quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Expondo - Watercolors

W A T E R C O L O R S
P A T R I C I A M O R R I S
inaugura 6ªF | 11 DEZEMBRO | 18h30
opening friday 11 December 2009 at 6:30pm

patente até 15 JANEIRO | 2010

until 15th Jan 2010

mouraria galeria de arte : : rua da mouraria, 38 : : 9000-047 funchal
mouraria@netmadeira.com : : tel/fax (+351) 291 235385 : : www.galeriamouraria.com

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ouvindo - Ary dos Santos

A obra poética de José Carlos Ary dos Santos, falecido há 25 anos, é revistada pelas cantoras Luanda Cozetti, Mafalda Arnauth, Susana Félix, e Viviane, num CD intitulado Rua da Saudade que é hoje posto à venda.

Editado pela Farol, o CD reúne canções com letras como Canção de Madrugar, Estrela da Tarde, Retalhos, Cavalo a Solta, com novos arranjos musicais de Renato Júnior.

Esta nova «roupagem musical» de Renato Júnior passa pela música pop, fado, jazz e bossa nova.

O título do álbum remete para a rua onde o poeta viveu durante mais tempo, na zona do Castelo, em Lisboa.

As letras de Ary dos Santos escolhidas para este álbum foram musicadas por Fernando Tordo, Nuno Nazareth Fernandes e Tozé Brito.

As canções agora editadas em CD foram cantas pela primeira vez por Tordo, Carlos do Carmo e Hugo Maia de Loureiro.

José Carlos Ary dos Santos, como letrista, venceu vários Festivais RTP da Canção, designadamente com os temas Desfolhada portuguesa, Tourada, e Menina do alto da serra.

Amália Rodrigues também se encontra entre os interpretes que cantaram os seus textos.

Aos 14 anos a família de Ary editou-lhe o primeiro livro de poemas, mas a estreia literária efectiva deu-se em 1963 quando publicou A liturgia do sangue.

Criativo publicitário, Ary dos Santos inscreveu-se em 1969 clandestinamente no Partido Comunista Português, tendo escrito também para o teatro revista.

Os seus poemas encontram-se reunidos em várias colectâneas, designadamente uma que deixou preparada, As palavras das cantigas, prefaciada pela escritora Natália Correia. José Carlos Ary dos Santos morreu em 1984, aos 46 anos.

Lusa

Curtas e Boas

PUBLICO.PT - Guimarães acolhe constelação de estrelas

Cinema - Full House

Estreou ontem, na Galeria Mouraria, a curta-metragem 100% madeirense "Full House - Mutha Facker".

Salvador é uma pessoa calma e com tudo planeado na sua vida mas quando se vê confrontado pela sua mulher sobre o seu vício decide fazer a única coisa que lhe faz "sentir" vivo, o poker.
No entanto é apanhado desprevenido num jogo que não é do seu domínio, não havendo fuga possível.

Esta curta pode ser vista na Galeria Mouraria até ao próximo dia 9 de Dezembro!


Ficha Técnica

Titulo: Full House

Realizadores: Rui Rodrigues e Bruce Paulino da Silva

Produção: Marta León

Argumento: Rui Rodrigues

Animação: Roger Silva e Bruce Paulino da Silva

Actores: João Ricardo Aguiar, Nuno Morna, Maria de Jesus Rocha, Gonçalo Silva, Sandra Cardoso

Apresentado por: Die4Films

Duração: 16 min.

Aniversário

Só agora me apercebi que este Blogue faz hoje anos. São dois aninhos.
Parabéns para mim!!!!!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Musicando - Os Quais

O escritor Jacinto Lucas Pires e o pintor Tomás Cunha Ferreira conheceram-se há cerca de duas décadas. Os gostos comuns pelos diversos aspectos da arte, leva-os, de vez em quando, a juntarem-se em espectáculos de música de qualidade.

É o caso da apresentação do musical ‘Os Quais’, sexta--feira, dia 13, às 21h30, no CAPa- Centro de Artes Performativas, em Faro.

Lucas Pires será a voz e a guitarra eléctrica deste duo, que não quer ser apresentado como um dueto e muito menos como um projecto.

Lucas Pires será acompanhado por Tomás Cunha Ferreira em omnichord e violão. A voz e pianet T de Madalena Sassetti completa o elenco do programa do espectáculo.

Jacinto Lucas Pires tem vários livros publicados. ‘Azul turquesa’ (ficção 1998), ‘Livro usado’ (viagem ao Japão 2001), ‘Perfeitos milagres’ (romance 2007), ‘Assobiar em público’ (contos 2008). Realizou duas curtas-metragens e escreve teatro para diversos grupos e encenadores.

Tomás Cunha Ferreira é pintor e expõe regularmente desde 2000. Actualmente, é professor de Pintura, Desenho e Comunicação social na Universidade de Évora.


Navegando - Blablart.com

Um site online dedicado à arte contemporânea, Blablart.com, acaba de ser criado para dar acesso a 10 mil museus e galerias de todo o mundo e promover a informação e comunicação na comunidade e o público interessado.

Os fundadores do projecto são três: a jornalista portuguesa Maria Manuel Stocker, a curadora madrilena Helena Tatay e o «web master» catalão Alberto Lucas, que apostaram em construir «um site útil e actual», com informação sobre o sector proveniente de uma centena de países.

