quarta-feira, 30 de julho de 2008

Lugares - Fanal

Ao tempo que por aqui não passava... Num passeio bem preenchido com excelente gastronomia e conversas com amigos fugídios, o Fanal estava ao seu melhor!


segunda-feira, 28 de julho de 2008

Músicando - As Músicas da Minha Vida (8)

Focus - Sylvia/Hocus Pocus



s/Letra

Músicando - Musicas da Minha Vida (7)

Gentle Giant - Playing The Game


Letra

As I hold the key to the back door
of the world I feel my
Hand touching bounds never had before.
I can view the power of my position and my
eyes can see more than anyone in any place,
I'll play the game and never ever lose.

I'm the king in fighting competition
and the other pieces
are there for my art and my tactics now.
All my games are won before they're played for
I have planned that no opposition can stage a fight
I'll play the game and never ever lose.

My thoughts never spoken only the
visions inside my head
the truth never broken
within my silent words left unsaid.

I will steer the helm of all the nation
as the captain
take my rewards for all the good I'm doing now,
and no words that I'm the knave will alter my
philosophy for if any are heard, the games started
again I'll never ever lose.

Músicando - As Músicas da Minha Vida (6)

Jethro Tull - Aqualung


Letra

Sitting on a park bench
eyeing little girls with bad intent.
Snot running down his nose
greasy fingers smearing shabby clothes.
Drying in the cold sun
Watching as the frilly panties run.
Feeling like a dead duck
spitting out pieces of his broken luck.
Sun streaking cold
an old man wandering lonely.
Taking time
the only way he knows.
Leg hurting bad,
as he bends to pick a dog-end
he goes down to the bog
and warms his feet.

Feeling alone
the army's up the rode
salvation à la mode and
a cup of tea.
Aqualung my friend
don't start away uneasy
you poor old sod, you see, it's only me.
Do you still remember
December's foggy freeze
when the ice that
clings on to your beard is
screaming agony.
And you snatch your rattling last breaths
with deep-sea-diver sounds,
and the flowers bloom like
madness in the spring.

Músicando - As Músicas da Minha Vida (5)

DEEP PURPLE - SMOKE ON THE WATER




Letra

We all came out to montreux
On the lake geneva shoreline
To make records with a mobile
We didnt have much time
Frank zappa and the mothers
Were at the best place around
But some stupid with a flare gun
Burned the place to the ground
Smoke on the water, fire in the sky

They burned down the gambling house
It died with an awful sound
Funky claude was running in and out
Pulling kids out the ground
When it all was over
We had to find another place
But swiss time was running out
It seemed that we would lose the race
Smoke on the water, fire in the sky

We ended up at the grand hotel
It was empty cold and bare
But with the rolling truck stones thing just outside
Making our music there
With a few red lights and a few old beds
We make a place to sweat
No matter what we get out of this
I know well never forget
Smoke on the water, fire in the sky

domingo, 27 de julho de 2008

Lendo - João Ubaldo Ribeiro Ganha Prémio Camões


O escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro foi o eleito pelo júri da 20ª edição do Prémio Camões, o mais importante galardão atribuído a autores de língua portuguesa.
Autor de romances como “Sargento Getúlio”, “Viva o Povo Brasileiro" ou o mais recente “A Casa dos Budas Ditosos”, Ubaldo Ribeiro estendeu a sua produção literária aos contos infantis, ensaio, traduções e adaptações para cinema e televisão, a que se juntam as crónicas na imprensa brasileira.
O presidente do júri Ruy Espinheira Filho justificou a atribuição do galardão com "alto nível da obra literária" do escritor baiano, "especialmente densa das culturas portuguesa, africanas e dos habitantes originais do Brasil".
Espinheira Filho explicou que, sem trair "o espírito" do prémio, o júri da 20 ª edição "decidiu que centraria a sua discussão em escritores brasileiros". "Esses é que foram trazidos para análise no concurso de hoje", adiantou o jornalista e escritor, sem revelar os outros nomes da lista.
"Não foi fácil a decisão. Todos os candidatos discutidos eram à altura do prémio", reconheceu, sublinhando, porém, que João Ubaldo Ribeiro foi escolhido com uma "maioria significativa".
Instituído pelos governos português e brasileiro em 1988, o Prémio Camões distingue, anualmente, um autor que, pelo conjunto da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa.
Miguel Torga foi o primeiro autor distinguido, em 1989, e desde então o galardão foi atribuído a nove portugueses - Lobo Antunes foi o vencedor da última edição - oito brasileiros, dois angolanos e um moçambicano.

Jornalismo, romances e adaptações no currículo

Nascido em 1941 na Ilha de Itaparica, Baía, e depois de uma infância marcada pelos estudos literários orientados pelo pai, João Ubaldo Ribeiro estreia-se aos 16 anos como jornalista no “Jornal da Baía”, ainda antes de ingressar no curso de Direito, licenciando-se numa profissão que nunca chegará a exercer.
Na universidade, toma parte nos movimentos literários estudantis, mas só em 1963 escreve o seu primeiro romance “Setembro não Faz Sentido” (já depois de ter assinado vários contos), livro que será editado dois anos depois, com o patrocínio de Jorge Amado. Seguem-se “Sargento Getúlio” (1971), obra que lhe valerá a atenção da crítica e que viria a ser editado nos EUA oito anos depois.
Em 1984, já depois de uma residência literária em Lisboa, graças a uma bolsa concedida pela Gulbenkian, Ubaldo Ribeiro publica o romance “Viva o povo brasileiro”, passado na ilha natal de Itaparica e através do qual desfia quatro séculos da história do Brasil.
No final da década, estreia “O Sorriso do Lagarto”, que como várias das suas obras é adaptada nos anos seguintes para formato televisivo ("Sargento Getúlio" chega mesmo ao cinema, em 1983, numa realização de Hermano Penna).
Em 1996, foi responsável pela adaptação para o cinema do romance de Jorge Amado "Tieta do Agreste", e três anos depois publica “A Casa dos Budas Ditosos”, que obtém enorme sucesso de vendas e é rapidamente traduzido para várias línguas. Em Portugal, a polémica instala-se depois de duas cadeias de supermercados terem decidido proibir a venda do livro nos seus espaços, dado o seu conteúdo erótico, incidente que acabou por contribuir para o aumento das vendas do romance.
in Público (edição On-Line)

