No DN/Madeira de hoje José Manuel Morna Ramos escreve, e muito bem, sobre os cinzentos que temos que aturar todos os dias e em toda a parte. Boa primo!!!!
Com a devida vénia ao DN e ao Zé Manel aqui transcrevemos os escrito.
'Sorvete de pimpinela'
Na política há muitos! Basta abrir 3 jornais nacionais 3 dias seguidos para ver as "carinhas".
Há pessoas que nascem, crescem, vivem "cinzentas" e permanecem "cinzentas" até morrerem... "cinzentas", claro está! Isto, nada tem a ver com racismo, até porque não tenho qualquer sentimento do género; mas posso achar piada às larachas e anedotas, de pretos, brancos, louras, madeirenses, alentejanos, porto-santenses e belgas. São "histórias", que só pretendem a diversão pura, com as peculiaridades de cada um! E já agora, confunde-se muito, racismo com tribalismo e com outros grupos organizados em objectivos comuns. Onde os confrontos nada têm a ver, com a cor da pele, mas com rituais, usos, costumes e hábitos, alguns deles ancestrais, que tanto surgem em África, como em outro qualquer continente ou país. São "guerras" entre tribos, clãs, seitas, famílias, grupos étnicos, que se justificam, pela religião, pela política, disputas económicas várias, droga, "álcool", "urânio enriquecido", ou qualquer outro motivo duvidoso à imagem pública. E para que essas "guerras", sejam consumadas, temos uns "países-zinhos" - que são sempre os mesmos - para fornecer as armas, e provocar as catástrofes constantes, motivo de abertura dos telejornais.
Também, quando falo em "cinzentos", não me quero referir à "antiga" Albânia, com toda a gente vestida de cinzento, com bicicletas cinzentas, iguais, passeando na praça principal de Tirana, como se vê numa antiga imagem fotográfica, a cores.
Há mesmo pessoas, que quando nascem, até parece que já conhecem o seu percurso na vida, e sabem que vão "desfilar" durante anos a fio, passando despercebidos, ostentando a tal cor que escolhi, por não ser preto nem branco. E que no Reino Unido passariam totalmente invisíveis no "fog inglês"! E agora perguntam? Serão daltónicos? Não! Garantidamente não! Pela minha experiência e até porque tenho amigos daltónicos, confirmo que não são cinzentos. Até são um pouco excêntricos, e usam mesmo, roupas com cores desenquadradas - ex.: lilás-arroxeado -, fruto da percepção e desconexão cromáticas.
Como já entenderam, o cinzentismo, é um estado de espírito! Que nada tem a ver com a depressão ou a fibromialgia. Antes pelo contrário, os cinzentos nunca estão deprimidos - antes deprimem os outros - nem são queixosos permanentes como os fibromiálgicos. Têm sempre solução e resposta para tudo, mas depois não resulta em nada. São, o não e o sim, ao mesmo tempo e fica tudo na mesma!
Podemos vê-los em todas as profissões e os menos discretos são conhecidos como os "empatas"! Os brasileiros, que são sempre muito espirituosos, chamam-lhes: "picolet de xuxu", que quer dizer: "sorvete de pimpinela"! Na política há muitos! Basta abrir, três jornais nacionais, três dias seguidos, para ver as "carinhas", duma série deles! Estão sempre de "blazer", com calças... e gravata, sempre tudo em azul! E as conversas são sempre as mesmas... e não mudam! Estás igual, pá! E não te "ponho a vista em cima" p´ra i há 8 anos! Conversa! Quem está igual é mesmo o gajo! Põe cremes, faz massagens, vai à mani-pedicure, retoca e pinta o cabelo, toma antioxidantes, não corre, mas anda a pé - de fato de treino - não fuma, quanto muito um charutinho, e bebe só vinho tinto, para aumentar o "bom" colesterol.
Faz férias, alternadamente, no Algarve e na Ericeira, e leva sempre, dois livros para ler na praia, o Saramago e o Harold Robbins, conforme as companhias dos vizinhos de guarda-sol. Já "mexe" no computador, só na internet, nalguns sites, porque: - "a minha secretária já sabe fazer tudo"! E não se reformam, porque reformar é morrer! E são espertos, porque, como não sabem fazer mais nada, a reforma para eles é mesmo a morte. Mas um dia acabam por se reformar, em última instância e quase sempre têm uma festa de despedida ou uma homenagem discreta, fabricada, para poderem fazer um discurso, cinzento, tipo ... "saio, com a sensação, digo, - SENSAÇÃO - do dever cumprido"! O cumprimento do dever, pesa-se, mede-se, calcula-se e exprime-se em números, ... mas, não depende duma "sensação de leveza" ou dum "sentimento de peso" do ser humano.
Quando se consegue "focar" na retina, não é mau, mas, melhor ainda, é "focar" na retina e também, poder "focar" um pouco mais atrás, mesmo dentro do cérebro - "o chamado ver mais do que a vista alcança"! Por isso, talvez com o desenvolvimento das descobertas sobre o genoma humano, haverão de encontrar, com certeza, o cromossoma dos "cinzentos" para "cirurgicamente" o corrigirem. E ficaremos... livres!!, não direi, mas "dispensados" de os ter ao nosso lado, fazendo aquele papel "decorativo" permanente. Devemos tentar sempre, ser perfeccionistas e se possível dentro da nossa espécie, também,... porque devemos fazer tudo para tornar o NOSSO MUNDO melhor.
José Manuel Morna Ramos