Maria Manuel Stoker justificou que esta iniciativa resultou da constatação de que «não havia um único site na internet onde fosse possível visitar o mundo da arte contemporânea na sua globalidade».

«Há muitos sites de arte contemporânea mas estão orientados por zonas geográficas, ou com um grande foco nos dois lados do Atlântico - Londres, Nova Yorque, Paris - ou então concentrados apenas no mercado americano», observou.

Maria Manuel Stocker comentou que «todo o desenvolvimento do mercado da arte contemporânea na Índia, China, Coreia, Japão, Austrália, Brasil e Médio Oriente não tem grande repercusão nos sites existentes, que se concentram em divulgar apenas as grandes galerias internacionais com representação em Deli ou em Pequim». Verificada esta «falha de informação organizada» no sector da arte contemporânea, o grupo procurou soluções que conjugassem simplicidade e, ao mesmo tempo, «um máximo de interactividade entre os utentes e o uso das tecnologias de imagem sofisticadas, dado que a imagem é fundamental na arte».

O grupo decidiu criar o Blablart.com - de acesso gratuito para quem nele se inscreva - que permitisse «a qualquer pessoa visitar as galerias e museus do mundo sem sair do sofá, e com poucos cliques». É dirigido sobretudo a profissionais da arte, galeristas, curadores, artistas, que poderão comunicar entre si dentro da plataforma e dar conhecimento à comunidade global das suas exposições, eventos e obras.

O Blablart é composto por um directório (intitulado «The Art World») com museus e galerias de cerca de uma centena de países, que demorou dois anos a criar. Contém ainda uma rede de comunicação («Who´s On») entre todas as galerias e museus que fazem parte do directório, mas também aberta a artistas, coleccionadores ou qualquer pessoa interessada em arte.

O «Talk Art» está aberto a quem quiser debater a arte contemporânea online, em qualquer línguia, tal com o site, que tem a possibilidade de ler lido em tradução Google em dezenas de idiomas. A primeira página do Blabart tem também uma secção de notícias actualizadas regularmente que cobre galerias, museus, colecções e também artes performatiivas.

Maria Manuel Stocker considera que o sector da arte contemporânea pode beneficiar da forma como o sítio está organizado, «dado o crescimento global do mercado e o interesse também óbvio do público pela cultura».

«O Blablart permite a alguém no sul da Índia visitar os museus do Canadá, as colecções brasileiras ou as galerias de Berlim, sem ter que as procurar uma a uma em sites díspares», exemplificou.

Segundo a jornalista portuguesa, o projecto começou sem financiamento, mas no ano passado a empresa Energies Nouvelles deu um apoio à execução e o site foi concretizado.

Actualmente, o grupo procura patrocínios e publicidade de empresas e serviços desde as energias limpas às seguradoras ou telecomunicações e empresas ligadas ao turismo, «com mais vocação para se anunciarem nas páginas das cidades».

Lusa

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Lançando - Lourdes Castro

(clicar sobre a imagem para ver maior)

Filmando - Nelson Camacho

Novo vídeo de Nelson Camacho para a DDiarte..

Musicando - João Aguardela

Escreve Mário Lopes na Ípsilon:

Tudo começou com um vinil de Giacometti. Por causa dele, João Aguardela criou o Megafone: quatro álbuns em que procurou levar até às últimas consequências a sua obsessão com a música tradicional. Aguardela morreu em Janeiro, a associação Megafone 5 perpetua a obra. Dia 4, há festa de homenagem no CCB.

Ele cantava coisas como "o meu bairro é festivo / o meu bairro é alegre / o meu bairro é Portugal". Lembram-se certamente. Os anos 1990 ali no início e João Aguardela, nos Sitiados, a atirar fados e música popular rock dentro, a pôr o pessoal a exercitar o mosh com canções sobre marinheiros, a comentar a actualidade social com letra que parecia retirada do cancioneiro popular: "Na cabana do pai Tomás / toda a moça prendada / ainda que casada / rebolava naqueles sofás" - e eis como o badalado caso Taveira se transformava em folhetim rural de escândalos e coscuvilhices.

Nos Sitiados primeiro, depois na Linha da Frente, o projecto em que, com Luís Varatojo, reuniu músicos e cantores para dar novo enquadramento a poetas portugueses, e depois ainda, prosseguindo com Varatojo, n'A Naifa, onde o fado se reveste de sons e de versos de agora, João Aguardela sempre procurou isto: o português que existe na música portuguesa, um ponto de contacto entre o que existe hoje e aquilo que somos há, pelo menos, uns bons pares de séculos.

Nos Sitiados, nos Linha da Frente e n'A Naifa fê-lo de forma bastante visível - erguido a estrela pop nos primeiros, destacado "ideólogo", compositor e letrista nos últimos. Entre uns e outros, contudo, existe uma outra coisa. Pessoal e definitivamente transmissível. Um espaço mais íntimo, um veículo onde levou "até às últimas consequências" a sua obsessão com a música tradicional. Chamou-lhe Megafone: quatro álbuns, editados entre 1997 e 2006, em que as recolhas de Michel Giacometti e José Alberto Sardinha se cobriam de ritmos house ou drum'n'bass, se adaptavam a teclados fervilhantes e dançavam entre acordeões e vibrafones. Neles, Aguardela desmistificou uma visão folclórica da tradição e, com carinho iconoclasta, retirou-a da sua veneranda clausura.