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Cinema - Batman, O Cavaleiro das Trevas

Título original: The Dark Knight
Realizador: Christopher Nolan
Com: Christian Bale, Michael Caine, Heath Ledger, Maggie Gyllenhaal
Género: Acção - Crime - Drama - Mistério - Thriller
Classificacao: M/12
Origem: EUA
Duração: 150 min.

Site Oficial: http://thedarkknight.warnerbros.com/

O Cavaleiro das Trevas, sequela do êxito de acção Batman – O Início, chega-nos pela mão do realizador Christopher Nolan e tem como actor principal Christian Bale, no papel de Batman / Bruce Wayne.
Em O Cavaleiro das Trevas, Batman continua a sua luta contra o crime. Com a ajuda do Tenente Jim Gordon e do Procurador Distrital, Harvey Dent, Batman pretende destruir as restantes organizações criminosas que controlam as ruas da cidade.
A parceria parece revelar-se eficaz, até começar um verdadeiro reinado de terror, desencadeado por uma mente genial, mas criminosa, mais conhecido pelos assustados cidadãos de Gotham como Joker.
O saudoso Heath Ledger é o vilão Joker e Aaron Eckhart desempenha o papel do Procurador Distrital Harvey Dent.
Estreia hoje entre nós este que é o mais negro de todos os filmes da série. E para mim talvez o melhor de todos!


quarta-feira, 23 de julho de 2008

Desabafando

Acreditem que começo a estar farto desta merda. Anda um gajo para aqui a trabalhar, a queimar neurónios para criar coisas novas e diferentes e passa a vida a ser desconsiderado por gente menor e sem nível que de cultura nada entende e sofre daquele imbecil síndroma de que o que vem de fora é que é bom e o que aqui é produzido é de segunda.
Pagam-se milhares de euros a projectos importados e discutem-se as migalhas que pedimos pelo nosso trabalho muitas das vezes feito em condições muito difíceis.
Arre porra que o que apetece mesmo é "embalar a trouxa e zarpar", como dizia o Zeca!!!!

Poema (XVI)


Epitáfio Para o Séc. XX

1. Aqui jaz um século
onde houve duas ou três guerras
mundiais e milhares
de outras pequenas
e igualmente bestiais.

2. Aqui jaz um século
onde se acreditou
que estar à esquerda
ou à direita
eram questões centrais.

3. Aqui jaz um século
que quase se esvaiu
na nuvem atómica.
Salvaram-no o acaso
e os pacifistas
com sua homeopática
atitude
-nux vômica.

4. Aqui jaz o século
que um muro dividiu.
Um século de concreto
armado, canceroso,
drogado, empestado,
que enfim sobreviveu
às bactérias que pariu.

5. Aqui jaz um século
que se abismou
com as estrelas
nas telas
e que o suicídio
de supernovas
contemplou.
Um século filmado
que o vento levou.

6. Aqui jaz um século
semiótico e despótico,
que se pensou dialético
e foi patético e aidético.
Um século que decretou
a morte de Deus,
a morte da história,
a morte do homem,
em que se pisou na Lua
e se morreu de fome.

7. Aqui jaz um século
que opondo classe a classe
quase se desclassificou.
Século cheio de anátemas
e antenas, sibérias e gestapos
e ideológicas safenas;
século tecnicolor
que tudo transplantou
e o branco, do negro,
a custo aproximou.

8. Aqui jaz um século
que se deitou no divã.
Século narciso & esquizo,
que não pôde computar
seus neologismos.
Século vanguardista,
marxista, guerrilheiro,
terrorista, freudiano,
proustiano, joyciano,
borges-kafkiano.
Século de utopias e hippies
que caberiam num chip.

9. Aqui jaz um século
que se chamou moderno
e olhando presunçoso
o passado e o futuro
julgou-se eterno;
século que de si
fez tanto alarde
e, no entanto,
- já vai tarde.

10. Foi duro atravessá-lo.
Muitas vezes morri, outras
quis regressar ao 18
ou 16, pular ao 21,
sair daqui
para o lugar nenhum.

11.Tende piedade de nós, ó vós
que em outros tempos nos julgais
da confortável galáxia
em que irónico estais.
Tende piedade de nós
- modernos medievais -
tende piedade como Villon
e Brecht por minha voz
de novo imploram. Piedade
dos que viveram neste século
per seculae seculorum.


