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.
Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.
Tudo o que eu vi,
estou a partilhar contigo o que não vivi,
um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Opinando

No DN/Madeira de hoje José Manuel Morna Ramos escreve, e muito bem, sobre os cinzentos que temos que aturar todos os dias e em toda a parte. Boa primo!!!!
Com a devida vénia ao DN e ao Zé Manel aqui transcrevemos os escrito.

'Sorvete de pimpinela'

Na política há muitos! Basta abrir 3 jornais nacionais 3 dias seguidos para ver as "carinhas".

Há pessoas que nascem, crescem, vivem "cinzentas" e permanecem "cinzentas" até morrerem... "cinzentas", claro está! Isto, nada tem a ver com racismo, até porque não tenho qualquer sentimento do género; mas posso achar piada às larachas e anedotas, de pretos, brancos, louras, madeirenses, alentejanos, porto-santenses e belgas. São "histórias", que só pretendem a diversão pura, com as peculiaridades de cada um! E já agora, confunde-se muito, racismo com tribalismo e com outros grupos organizados em objectivos comuns. Onde os confrontos nada têm a ver, com a cor da pele, mas com rituais, usos, costumes e hábitos, alguns deles ancestrais, que tanto surgem em África, como em outro qualquer continente ou país. São "guerras" entre tribos, clãs, seitas, famílias, grupos étnicos, que se justificam, pela religião, pela política, disputas económicas várias, droga, "álcool", "urânio enriquecido", ou qualquer outro motivo duvidoso à imagem pública. E para que essas "guerras", sejam consumadas, temos uns "países-zinhos" - que são sempre os mesmos - para fornecer as armas, e provocar as catástrofes constantes, motivo de abertura dos telejornais.
Também, quando falo em "cinzentos", não me quero referir à "antiga" Albânia, com toda a gente vestida de cinzento, com bicicletas cinzentas, iguais, passeando na praça principal de Tirana, como se vê numa antiga imagem fotográfica, a cores.
Há mesmo pessoas, que quando nascem, até parece que já conhecem o seu percurso na vida, e sabem que vão "desfilar" durante anos a fio, passando despercebidos, ostentando a tal cor que escolhi, por não ser preto nem branco. E que no Reino Unido passariam totalmente invisíveis no "fog inglês"! E agora perguntam? Serão daltónicos? Não! Garantidamente não! Pela minha experiência e até porque tenho amigos daltónicos, confirmo que não são cinzentos. Até são um pouco excêntricos, e usam mesmo, roupas com cores desenquadradas - ex.: lilás-arroxeado -, fruto da percepção e desconexão cromáticas.
Como já entenderam, o cinzentismo, é um estado de espírito! Que nada tem a ver com a depressão ou a fibromialgia. Antes pelo contrário, os cinzentos nunca estão deprimidos - antes deprimem os outros - nem são queixosos permanentes como os fibromiálgicos. Têm sempre solução e resposta para tudo, mas depois não resulta em nada. São, o não e o sim, ao mesmo tempo e fica tudo na mesma!
Podemos vê-los em todas as profissões e os menos discretos são conhecidos como os "empatas"! Os brasileiros, que são sempre muito espirituosos, chamam-lhes: "picolet de xuxu", que quer dizer: "sorvete de pimpinela"! Na política há muitos! Basta abrir, três jornais nacionais, três dias seguidos, para ver as "carinhas", duma série deles! Estão sempre de "blazer", com calças... e gravata, sempre tudo em azul! E as conversas são sempre as mesmas... e não mudam! Estás igual, pá! E não te "ponho a vista em cima" p´ra i há 8 anos! Conversa! Quem está igual é mesmo o gajo! Põe cremes, faz massagens, vai à mani-pedicure, retoca e pinta o cabelo, toma antioxidantes, não corre, mas anda a pé - de fato de treino - não fuma, quanto muito um charutinho, e bebe só vinho tinto, para aumentar o "bom" colesterol.
Faz férias, alternadamente, no Algarve e na Ericeira, e leva sempre, dois livros para ler na praia, o Saramago e o Harold Robbins, conforme as companhias dos vizinhos de guarda-sol. Já "mexe" no computador, só na internet, nalguns sites, porque: - "a minha secretária já sabe fazer tudo"! E não se reformam, porque reformar é morrer! E são espertos, porque, como não sabem fazer mais nada, a reforma para eles é mesmo a morte. Mas um dia acabam por se reformar, em última instância e quase sempre têm uma festa de despedida ou uma homenagem discreta, fabricada, para poderem fazer um discurso, cinzento, tipo ... "saio, com a sensação, digo, - SENSAÇÃO - do dever cumprido"! O cumprimento do dever, pesa-se, mede-se, calcula-se e exprime-se em números, ... mas, não depende duma "sensação de leveza" ou dum "sentimento de peso" do ser humano.
Quando se consegue "focar" na retina, não é mau, mas, melhor ainda, é "focar" na retina e também, poder "focar" um pouco mais atrás, mesmo dentro do cérebro - "o chamado ver mais do que a vista alcança"! Por isso, talvez com o desenvolvimento das descobertas sobre o genoma humano, haverão de encontrar, com certeza, o cromossoma dos "cinzentos" para "cirurgicamente" o corrigirem. E ficaremos... livres!!, não direi, mas "dispensados" de os ter ao nosso lado, fazendo aquele papel "decorativo" permanente. Devemos tentar sempre, ser perfeccionistas e se possível dentro da nossa espécie, também,... porque devemos fazer tudo para tornar o NOSSO MUNDO melhor.