Aguardela dizia que o trajecto de Megafone se completaria com o quinto álbum. Tinha um em falta quando morreu, aos 39 anos, a 18 de Janeiro de 2009. Mas haverá um Megafone 5. Ou melhor, já existe um Megafone 5. É um site (www.aguardela.com) de homenagem a João Aguardela, com material biográfico e recolhas de imprensa, em que estão disponíveis para download gratuito os quatro álbuns do projecto. É, também, a força motriz dos Prémios Megafone que, com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores, distinguirão anualmente um músico ou uma banda (Prémio Megafone Música) e uma "entidade não musical" (Prémio Megafone Missão).

Os prémios serão apresentados na próxima quarta-feira, 4 de Novembro, no Centro Cultural de Belém. Dia de festa. A partir das 21h, sobem ao palco do Grande Auditório A Naifa, Gaiteiros de Lisboa, Dead Combo e O'queStrada. A homenagem, neste caso, é tê-los juntos num concerto: "É um grupo de pessoas que o João gostaria de ver reunidas numa noite", diz-nos Sandra Baptista, companheira de Aguardela, acordeonista dos Sitiados. "Não sabemos o que fará cada uma das bandas", acrescenta Luís Varatojo. "Nada foi imposto. Achamos, e o João também achava, que aquilo que fazem já é Megafone". "Música para uma nova tradição", diria ele - mote perfeito, portanto, para aquilo que evoca o concerto, para aquilo que se ouve na música deste Megafone que urge (re)descobrir.

"Sentia-se ridículo a tocar um blues"

Tudo começou com um disco de vinil de Michel Giacometti comprado na Feira da Ladra: "Alentejo: Música Instrumental e Vocal". O interesse de João Aguardela pela música tradicional não começou ali, mas foi ali, diríamos, que nela se embrenhou definitivamente. "Quando entrou no mundo tradicional, mergulhou completamente numa portugalidade com que até então não tinha tido contacto", recorda Sandra Baptista. "Tornou-se quase um vício", continua: "Ficou viciado em ouvir e em perceber como transportar aquilo que ouvia para os dias de hoje". Luís Varatojo vai mais fundo: "Descobria ali a sua música. E isso, descobrires a tua forma de expressão na arte, é raro e impagável. Sentia-se ridículo se tivesse de tocar um blues; ali não, porque sentia que ‘era' aquilo".

Retrospectivamente, o que ouvimos nestes quatro Megafone? Um trabalho em constante evolução, em que as formas mais agrestes da house e do jungle começam a ganhar calor orgânico e outras expressões, em que as vozes das recolhas passam a conviver com a voz de Aguardela, que escolhia para si as letras que, como explicava ao PÚBLICO em 1999, quebrassem "uma ideia formada sobre o que é cantado na música tradicional, com temas muito limpinhos e arranjadinhos": "Há textos em que me sinto mais próximo do universo dos Mão Morta do que propriamente da tradição", confessava então. Este ponto é essencial: quebrar ideias feitas, reconstruir, descobrir novos sentidos. Tudo resumido nisto que, também em 1999, declarou ao "Jornal de Notícias": "Estes discos podem ser vistos como folclore, pois a alternativa a eles é não fazer nada. Se tivermos uma atitude demasiado respeitosa arriscamo-nos a não ir longe. E isso não é solução para mim".

"Intuitivo", "curioso", metódico na pesquisa e célere na concretização das ideias, via a música de Megafone, aponta Sandra Baptista, "como um momento fotográfico" - "sem receio de ficar mal na fotografia ou com a fotografia distorcida".

Tiago Pereira, realizador de "Tradição Oral Contemporânea", videasta que se dedica a explorar pontes entre tradição e modernidade - como no espectáculo multimédia "Mandrágora", onde mezinhas e cantares tradicionais encontravam eco na música de Tó Trips ou Tiago Guillul -, destaca que o trabalho de Aguardela em Megafone era mais profundo do que a própria música: "O que ele fazia era passar um pensamento, mais do que um mero espectáculo musical". Para além da música, portanto: "Quando ele faz Megafone surpreende, tal como [o artista vanguardista] Ernesto Sousa, quando em 1969 traz a primeira exposição da [artesã] Rosa Ramalho, de Barcelos, a Lisboa e a põe numa galeria com o Julião Sarmento ou o Fernando Calhau".

Em 1997, quando foi editado o primeiro Megafone, ninguém estava preparado para aquilo: projecções vídeo de pastores e trabalhadores no campo, os ritmos a atirarem-se sobre as melodias e o público, embasbacado, sem saber como reagir. Sandra diz-nos que nos concertos, em Portugal, nem por uma vez o público dançou. Olhava-se em volta à procura de um sinal - "Como se dança Megafone?", pergunta retoricamente Sandra Baptista. "Era preciso aprender ou inventar", responde Luís Varatojo.

Música tradicional mutante

Em conversa com o Ípsilon, Carlos Guerreiro, dos Gaiteiros de Lisboa, não demora muito a sentenciar: "Parece-me que o povo português não é grande dançarino". Culpa o "processo de folclorização iniciado nos anos 1930, em que tudo foi reduzido aos ranchos folclóricos, e a música começou a ser feita de forma parada e cristalizada". Ou seja, mesmo existindo muito que dançar na música tradicional portuguesa, roubaram-nos a "espontaneidade": "É sempre preciso alguém que ensine, não há o chegar e dançar, como não há o chegar e tocar". Mais. Entre a "folclorização", aquilo que Guerreiro classifica como "a subjugação da tradição a uma ideia de poder" - Estado Novo, pois claro -, e um oposto que o confrontou, "o lado Giacometti", "mas que também criou os seus ícones e as suas falsidades", sobra uma zona difusa, que é onde tudo se renova, que é onde não há espaço para diabolizar ou sacralizar.