Affonso Romano de Sant'Anna

terça-feira, 22 de julho de 2008

Musicando - Raízes do Atlântico


A XIV edição do Raízes do Atlântico, um dos mais antigos festivais de world music em Portugal, começa já na próxima 4ª feira dia 23 e prolonga-se até 26 de Julho, no Auditório do Jardim Municipal do Funchal.
Não sendo dos melhores anos o cartaz de 2008 é interessante q.b., trazendo à Madeira bandas como os alemães Polkaholix, os transmontanos Fadomorse e as italianas ASSURD, com os seus acordeões e vozes do sul de Itália.
Da Madeira, o destaque vai para a estreia de Vítor Sardinha no Festival, com o projecto RAJAME, e ainda para os concertos dos Xarabanda e Banda D’Além com convidados especiais.
A completar o cartaz madeirense temos os Encontros da Eira e os Si Que Brade.




Fadomorse




Polkaholix




ASSURD




Xarabanda




Rajame




Encontros da Eira




Banda d'Além

segunda-feira, 21 de julho de 2008

sábado, 19 de julho de 2008

Musicando - As Músicas da Minha Vida (4)

Genesis - The Carpet Crawlers





Letra

The crawlers cover the floor in the red ochre corridor
For my second sight of people, they've more lifeblood than before
They're moving in time to a heavy wooden door
Where the needle's eye is winking, closing on the poor
The carpet crawlers heed their callers:
"We've got to get in to get out
We've got to get in to get out
We've got to get in to get out"

There's only one direction in the faces that I see
It's upward to the ceiling, where the chamber's said to be
Like the forest fight for sunlight, that takes root in every tree
They are pulled up by the magnet, believing they're free
The carpet crawlers heed their callers:
"We've got to get in to get out
We've got to get in to get out
We've got to get in to get out"

Mild-mannered supermen are held in kryptonite
And the wise and foolish virgins giggle with their bodies glowing bright
Through the door a harvest feast is lit by candlelight
It's the bottom of a staircase that spirals out of sight
The carpet crawlers heed their callers:
"We've got to get in to get out
We've got to get in to get out
We've got to get in to get out"

The porcelain mannikin with shattered skin fears attack
And the eager pack lift up their pitchers - they carry all they lack
The liquid has congealed, which has seeped out through the crack
And the tickler takes his stickleback
The carpet crawlers heed their callers:
"We've got to get in to get outWe've got to get in to get out
We've got to get in to get out ... "

Musicando - As Músicas da Minha Vida (3)

The Doors - Road House Blues





Letra

Yeah, keep your eyes on the road, your hands upon the wheel
Keep your eyes on the road, your hands upon the wheel
Yeah, we're goin' to the Roadhouse
We're gonna have a real
Good time

Yeah, back at the Roadhouse they got some bungalows
Yeah, back at the Roadhouse they got some bungalows
And that's for the people
Who like to go down slow

Let it roll, baby, roll
Let it roll, baby, roll
Let it roll, baby, roll
Let it roll, all night long

Do it, honey, do it

You gotta roll, roll, roll
You gotta thrill my soul, all right
Roll, roll, roll, roll
Thrill my soul
You gotta beep a gunk a chucha
Honk konk konk
You gotta each you puna
Each ya bop a luba
Each yall bump a kechonk
Ease sum konk
Ya, ride

Ashen lady, Ashen lady
Give up your vows, give up your vows
Save our city, save our city
Right now

Well, I woke up this morning, I got myself a beer
Well, I woke up this morning, and I got myself a beer
The future's uncertain, and the end is always near

Let it roll, baby, roll
Let it roll, baby, roll
Let it roll, baby, roll
Let it roll, all night long

Musicando - As Músicas da Minha Vida (2)

Bob Dylan -The Times They Are A-Changin'

Letra
Come gather 'round people
Wherever you roam
And admit that the waters
Around you have grown
And accept it that soon
You'll be drenched to the bone.
If your time to you
Is worth savin'
Then you better start swimmin'
Or you'll sink like a stone
For the times they are a-changin'.

Come writers and critics
Who prophesize with your pen
And keep your eyes wide
The chance won't come again
And don't speak too soon
For the wheel's still in spin
And there's no tellin' who
That it's namin'.
For the loser now
Will be later to win
For the times they are a-changin'.

Come senators, congressmen
Please heed the call
Don't stand in the doorway
Don't block up the hall
For he that gets hurt
Will be he who has stalled
There's a battle outside
And it is ragin'.
It'll soon shake your windows
And rattle your walls
For the times they are a-changin'.

Come mothers and fathers
Throughout the land
And don't criticize
What you can't understand
Your sons and your daughters
Are beyond your command
Your old road is
Rapidly agin'.
Please get out of the new one
If you can't lend your hand
For the times they are a-changin'.

The line it is drawn
The curse it is cast
The slow one now
Will later be fast
As the present now
Will later be past
The order is
Rapidly fadin'.
And the first one now
Will later be last
For the times they are a-changin'.

Musicando - Músicas da Minha Vida (1)

Rage Against The Machine - Killing In The Name



Letra:

Killing in the name of!
Some of those that were forces are the same that burn crosses
Some of those that were forces are the same that burn crosses
Some of those that were forces are the same that burn crosses
Some of those that were forces are the same that burn crosses
Huh!

Killing in the name of!
Killing in the name of

And now you do what they told ya (11 times)
But now you do what they told ya
Well now you do what they told ya

Those who died are justified, for wearing the badge, they're the chosen whites
You justify those that died by wearing the badge, they're the chosen whites
Those who died are justified, for wearing the badge, they're the chosen whites
You justify those that died by wearing the badge, they're the chosen whites

Some of those that were forces are the same that bore crosses
Some of those that were forces are the same that bore crosses
Some of those that were forces are the same that bore crosses
Some of those that were forces are the same that bore crosses
Uggh!