José Manuel Morna Ramos

Poema (XVII)

do mais profundo de mim
saltou a corrente eterna da ilha

nos movimentos bruscos de um barco
pesquei a interrogação

saltando de pico em pico
procurei o querer

no espaço incerto de uma cálida manhã
descobri que não entendi


não desconheço a estúpida razão de não ser ilha


Funchal, Novembro 1985

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Actuando - Algumas Interpretações de O Mercador de Veneza

Dois nomes incontornáveis da arte de representar apresentam-nos a sua versão do Monólogo de Shylock da peça de Shakespeare "O Mercador de Veneza". Magistral!!!!!
Al Pacino



Orson Welles

Musicando - Músicas da Minha Vida (9)

Frank Sinatra - Fly Me To The Moon




Letra

Fly me to the moon
And let me play among the stars
Let me see what spring is like
On Jupiter and Mars
In other words hold my hand
In other words darling kiss me
Fill my life with song
And let me sing forevermore
You are all I hope for
All I worship and adore
In other words please be true
In other words I love you

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Desabafo - Ainda a Propósito


Tenho-me deliciado a ler "Boca do Inferno" de Ricardo Araújo Pereira que reúne neste livro muitas das suas crónicas publicadas na revista Visão.
A propósito daquilo que escrevi sobre o fascismo português escreveu este "gato fedorento":



Polémica: Pulido Valente responde a Bush

Exmo. Sr.,

Primeiro que tudo, e antes que me esqueça: V. Exa. é um idiota. Foi sem dúvida nessa qualidade que, recentemente, se referiu aos fundamentalistas islâmicos como «fascistas». Numa altura em que, sabe Deus com que paciência, ando ocupado a explicar a alguns compatriotas (na sua maioria, idiotas) que é preciso usar de cautela e rigor quando se fala de fascismo, pode calcular como levo a mal a sua intervenção.

Aqui em Portugal (peça, por favor, à pessoa que lhe está a ler esta carta que lhe explique em que ponto da Europa fica Portugal. Peça depois à mesma pessoa que lhe explique o que é a Europa), tivemos um regime que certos indivíduos (boa parte dos quais idiotas) teimam em definir como fascista. Esta gente desconhece que só podemos chamar fascista a um regime quando se verificam certos parâmetros e que, por isso, só existiu um verdadeiro fascismo em certas regiões de Itália e, mesmo aí, só às segundas, quartas e sextas, e só da parte da tarde.

Veja como a questão é traiçoeira: o salazarismo, mesmo tendo um partido único, uma milícia fascista e uma organização paramilitar da juventude com claras afinidades com a juventude hitleriana (afinidades que o primeiro comissário da Mocidade Portuguesa, Nobre Guedes, sublinhava, aliás, com orgulho), não era fascista; mesmo tendo uma polícia política que prendia, torturava e matava, não era fascista; mesmo tendo um campo de concentração no Tarrafal, não era fascista. Em Portugal, os fascistas têm de se esforçar muito para serem fascistas. Durante o Estado Novo, era costume fazer a saudação romana, mas não havia fascismo. Repare como tudo isto é complexo e bonito. Dava um belo quadro de Magritte: Salazar a fazer a saudação romana, em frente de uma formação de legionários e outra de lusitos, e uma legenda a dizer: «Ceci n'est pas un fasciste». Muitas figuras destacadas do regime nutriam confessada admiração por Mussolini ou por Hitler, mas não eram fascistas. O Estatuto do Trabalho Nacional, uma lei fundamental do regime, era praticamente decalcado da Carta del Lavoro, da Itália de Mussolini, mas o Estado Novo não era fascista. No que toca a fascismo eu sou muito exigente.

E não sou o único. Alguns dos que, hoje, juram a pés juntos que o salazarismo não foi um fascismo já disseram o contrário no passado. O gosto para o fascismo educa-se, e a partir de certa altura a gente deixa de se contentar com pouco.

Peço-lhe, por isso, que reveja a sua definição de fascismo. Os fundamentalistas islâmicos (que, a propósito, são idiotas) não podem ser fascistas. Serão conservadores, autoritários, ultra-islamitas, mas fascistas não são, que eu não deixo.

Atentamente,

Vasco Pulido Valente


E mais palavras para quê?

PS: ainda gostava que me explicassem porque é que muito idiota que defende a inexistência do fascismo português é, normalmente, fanaticamente adepto de Pulido Valente. Não se atrevem a questionar nada do que diz ou faz. E no entanto o homem, a quem sem dúvida admiro a inteligência, é uma das mais patusca figuras da política e da cultura portuguesas!