É precisamente aí que encontramos os Gaiteiros de Lisboa, é precisamente aí que, apesar de tudo o que os separa, está o Megafone: "O facto de termos abordagens diferentes sobre a mesma coisa não é suficiente para que haja divergência no nosso trabalho", conclui.

"O Megafone é um dos irmãos de uma família maior, a música tradicional mutante". É assim que António Pires, jornalista e crítico musical, autor do blogue "Raízes e Antenas", enquadra a obra do Megafone. Faz parte de uma família de criadores a que pertencem, por exemplo, a Banda do Casaco que, nos anos 1980, gravou com a pastora beirã Ti Chitas, ou os Sétima Legião, que, em "Sexto Sentido", fundiram tradição com electrónicas. Tudo gente que, como recorda António Pires, seguiu a preceito um aforismo de Gustav Mahler: "A tradição é a transmissão do fogo e não a adoração das cinzas". No caso de Megafone, vê-se ali "um trabalho de desconstrução iconoclasta, mas isso só acontece quando se ama profundamente a música tradicional". Caso contrário, acentua, "faria essa ‘desconstrução', por exemplo, com os Einstürzende Neubauten e canções de pigmeus africanos".

João Aguardela, ele que se sentia ridículo a tocar um blues, nunca o faria. "Quando toco o Megafone ao vivo, sinto-me um pouco como aqueles artesãos que trabalham à frente do público nas feiras de artesanato". Moldada a matéria perante os nossos olhos, resta-nos dar o próximo passo. A obra está aí, disponível para ser fruída e para inspirar novos futuros. É tempo de a aproveitar. Tempo de dançar Megafone.

Obituário - Claude Lévi-Strauss

Escreve Paulo Miguel Madeira no Público.

O antropólogo e etnólogo Claude Lévi-Strauss morreu na madrugada de sábado para domingo aos 100 anos, anunciou hoje a Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales.

Lévi-Strauss foi um dos grandes intelectuais franceses do século XX e lançou as bases da Antropologia moderna. Foi o primeiro membro centenário da Academia Francesa, para onde entrou em 1973. E foi também um crítico do etnocentrismo e de algum modo um precursor intelectual do movimento ecologista.

Foi também o primeiro antropólogo na Academia Francesa, a cujas sessões se deslocava regularmente até há não muitos anos.

Filho de judeus franceses, nasceu na Bélgica, em 1908, mas mudou-se para França ainda em idade de estudar no liceu. Depois, na Sorbonne, em Paris, estudou Direito e Filosofia, tendo sido professor desta última disciplina no ensino secundário.

Em 1935 foi para o Brasil. Aceitou um lugar como professor de Sociologia na Universidade de São Paulo, onde começou a sua carreira de etnólogo. Naquela época, havia milhares de índios nos subúrbios da cidade, o que lhe permitiu dedicar os fins-de-semana à sua nova disciplina.

Partiu mais tarde para o Mato Grosso e a Amazónia, onde contactou muitas tribos. Depois também estudaria índios norte-americanos.

Em “As Estruturas Elementares do Parentesco”, sua primeira obra de grande projecção, publicada em 1949, forneceu um novo método de análise que se tornou comum a muitos antropólogos. A tese do livro é que o "parentesco" está no centro da Antropologia que estuda o homem na sua dimensão social. E aqui o parentesco é entendido como as regras de aliança, de filiação, de residência ou de perpetuação das populações.

A sua obra mais marcante, “Tristes Trópicos”, chegou em 1950. Trata-se de uma autobiografia intelectual que recebeu o Prémio Goncourt e teve êxito também junto de um público muito para além da comunidade científica. E, em 1958, Antropologia Estrutural abre o caminho ao estruturalismo, a nova corrente do pensamento de que foi o principal teorizador, aplicando ao conjunto dos factos humanos de natureza simbólica um método que procura as formas invariáveis existentes em conteúdos diferentes. No ano seguinte era titular da Antropologia Social no Collège de France, de onde se reformou em 1982.

Lévi-Strauss criticou também o aparecimento de uma corrente de pensamento humanista que secundarizou a natureza, tornando-se assim num precursor do movimento ecologista.

Numa entrevista em 2005, Lévi-Strauss disse: "Dirigimo-nos para uma espécie de civilização à escala mundial (...) Estamos num mundo a que já não pertenço. Aquele que conheci, aquele de que gostei, tinha 1500 milhões de habitantes. O mundo actual tem seis mil milhões de humanos. Já não é o meu."

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Um amigo lhe enviou uma matéria da Ciência Hoje On-line

Nome do remetente: Nuno Morna

Mensagem:Artigo ineressantíssimo...

Título da matéria: Sem lugar para o criacionismo
Link: http://www.cienciahoje.org.br/148270

Clique acima para ver a matéria ou copie e cole o link na barra de endereços de seu navegador.

Morreu Claude Lévi-Straus - TSF

Morreu Claude Lévi-Straus - TSF

Musicando - David Fonseca

Entrevista de Gonçalo Frota (Sol) a David Fonseca a propósito do lançamento do seu último disco.