Killing in the name of!
Killing in the name of

And now you do what they told ya (4 times)
And now you do what they told ya, now you're under control (7 times)
And now you do what they told ya!

Those who died are justified, for wearing the badge, they're the chosen whites
You justify those that died by wearing the badge, they're the chosen whites
Those who died are justified, for wearing the badge, they're the chosen whites
You justify those that died by wearing the badge, they're the chosen whites
Come on!

(Guitar solo: 'Yeah! Come on!')

Fuck you, I won't do what you tell me (8 times building to a shout)
Fuck you, I won't do what you tell me! (8 times screamed/shouted)
Motherfucker!
Uggh!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Lendo - As Redacções da Guidinha

"As Redacções da Guidinha" foram uns textos de crítica de costumes, sob a forma de redacção escolar sem qualquer pontuação, escritos nos finais da década de 60 por uma suposta menina moradora no bairro da Graça, em Lisboa

O autor dos textos foi o escritor Luís de Sttau Monteiro e estes foram publicados entre 1969 e 1970 no suplemento humorístico do saudoso "Diário de Lisboa", chamado "A Mosca". Esta personagem viria a aparecer mais tarde, já depois do 25 de Abril no semanário "O Jornal".

No tempo, Marcelo Caetano substituíra Salazar na presidência do concelho do governo e tinha prometido uma abertura política do regime, que ficou conhecida por "Primavera Marcelista". Foi no sentido de aproveitar esta efémera e pseudo-abertura que surgiu o suplemento "A Mosca", procurando dizer a brincar algumas coisas que até então não se podiam dizer.

"As Redacções da Guidinha" foram reunidas em livro e publicadas pela Areal Editores à cerca de cinco anos. Um excelente documento para que se procure compreender melhor os últimos anos da ditadura.

Aqui fica uma das Guidinhices:

O PAI NATAL

"Tretas tretas tretas a mim é que não me levam mais era o que faltava ou um ou outro é um aldrabão disseram-me que o pai natal descia pela chaminé e eu acendi o fogão para lhe queimar o rabo para ele dar um grito para eu o ver e nicles quem ficou com o rabo a arder fui eu que levei bumba no toutiço por ter gasto gás é só para ver como as coisas são disseram-me que ele trazia presentes do céu e o que ele me trouxe foi uma camisola que eu vi numa montra duma loja em saldo com o preço e tudo isto quer dizer que o Céu fica na Rua dos Fanqueiros ou que me aldrabaram por eu ser criança é o que eu digo mentem à gente mal a gente nasce e depois queixam-se de que a gente em grande queira ir para a política outra coisa que o pai natal me deu foi um compêndio de Ciências Naturais aprovado para o primeiro ano ora abóbora que se eu fosse má até ficava a pensar que o pai natal é o meu pai o que vale é que eu sou boa até ver sim até ver que se me pregam outra partida como esta vão ver como é que eu sou por dentro porque lá por dentro sou má como as cobras se julgam que eu saio à minha Mãe enganam-se lá no fundo eu saio ao meu pai mas não quero que se saiba para salvar o toutiço que se ele adivinha isso é bumba no toutiço até mais não outra malandrice que me fizeram foi darem-me um cavalinho de madeira que o meu avô comprou para levar à maternidade quando eu nasci a pensar que eu era menino mas o diabo do velho quando viu a enfermeira mudar-me a fralda meteu o cavalinho no bolso e foi a correr comprar uma roca de prata porque nesse tempo o plástico ainda era caro e levou o cavalinho para casa para quando viesse um menino e como nunca veio porque em Paris deixaram-se de fazer coisas dessas e agora fazem outras o tal cavalinho foi escondido numa mala muito velha onde eu o encontrei há mais de cinco anos estou farta de brincar com ele sem ninguém saber e vai este ano bumba apareceu-me no sapato como se fosse um presente do pai natal assim não vale abóbora que ou a gente é séria ou não é isto até faz com que se perca o respeito pela família terrestre e pela família celeste que o meu pai queira enganar o pai natal vendendo-lhe cavalinhos velhos e Compêndios de Liceu ainda eu entendo agora que ele os compre se calhar pelo dobro do preço é que não entendo nem à bala são estas coisas que fazem a gente perder a fé e depois espantam-se outra porcaria que me fez o pai natal foi dizer ao meu pai que este ano os presentes eram fracotes por causa da crise que há no Céu mas então se aquilo é igual à Terra para que é que lhe chamam Céu anda a gente a privar-se de coisas para ir para o Céu e chega lá e bumba aquilo é como a Graça ou como o Areeiro eu é que não vou nisso e se as coisas não mudam para o ano faço de conta que não sei da crise e mando uma reclamação para o deputado que me representa na assembleia e o pai natal vai ver como é que as moscas picam para aprender a ser profissional a valer que isto dum pai natal amador não interessa a ninguém e muito menos a esta vossa GUIDINHA que não está cá por ver andar os outros."

Luís de Sttau Monteiro

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Actuando - Algumas Interpretações de Henrique V de Shakespeare

Aqui ficam duas brilhantes interpretações do discurso do dia de São Crispim da imortal peça Henrique V de William Shakespeare: a de Laurence Olivier e a de Kenneth Branagh.

Laurence Olivier



Kenneth Branagh

Revistas de Referência (2) - REAX

A REAX (http://www.reaxmusic.com/) é uma revista impossível de arranjar na Madeira. Tropecei nela aqui à uns anos em Barajas numa viagem perfeitamente idiota para Canárias. Uma espera interminável neste aeroporto levou-me a comprar uma série de revistas, muitas das quais só tive o prazer de folhear nessa altura. Esta foi uma delas.
Intensa busca na Internet levou-me até ao sítio da dita cuja. A partir daí não perco um dos seus números que agora deixo aqui. Música e cultura tratadas de um modo simples. Como devem ser tratados estes assuntos. O que mais espanta é o facto de esta ser americana e ainda por cima da Florida, esse "maravilhoso" estado governado por Jeff Bush o homem que inventou o mais inimaginável sistema de votação do mundo feito à medida do seu irmão para que este fosse "coroado" como o presidente mais imbecil da história dos Estados Unidos da América (perdoem-me o desabafo mas foi irresistível).
Abaixo fica o último nº desta revista de referência. Para verem maior é só clicar em cima.



quarta-feira, 16 de julho de 2008

Do Meu iPod (VI)

Oi Va Voi - Refugee

Faithless - God Is a DJ

Vaguement La Jungle - Patati

Rage Against The Machine - Killing In the Name

Peter Murphy - Cuts You Up

Hedningarna - Vottikaalina

The Jesus & Mary Chain - April Skies

Joey Ramone - Wonderful World

Johnny Winter - Highway 61 Revisited

Penguin Cafe Orchestra - Music For a Found Harmonium

terça-feira, 15 de julho de 2008

Desabafando

Tenho para mim que o supremo objectivo da nossa passagem pela vida é a busca da felicidade. Toda e qualquer decisão que nos torne infelizes é, quase sempre, uma má decisão. Obviamente que aceito que se nunca formos infelizes nunca saberemos o que é a felicidade. Isto porque funcionamos com comparações: sei que isto é bom porque conheço o que é mau; isto é amargo porque aquilo é doce; etc.. E as coisas só assim funcionam. Como uma verdadeira "lei dos opostos" que continuamente se explicam.
Mas persistir em tomar decisões umas atrás das outras que nos empurrem para estados de inanição é coisa que me faz imensa impressão. Independentemente das nossas convicções religiosas temos que aceitar que a nossa passagem pela vida é única. Daí termos que aproveitar todos os momentos e sugá-los intensamente como se fossem irrepetíveis. Aproveitar o que é bom e despachar rapidamente o que nos desperdiça, corrói e destrói. E isso às vezes também nos faz sofrer mas tem que ser visto como um ritual de passagem para coisas melhores. Costumo dizer que não tenho depressões porque não tenho tempo para isso.
Li algures que Deus tem inveja de nós, dos mortais. Por isso mesmo, por sermos mortais. A imortalidade deve ser uma coisa aborrecida porque repetitiva. Sabermos que temos um fim quase que nos obriga a não nos desperdiçarmos, a respirar intensamente e a tudo deitarmos mão.
A felicidade deve ser vista como uma conquista e não como um dado adquirido. Cada um faz a sua e não deve ficar à espera que ela lhe caia no colo. Felicidade é um direito universal que cada um conquista à sua maneira e acreditem que dá muito trabalho ser feliz.
E nunca, mas mesmo nunca se confunda esta com prazer, pois este é efémero e fugaz. A felicidade, a verdadeira felicidade é tranquila, calma e perdura por muito tempo.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Estudando - Estudos Artísticos



Compare-se isto com outras "coisas" que por aí andam. Ensino à distância em eLearning bem pensado e bem estruturado!!!! Para o ano volto a estudar!


Licenciatura em Estudos Artísticos:

http://www.univ-ab.pt/students/guia/planoestudos.php?curso=35&ma=17


Para os que procuram fazer Mestrado a UA também oferece excelentes propostas.

Exposição - "és TUDO" - "u r ALL"


Em http://www.ddiarte.com/, clique em "entrar", pode ver algumas das 20 fotos (aumenta clikando em cima da foto) da expo "és TUDO" patente até dia 25 na CASA DAS MUDAS, feitas pela DDiArte, em que a receita é integralmente para ajudar o atelier de arte destes jovens deficientes.

Os modelos são os próprios jovens artistas. AJUDA-OS a continuar a CRIAR obras de arte, adquirindo uma obra deles ou nossa!!

DDiArte no Museu de Arte Moderna de Sintra até ao fim do ano com 25 obras gigantes pertencentes a Colecção Berardo.


Zé Diogo & Diamantino

Musicando - Festival de Músicas do Mundo de Sines

Quem me conhece sabe do meu interesse pelas músicas do mundo. Em Portugal temos um dos maiores festivais do género da Europa. Chama-se FMM e tem lugar todos os anos em Julho em Sines.
Aqui fica alguma informação para quem se possa interessar por este género de inúmeras tipologias musicais.

Site: http://www.fmm.com.pt/

O Festival Músicas do Mundo de Sines assinala dez anos em 2008 com o programa mais extenso da sua história. São quarenta espectáculos e iniciativas paralelas repartidos por quatro palcos montados na aldeia de Porto Covo (junto ao Porto de Pesca) e na cidade de Sines (Centro de Artes de Sines - CAS, Avenida Vasco da Gama e Castelo). Em relação a 2007, as principais novidades são o reforço do programa no Centro de Artes, passando a haver também concertos nocturnos na zona exterior, e a inclusão de um segundo concerto na madrugada de música junto à praia, na Avenida Vasco da Gama. O pai do rock chinês, Cui Jian, a diva da música indiana, Asha Bhosle, e o grupo seminal do movimento hip hop, The Last Poets, são três destaques do programa.