Está desde ontem à venda o quarto álbum a solo de David Fonseca. Em entrevista ao SOL, o músico revela a perplexidade perante os concursos musicais da TV e conta como ultrapassou as reticências que tinha em relação à profissão de músico.

A entrevista acontece a mais de uma semana do lançamento de Between Waves (com ecos do rock clássico americano, de Roy Orbison e Tom Petty a Bruce Springstreen e Rick Ocasek), o quarto disco da vida de David Fonseca pós-Silence 4. Encontramo-nos nos escritórios da editora Universal e a conversa toma vida própria. O disco quase cai no esquecimento assim que o leitor portátil de CD em cima da mesa serve de rastilho a uma série de memórias do músico. Do CD David Fonseca passa para o vinil e daí para a assunção de que sente no objecto uma certa descoberta musical que cataloga como ‘doença’. «Ainda por cima faço colecção de todo lixo musical dos anos 80 e digo muitas vezes que o único mal de fazer música é perder tempo a fazê-la quando podia estar a ouvi-la». Deixa para a primeira pergunta da nossa conversa…


E não sente a culpa no sentido inverso? Quando está a ouvir esse ‘lixo musical’ não pensa que podia estar a compor?

Nada. E acho que uma pessoa não pode ser muito elitista em relação à música que ouve. Nem todos os locais são exactos para estar a ouvir o Lou Reed a cantar o Perfect Day. Há sítios onde é porreiro levar com uma daquelas ‘banhadas’ à moda antiga como o Falco ou a Samantha Fox. Há momentos para tudo e é bom que essa música também venha ao de cima de vez em quando. E nunca acho que estar agarrado a um vinil seja perder tempo. Portanto devo ser dos melhores clientes que esta indústria alguma vez poderá ter. Se fossem todos como eu esta indústria seria riquíssima. Infelizmente não é, nem nunca será.


E enquanto músico não o preocupa que o estado da indústria seja tão grave?

Um bocadinho. Há uma palavra muito recorrente hoje nas indústrias – sustentabilidade. E isso preocupa-me. Para já, defendo que a música deve ter um valor, seja ele qual for. E a sustentabilidade prende-se muito com a forma como se grava. Eu sei que é muito bonito o discurso do indie que defende ‘podes gravar em casa, podes fazer um vídeo com umas passadeiras’. Gosto muito desse discurso e é espectacular que as pessoas consigam fazer as coisas com essas condições mínimas. Mas nem tudo tem de ser feito assim. Acho que cingir a música a uma ideia caseira é extremamente errado – é para isso que servem os estúdios, que há malta que trabalha em discos durante anos, aprende a gravar, a misturar, a produzir, é para isso que servem os técnicos. Não é algo vago e essas coisas têm de ser pagas. São profissionais, acho que têm toda a legitimidade em existirem e eu quero que elas existam, porque eu não quero produzir o meu próprio disco, não quero perceber por que aquele botão faz não sei o quê. E portanto acho, claramente, que a indústria tem de ser sustentável.


Quem é mais atingido por essa falta de sustentabilidade?

Muitas vezes defende-se que são artistas como eu, já estabelecidos. É mentira. O mais atingido por isto é o miúdo que está lá em casa e que nunca lançou nenhum disco. A vulgarização mais imediata da questão é a ideia do ‘agora é possível fazer a minha música em casa, distribuí-la online de graça e é assim que vou conquistar o mercado’. É novamente mentira, o mercado não é conquistado dessa maneira. Não peguem em um ou dois exemplos que aconteceram assim e digam que é esta a maneira de funcionar do mercado. A ideia de que uma banda de Famalicão que está a começar, põe um EP online no MySpace e vai contaminar as ondas hertzianas é algo que não vai acontecer e que não é assim tão simples. Tomara que fosse. Há um trabalho gigantesco que tem de existir para que isso aconteça. E como nós vivemos numa sociedade onde a visibilidade desse trabalho é muito pouca parece simples. Houve o caso da Lily Allen que tinha umas músicas no MySpace e de repente era uma estrela. Mas quando se fala de os mp3 serem livres e gratuitos, ela é a primeira pessoa a dizer que não. É isso que ando a defender no nosso país, mas é uma mensagem difícil de passar, especialmente para aqueles miúdos todos que fazem aquela fila para os concursos televisivos a cantar. Faz-me confusão que os modelos e a maneira de pensar sobre como ser músico esteja tão delineada à volta da ideia de ter sucesso e ser famoso, e nunca encarada como uma profissão em que é preciso trabalhar. Em Portugal em vez de se defender a profissão do músico, defende-se muito mais a profissão do sucesso, o famoso que vai para a discoteca ser pago porque é famoso.


Aquilo a que se chama a ‘presença’.

Exacto, as presenças. Acho a ideia absolutamente absurda. Uma vez questionaram-me se eu fazia presenças. Só a ideia de fazer presenças pareceu-me algo fantasmagórico, porque pensei que estava num sítio e presente noutro lado qualquer. Mas já sabíamos que íamos progredir para isto, os media estão a progredir para essa vulgarização de que já o Warhol falava nos anos 60. Mas essa vulgarização atinge momentos de perfeita brejeirice – o facto de nós acharmos que uma pessoa é especial porque aparece em televisão… E quando é que o artista brilha? Brilha muito poucas vezes.


Em que situações é que isso acontece?