CONCERTOS (e os respectivos links)

Quinta-feira, 17 de Julho
Sines
19h00
Exterior do Centro de Artes
Siba e a Fuloresta (Brasil)
22h00
Auditório do Centro de Artes
Bassekou Kouyaté & Ngoni Ba (Mali)
00h00
Exterior do Centro de Artes
Serra-lhe Aí!!! & Os RosaLES (Galiza)

Sexta-feira, 18 de Julho
Porto Covo
21h30
Porto Covo - Junto ao Porto de Pesca
A Naifa (Portugal)
23h00
Herminia (Cabo Verde)
00h30
Hazmat Modine (EUA)

Sábado, 19 de Julho
Porto Covo
21h30
Porto Covo - Junto ao Porto de Pesca
Flat Earth Society MEETS Jimi Tenor (Bélgica / Finlândia)
23h00
The Last Poets (EUA)
00h30
Enzo Avitabile & Bottari (Itália)

Domingo, 20 de Julho
Porto Covo
21h30
Porto Covo - Junto ao Porto de Pesca
Danças Ocultas (Portugal)
23h00
Asha Bhosle (Índia)
00h30
A Tribute to Andy Palacio feat. Special Guests (Belize / Honduras)

Segunda-feira, 21 de Julho
Sines
22h00
Auditório do Centro de Artes
Moskow Art Trio (Rússia / Noruega)
23h30
Lo Còr de la Plana (Occitânia)
01h00
Exterior do Centro de Artes
Danae (Portugal)

Terça-feira, 22 de Julho
Sines
22h00
Auditório do Centro de Artes
Iva Bittová (Rep. Checa)
23h30
Moriarty (EUA / França)
01h00
Exterior do Centro de Artes
Dead Combo (Portugal)

Quarta-feira, 23 de Julho
Sines
21h30
Castelo
Waldemar Bastos (Angola)
23h00
VINICIO CAPOSSELA (ITÁLIA)
00h30
Justin Adams & Juldeh Camara(R. Unido / Gâmbia)
02h30
Av. Vasco Gama
Anthony Joseph & The Spasm Band feat. Joe Bowie (Trinidad / Reino Unido / EUA)

Quinta-feira, 24 de Julho
Sines
19h30
Av. Vasco Gama
Mandrágora & Special Guests (Portugal / Bretanha)
21h30
Castelo
Marful “Salón de Baile” (Galiza)
23h00
Toto Bona Lokua (Antilhas Francesas / Camarões / RD Congo)
00h30
Orchestra Baobab (Senegal)
02h15
Av. Vasco Gama
Silvério Pessoa (Brasil)
03h45
Toubab Krewe (EUA)

Sexta-feira, 25 de Julho
Sines
19h30
Av. Vasco Gama
Rachel Unthank & The Winterset (Reino Unido)
21h30
Castelo
Asif Ali Khan & Party (Paquistão)
23h00
KTU (Finlândia/EUA)
00h30
Cui Jian (China)
02h15
Av. Vasco Gama
Firewater (EUA)
03h45
Nortec Collective presents Bostich and Fussible (México)

Sábado, 26 de Julho
Sines
19h30
Av. Vasco Gama
The Dizu Plaatjies’ Ibuyambo Ensemble (África Sul)
21h30
Castelo
Koby Israelite (Israel / Reino Unido)
23h00
Rokia Traoré (Mali / França)
00h30
Doran - Stucky - Studer - Tacuma (Irlanda / Suíça / EUA)
02h30
Av. Vasco Gama
JEAN-PAUL BOURELLY MEETS MELVIN GIBBS & WILL CALHOUN (EUA)
04h00
Boom Pam (Israel)


domingo, 13 de julho de 2008

Cinema - O Sexo e a Cidade

Cá está um filme claramente para "gajas" mas que todos os "gajos" deviam ver!!!!



Título original: Sex and the City, The Movie
Realizador: Michael Patrick King
Com: Sarah Jessica Parker, Kristin Davis, Kim Cattrall, Cynthia Nixon, Jason Lewis, David Eigenberg, Chris Noth, Evan Handler, Jennifer Hudson
Género: Comédia Romântica
Classificacao: M/12
Origem: EUA
Duração: 120 min.

Site Oficial: http://www.newline.com/sexandthecity/blog/index.ph

Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), autora de sucesso e o ícone de moda favorito de todos, está de volta. A sua famosa perspicácia está intacta e a sua ironia mais acutilante do que nunca, enquanto continua a narrar a sua própria história de sexo, amor e as das outras mulheres de Nova Iorque obcecadas pela moda.
Sexo e a Cidade encontra Carrie, Samantha (Kim Cattrall), Charlotte (Kristin Davis) e Miranda (Cynthia Nixon) quatro anos após a série ter terminado, à medida que as nossas amigas favoritas tentam conciliar trabalho e relações passando pela maternidade e pelo casamento.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Blogando - O Blog do Mês de Julho

Ultraperiferias

Uma das primeiras coisas que faço quando de manhã me sento à frente do computador é visitar uma série de Blogs que são verdadeiras referências para mim. E são-no porque partilham uma característica comum muito importante: são actualizados com frequência. Visito uns porque me divertem, outros porque estão muito bem escritos, outros pelo seu aspecto visual e outros ainda pela informação que disponibilizam.