Em situações em que se tira muito prazer do que se está a fazer: quando um espectáculo está cheio, quando se trabalha muito para um disco chegar às pessoas e realmente se consegue chegar, quando se faz um concerto especial que não é numa cidade grande e enche. Não é o facto de receber um prémio na televisão, isso garanto que não é. Porque tudo aquilo que descrevo está relacionado com a adrenalina, com o facto de estar a subir uma montanha, de chegar ao topo de uma montanha pessoal. E não estar a ser glorificado sempre em relação aos outros. A profissão de artista é muito mais interessante do que nos querem fazer crer a maior parte das vezes. Tem a ver sobretudo com liberdade e expressão.


Esta a falar muito em profissão. No entanto, quando os Silence 4 terminaram houve um período em que não sabia se queria assumir a música como profissão. Já se sente confortável nesse papel?

Muito, muito confortável. Nessa altura achava que ia fazer isto mais uns tempos e que iria acabar por me fartar dos processos todos que a música implica e que não abdicam de alguma repetição: gravar um disco, ir para estúdio, depois fazer uma tour. Isso entediava-me por ser sistematicamente igual. Mas a certa altura foi a profissão que tomou conta de mim. De repente percebi: ‘Mas por que raio estou sempre a negar uma profissão que me parece tão natural?’ Em vez de combater essa ideia, resolvi abraçá-la de uma vez por todas. Acho que daí é que se explica com o facto de editar discos de dois em dois anos. Até acho que até sou preguiçoso na minha profissão, porque se sou músico devia fazer mais música. E espero que no futuro mais próximo isso seja uma realidade.


E, no fundo, o disco de dois em dois é o padrão.

Até já se desvia um bocadinho do padrão. Não vejo muita gente à minha volta em Portugal a editar de dois em dois anos.


É curioso que se torne exemplar na forma como abraça uma profissão que teve tanta relutância em aceitar.

É verdade. Posso não estar convencido, mas ao menos enquanto cá estou quero fazer isto mesmo bem [risos]. Acho que isto se prende um bocado com uma certa insatisfação e uma certa hiperactividade que tenho de resolver. E penso que comecei na música relativamente tarde. Gostava de ter começado a fazer discos aos 17 ou 18 anos e só comecei aos 25. E os discos a solo só aos 30. Vai-se sempre a tempo para tudo mas tenho sempre a sensação de que não tenho tempo para parar. Não há vez nenhuma em que saia do estúdio e não esteja a fazer as misturas finais com o meu produtor e a explicar-lhe o que gostava de fazer no meu próximo projecto. Isto é assustador, mas ao mesmo tempo deixa-me sempre inquieto em relação ao futuro.


Mas isso manifesta-se de uma forma clara?

Sim, sim. Consigo ver o que quero fazer. O que não quer dizer que isso vá acontecer, mas tenho o projecto. Posso garantir que no dia em que for para debaixo da terra, onde quer que me ponham, vou ter dez projectos por fazer. Porque é a minha maneira de ser. Gosto dessa ideia porque sinto uma liberdade extrema nisto. Sei que se falhar, o que quer que falhe não tem importância nenhuma porque tenho mais dez coisas a acontecer e possíveis de agarrar.


O que quer dizer que mantém projectos vivos fora da música.

Sim, sim. Isso está sempre a acontecer – pequenos, grandes, só para mim… Tenho um arquivo gigantesco e uma das gavetas diz ‘por explorar’ [risos]. São coisas em que penso e depois acho que vai levar um tempão a fazer. Isso ajuda-me muito. Quanto tive o primeiro projecto musical, os Silence 4, aquilo foi um fenómeno. Assustou-me muito porque havia qualquer coisa em mim que dizia que tinha de estar à altura do sucesso. Ou seja, tudo o que fizesse a seguir, especialmente se fosse um disco dos Silence 4, tinha de estar à altura. Quer quisesse quer não, era um peso que estava em cima de mim e só muito lentamente consegui tirá-lo dos ombros. Essa foi uma das boas maneiras que descobri: nem tudo tem de ter sucesso. Quando faço algo não tenho de pensar necessariamente que aquilo vai ter mesmo de resultar senão estou em apuros com a minha vida pessoal. Não vivo nesse pânico.


Quando estava nas misturas finais do Dreams in Colours que vislumbre teve deste disco? Era a ideia de voltar a tocar todos os instrumentos?

Não, normalmente tudo muda com o tempo porque quando se acaba de fazer um disco as coisas estão muito frescas e quer-se fazer o antónimo do que se acabou de fazer. Penso sempre que o seguinte vai ser radicalmente diferente. Depois tudo vai amadurecendo com o tempo porque uma das coisas boas com os discos é que estabeleço metas para os acabar. Normalmente trabalho muito o disco no estúdio caseiro e depois marcamos o estúdio profissional com o produtor e digo ‘acabamos as gravações no dia tal’, porque é a única forma que tenho de acabar o disco. E também faço isso porque assim forço-me a que o disco seja o retrato daquele tempo e não vou andar ali à procura do som perfeito. Quando acabei o meu último disco, lembro-me de ter pensado várias, mas muitas delas prendiam-se com tocarmos ao vivo num conceito diferente. Um dos meus grandes projectos com o disco anterior foi mudar claramente o meu espectáculo ao vivo e uma certa atitude que havia da minha parte.


Mas o que mudou nessa atitude?