O meu Blog de referência deste mês tem a ver com informação e aí sem dúvida que o mais completo é o Ultraperiferias do Filipe Malheiro. É óbvio que não leio tudo o que publica porque há coisas que de todo não me interessam. Mas é de visita obrigatória concorde-se ou não com o seu autor.




quinta-feira, 10 de julho de 2008

Musicando - Gogol Bordello


http://www.gogolbordello.com/

Energia e mais energia num contágio brutal. Apetece saltar do sofá e dançar até cair para o lado. Chamam-se Gogol Bordello e acabo de ver em directo na SIC Radical a sua participação no Optimus Alive. Eugene Hütz está cada vez mais insane em palco o que significa que está cada vez melhor.
Esta banda, uma das minhas referências, pode ser definida como o resultado de uma batalha entre os The Clash e os The Pogues, como muito bem disse uma vez o radialista britânico Phill Jupitus. Nascidos em Nova Iorque nos finais do século passado, os Gogol Bordello reinventaram códigos musicais onde é evidente a fusão da música do leste da Europa com a música balcânica e cigana. Somemos a isto rock (muito), reggae (algum) e o resultado final é uma música poderosa e intensa, quase que circense.
Aconselho-vos urgentemente a audição.

Aqui fica a discografia:

Albums
Voi-La Intruder – 1999 (Rubric Records)
Multi Kontra Culti vs. Irony - September 2002 (Rubric Records)
Gypsy Punks: Underdog World Strike - August 2005 (SideOneDummy Records),
Super Taranta! - 10 July 2007 (SideOneDummy Records)

EPs
East Infection - January 2005 (Rubric Records)

Singles
When The Trickster Starts A-Poking - 2002. Rubric Records.
Start Wearing Purple - February 2006. SideOneDummy Records.
Not a Crime - August 2006. SideOneDummy.
Wonderlust King - August 2007. SideOneDummy.

Compilações
Punk Rock Strike Vol. 4 - 2003. Springman Records.
2005 Warped Tour Compilation - 2005. SideOneDummy Records.
2006 Warped Tour Compilation - 2006. SideOneDummy Records.
Gypsy Beats and Balkan Bangers - 2006. Atlantic Jaxx.
The Rough Guide to Planet Rock - 2006. World Music Network.
2007 Warped Tour Compilation - 2007. SideOneDummy Records.

Outros Projectos
Gogol Bordello vs. Tamir Muskat - August 2004. Colaboração entre Gogol Bordello e alguns membros dos Balkan Beat Box, assumindo o nome J.U.F., um acrónimo para Jewish-Ukrainian Freundschaft. Stinky Records.


E aqui dois vídeos da banda:



quarta-feira, 9 de julho de 2008

Musicando - O Gordo e os Pimba

Aqui fica um momento da actuação de O Gordo e os Pimba na Semana do Mar do Porto Moniz. Os cantores não são grande coisa mas enfim...


Filosofando

A tradição só existe na consciência humana. Somente a consciência humana possui a liberdade de escolher, o que é indispensável ao verdadeiro tradicionalismo; uma liberdade sem a qual todo o tradicionalismo (…) degenera em opressão inquisitorial. O falso tradicionalismo tenta sempre suplantar a consciência humana por uma escolha, feita uma vez por todas, para nos deixar viver dentro de uma cega fatalidade. É a morte do espírito. E, com o espírito, morre a faculdade crítica pela qual julgamos o caos e “chamamos as coisas pelos nomes” a fim de as reconhecer. A consciência humana, artificialmente cortada das experiências da verdadeira tradição, sucumbe, encerrada num “modernismo” individualista ou colectivista. Os critérios se perdem. Não há mais compreensão do verdadeiro ou do falso, do bem ou do mal. Então, os homens começam por si mesmos. Os seus feitos “desafiam toda a experiência”. “Maldita seja” – diz o escritor alemão Achim von Arnim – “a infâmia que começa por si mesma um novo mundo. O que é bom o foi eternamente.”

in Ensaios Reunidos, Vol. 1, Otto Maria Carpeaux, Topbooks

nota: o português é meio arrevesado mas a edição é brasileira. O conteúdo, esse, é brutal!

Da Mesa de Cabeceira (III)

Frederico Delgado Rosa - Humberto Delgado - Biografia do General sem Medo

Hermann Hesse - Siddhartha (releitura)

Jorge de Sousa Braga - O Poeta Nu

Mia Couto - Venenos de Deus, Remédios do Diabo

Jô Soares - O Homem que matou Getúlio Vargas

Mario Vargas Llosa - A Guerra do Fim do Mundo (releitura)

terça-feira, 8 de julho de 2008

Poema (XV)

Portugal


Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me
sentir como se tivesse oitocentos
Que culpa tive eu que D. Sebastião fosse combater os
infiéis ao norte de África
só porque não podia combater a doença que lhe
atacava os órgãos genitais
e nunca mais voltasse
Quase chego a pensar que é tudo mentira que o
Infante D. Henrique foi uma invenção do Walt Disney
e o Nuno Álvares Pereira uma reles imitação do Príncipe Valente
Portugal
Não imaginas o tesão que sinto quando ouço o hino
nacional
(que os meus egrégios avós me perdoem)
Ontem estive a jogar póker com o velho do Restelo
Anda na consulta externa do Júlio de Matos
Deram-lhe uns electro-choques e está a recuperar
àparte o facto de agora me tentar convencer que nos
espera um futuro de rosas
Portugal
Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver
se contraía a febre do Império
mas a única coisa que consegui apanhar foi um
resfriado
Virei a Torre do Tombo do avesso sem lograr encontrar
uma pétala que fosse
das rosas que Gil Eanes trouxe do Bojador
Portugal
Se tivesse dinheiro comprava um Império e dava-to
Juro que era capaz de fazer isso só para te ver sorrir
Portugal
Vou contar-te uma coisa que nunca contei a ninguém
Sabes
Estou loucamente apaixonado por ti
Pergunto a mim mesmo
Como me pude apaixonar por um velho decrépito e
idiota como tu
mas que tem o coração doce ainda mais doce que os
pastéis de Tentugal
e o corpo cheio de pontos negros para poder
espremer à minha vontade
Portugal estás a ouvir-me?
Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete Salazar
estava no poder nada de ressentimentos
o meu irmão esteve na guerra tenho amigos que
emigraram nada de ressentimentos
um dia bebi vinagre nada de ressentimentos
Portugal depois de ter salvo inúmeras vezes os
Lusíadas a nado na piscina municipal de Braga
ia agora propôr-te um projecto eminentemente
nacional
Que fôssemos todos a Ceuta à procura do olho que
Camões lá deixou
Portugal
Sabes de que cor são os meus olhos?
São castanhos como os da minha mãe
Portugal
gostava de te beijar muito apaixonadamente
na boca.