Uma coisa é subir a um palco e olhar para as canções como sendo minhas. Vou lá acima, faço as minhas canções e venho-me embora. E há outra coisa que é subir a um palco na Covilhã, num dia de chuva e granizo, olhar para a frente e ter a clara e real noção de que aquelas pessoas saíram de casa numa noite daquelas e ficaram ali dispostas a olhar para mim e ouvir-me durante duas horas. A certa altura apercebi-me disso, que se calhar devia ter em conta que esse esforço tinha sido feito.


E como se operou essa mudança?

Passei de um cantautor obscuro e sombrio em cima do palco, que só diz uma palavra, obrigado, e muito baixinho de vez em quando, para um storyteller que lhe apetece e quer genuinamente participar nesta noite. Apercebi-me que queria vivamente que estas pessoas se esquecessem da vida delas, do que estão a fazer, dos problemas que tiveram, e que entrasse comigo duas horas naquilo. Comecei essa digressão de uma forma sombria e acabei-a a vestir fatos de astronauta em palco, com fogo-de-artifício, a cantar canções como o ‘Video Killed the Radio Star’ e a contar histórias tenebrosas de pessoas que me batem à porta a meio da noite. O que tentei perceber foi: se tenho tanto trabalho a fazer estes discos e que encaixem num universo, por que razão depois ao vivo sou uma pessoa tão sombria e displicente com o trabalho desta forma? Não podia ser.


Recentemente lançou um desafio público para encontrar a substituta da Rita Redshoes na sua banda. Já encontrou a pessoa certa?

Já, mas ainda não me deixam dizer. É uma pessoa que está noutros projectos e fiquei contente que ela tivesse até concorrido. Mas esperava que mais gente concorresse. Ainda há pouca gente a querer aprender instrumentos e a querer participar de facto naquilo que é uma profissão. É muito estranho para mim estar deste lado a dizer ‘vem comigo participar numa coisa que é real, que acontece e que vai andar pela estrada toda, aqui e lá fora’, e por outro lado ver aqueles milhares de pessoas no concurso televisivo. Faz-me muita confusão. Como é que é possível? É certo que nem todos gostam da música que faço mas mesmo assim esperaria muitas mais. Não tive milhares de pessoas a concorrer. Se calhar nem cem tive.

domingo, 1 de novembro de 2009

Musicando - António Sérgio

O radialista António Sérgio faleceu na noite de sábado, vítima de um problema cardíaco, aos 59 anos, das quais mais de 40 anos foram ao serviço da rádio, disse à Agência Lusa Luis Montez, dono da Rádio Radar.

António Sérgio fazia actualmente o programa «Viriato 25» da rádio Radar, tendo inclusivamente estado em estúdio a gravar o programa da próxima semana, que será posto no ar tal como previsto, garantiu Luís Montez.

O dono da Radar qualificou António Sérgio como «um mestre da rádio, uma referência» ou o «John Peel português». Montez afirmou que o radialista era um exemplo de trabalho e dedicação e «estava sempre preocupado com os ouvintes».

Lusa

Teatrando - O Português que se Correspondeu com Darwin

(clicar sobre a imagem para ver maior)

sábado, 31 de outubro de 2009

Musicando - Megafone 5

Os Dead Combo, Oquestrada, Gaiteiros de Lisboa e A Naifa actuam quarta-feira no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, para lançar o projecto Megafone 5, de homenagem ao músico João Aguardela, falecido este ano.

Megafone 5 é uma associação cultural destinada a recordar o trabalho de João Aguardela e a incentivar a nova música portuguesa de inspiração popular e tradicional.

Entre as iniciativas lançadas pela associação contam-se o concerto de quarta-feira e o lançamento de dois prémios anuais, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Autores.

Os amigos que estão em Lisboa que não se atrevam a perder!!!!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Falando - Gabriela Canavilhas

No site da Ípsilon pode ler-se esta conversa com Vanessa Rato:

Há menos de 11 meses como directora regional de Cultura dos Açores, Gabriela Canavilhas toma hoje posse como ministra da Cultura. Tínhamos uma conversa marcada antes de sabermos da sua indigitação e mantivémo-la. Sobre os Açores, mas a ler nas entrelinhas.

Foi uma conversa marcada antes do anúncio público do novo executivo de José Sócrates e, com ele, da indigitação de Gabriela Canavilhas como nova ministra da Cultura.

Sábado, 18 de Outubro, quatro da tarde nos Açores, uma hora menos no continente: a chuva das últimas semanas parou para dar vez a uma tarde de sol nos jardins do Palácio de Sant"Ana, a residência oficial da presidência do Governo Regional.

Estamos no centro de Ponta Delgada. Calçadas estreitas, igrejas e conventos empedrados a basalto, casario branco de portas escuras, e, depois, o caminho serpenteante que leva a este improvável palácio neoclássico ao estilo francês, cheio de vidraças e colunas finas, mas rodeado de relvados e maciços de belíssimas árvores exóticas.

É fácil passarmos sem ver pela escultura de Rui Chafes que acaba de ser instalada. Surpreendentemente fácil, tendo em conta a dimensão deste enorme anel em aço negro aparentemente suspenso, a planar rente ao chão, entre o verde, ali mesmo, à direita de quem sobe.

Entre os oradores da inauguração, o crítico e poeta João Miguel Fernandes Jorge diria que Parar o Tempo - da mesma série instalada no Jardim da Sereia, em Coimbra - é como um felino que nos deixa ver apenas o brilho dos seus olhos.