Jorge de Sousa Braga, O Poeta Nu

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Teatrando - Royal de Luxe

São simplesmente fantásticos. O que de melhor se faz no mundo em termos de teatro de rua. Chamam-se Royal de Luxe e são de Nantes em França. Deliciem-se!!!!







quinta-feira, 3 de julho de 2008

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Músicando - O Gordo e os Pimba

Publicado no DN/Madeira de hoje.

Nuno Morna regressa em versão 'pimba'
O Gordo e os pimba apresentam um espectáculo 'Fora de Série'. A estreia é na quinta-feira

A irreverência de Nuno Morna está de volta num novo projecto, desta vez musical. Chama-se o Gordo e os Pimba e é no fundo uma homenagem a Falcão, um grande nome da "música ranhosa", um cantor brasileiro "brega" que fez a delícia de muitos nos anos passados.
"É uma banda que pretende reinventar os cânones musicais", disse ainda. Falcão foi realmente um cantor e compositor satírico da música popular, tido como um dos maiores representantes do estilo brega brasileiro, refere o sítio Terra.com. Segundo Nuno Morna, os espectáculos do cantor cearense primavam pela teatralidade. Acrescenta também que se um dia existiram os Mamonas Assassinas, foi "graças à cara-de-pau do gigante Falcão!". Nesta linha, pretendem um espectáculo de "pura e alta filosofia para as massas, 'amarfanhamento' da 'inteligência nacional' e bom humor".
O actor, escritor, músico e também apresentador vai actuar ao lado de Miguel Apolinário (na guitarra), Juan Pestana (nas teclas) e Eduardo (na bateria).
Os direitos de actor foram cedidos para levar as músicas de Falcão a festas e arraiais. Todos os temas serão adaptados para o português de Portugal e terão também o respectivo enquadramento nacional e regional, disse. Segundo o mentor, trata-se de um espectáculo "extremamente interactivo", pois a banda, "interacta" com o público, leia-se interage. Já as letras das músicas são, classificou, "de um total absurdo".
Por tudo o já dito e pelo que vem a seguir, o espectáculo promete. Como exemplo, deixou "o fino recorte" da letra de 'Ai, Minha Mãe': "Ai! minha Mãe, minha Mãe; Ai! minha Mãe, minha Mãe; Ai! minha Mãe, minha Mãe; É a mulher de meu pai".
O repertório inclui, entre outros, temas como 'As Bonitas que me Perdoem' e uma versão 'Carro Preto' cantada em inglês, "numa singela homenagem aos carros pretos e à música anglo-saxónica".
O Gordo e os Pimba têm vários objectivos de carreira, no mínimo caricatos. Querem influenciar toda uma geração; revolucionar o mercado literário português e também de Portugal; ganhar o Nobel da Paz, para assim poderem ir à Suécia conhecer umas suecas; transformar o seu espectáculo no maior evento musical de 2008; ajudar donas de casa e funcionários públicos a comer com faca e garfo e de boca bem aberta; dizer que não à Marisa Cruz; ir ao 'Bom Dia Madeira' na RTP/M fazer a leitura de imprensa; enriquecer o vocabulário de estudantes e analfabetos e dar um subsídio ao Júlio Isidro para ele ficar em casa.
Uma nova banda para levar, ou talvez não, a sério. A primeira apresentação está prevista para quinta-feira, no Porto Moniz, na Semana do Mar. Pedro Ribeiro terá uma participação especial.

Paula Henriques
nota: a peça publicada no Diário tem uma pequena incorrecção: o espectáculo realizar-se-à na quinta-feira, dia 3 pelas 23h, e não na sexta. Tomei a liberdade de corrigir este aspecto no texto da Paula Henriques.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Músicando - Away We Go!

A noite de ontem foi verdadeiramente inesquecível para todos os mais que muitos que passaram pelo Marquês. Se eu tivesse dinheiro gravava todas as bandas. Acreditem que tenho dificuldade em escolher uma delas.
São estes raros momentos em que de um modo saudável se juntam amigos que têm a capacidade de se admirarem uns aos outros e desfrutar o que vão fazendo.
Muitas promessas ficaram no ar para novos encontros onde o mote é a música, mas que acima de tudo são pretextos de convívio e salutar troca de experiências.
Aqui ficam, mais uma vez, os nomes dos participantes nesta aventura: Blues Brothers, DD Peartree, Lisandra, Sonzinho, On Mute e Punk D'Amour. Acreditem meus amigos que fazem todos parte da minha galeria de heróis.