Uma escultura assim, de facto, existe e não existe. O tipo de obra a pensar como exemplo numa estratégia de transformação de outros espaços públicos da ilha em espaços expositivos, diria Gabriela Canavilhas nessa tarde.

Menos de uma hora antes, Fátima Mota, co-proprietária da Galeria Fonseca Macedo, a única galeria açoriana de arte contemporânea de perfil nacional, mostrava-nos os seus acervos e, ao falar de quase dez anos de actividade num diminuto mercado isolado no meio do Atlântico, diria: "Finalmente parecem criadas as condições e estarem as pessoas certas nos sítios certos. Dantes não havia noção de que eram necessárias dotações financeiras e recursos humanos para avançar com os projectos. Agora sim, parece que o Governo Regional quer investir na cultura".

Fátima Mota refere-se ao actual Governo PS liderado por Carlos César, que tomou pela primeria vez posse como presidente regional em 1996 e que se tem mantido no cargo desde então, sempre eleito com maioria absoluta. Foi a convite de Carlos César que, a 1 de Dezembro de 2008, Gabriela Canavilhas tomou posse como directora regional de Cultura.

Canavilhas conhecia bem os Açores. Nascida em Angola em 1961, cresceu e fez a sua formação inicial entre São Miguel e as Flores, ilhas de origem dos pais. Mudou-se para Lisboa apenas para ingressar no ensino superior, entre o Conservatório de Lisboa - Curso Superior de Piano - e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa - Ciências Musicais. Em 1999, restabelecia laços com o arquipélago ao criar o Festival MusicAtlântico e ao tornar-se assessora do então director regional de Cultura, o filólogo Luiz Fagundes Duarte, no cargo entre 1996 e 1999. Em 2002, e também a convite de Carlos César, integrava como candidata independente o círculo dos Açores à Assembleia República, o ano de derrota que se seguiu à demissão de António Guterres como primeiro-ministro.

Há um dia que sabemos da sua indigitação quando Gabriela Canavilhas, afável, comunicativa e com uma postura pública sedutora - mas também uma presença enérgica e determinada -, resume: "Costuma dizer-se que Deus escreve direito por linhas tortas. Não fui para a Assembleia, mas foi assim que acabei por chegar à [Orquestra] Metropolitana [de Lisboa] para aquilo que, à partida, era uma missão impossível".

É sexta-feira, sete da tarde no continente, uma hora a mais nos Açores. Gabrielha Canavilhas acaba de aterrar em São Miguel vinda de mais uma das suas múltiplas viagens entre ilhas. Por telefone, 24 horas depois do anúncio da sua indigitação, mantém a conversa agendada uma semana antes. A missão impossível a que se refere - a (bem sucedida) reestruturação de uma orquestra cuja presidência assumiu num momento de ruptura financeira, em 2003, após o afastamento de Miguel Graça Moura (e quando começou a deixar para segundo plano a sua carreira como pianista) - é o único ponto em que nos desviamos do tema acordado: os menos de 11 meses que passaram desde que tomou posse como directora de Cultura.

Ficamos a ler nas entrelinhas e a extrapolar de uma realidade regional para uma realidade nacional. Por exemplo, quando nos diz isto: "Acho que alguém do meio, com domínio das artes e das culturas, pode fazer uma diferença. Conhece as necessidades, os caminhos e os meios para potencializar estratégias. Estratégias concertadas entre as várias artes".

Há muitos anos já - talvez desde a saída de Manuel Maria Carrilho da pasta da Cultura (1995-2000) - que a valorização do conhecimento do terreno deu vez a um discurso de valorização do "peso político" como mais-valia estratégica para a obtenção de meios financeiros acrescidos para o sector. Nos nove anos que passaram desde então, seis ministros assumiram e deixaram a pasta. O peso da Cultura continuou a diminuir, com o mais recente orçamento a rondar os 245,5 milhões de euros. Uma media de 24,55 eurosper capita.

Sem rodeios, Canavilhas já disse que é "impossível fazer mais com menos", explicando considerar que José Sócrates sabe que é necessário investir mais na Cultura.

Obra feita

Açores: 250 mil habitantes, 95 mil dos quais concentrados em Ponta Delgada (80 mil) e Angra do Heroísmo (15 mil). No último ano, o mais elevado orçamento de sempre para a Cultura: 2,6 por cento do orçamento geral, ou seja, 24 milhões de euros. Uma média de 96 eurosper capita.

"É um orçamento elevado, mas também porque há várias obras a decorrer", diz Gabriela Canavilhas.

Obras em curso, pois: por exemplo, a nova Biblioteca Pública de Angra, uma obra da arquitecta Inês Lobo, escolha arrojada para área declarada Património Mundial (orçamento: 12 milhões de euros). Em curso, também, a ampliação do museu etnográfico da Graciosa, a reconversão do Convento de Santa Bárbara em anexo do Museu Carlos Machado e a criação de um centro de artes multidisciplinar com colecção de arte contemporânea própria na Ribeira Grande, em Ponta Delgada, e a inauguração da Casa Manuel de Arriaga prevista para Agosto de 2011, a coincidir com as comemorações do centenário da implantação da República, na Horta. Mas há outro tipo de projectos, mais invisíveis, mas porventura mais essencialmente transformadores. Por exemplo, a criação recente de um saco de bolsas artísticas, bolsas de seis meses, 10 mil euros cada, para seis áreas, com dois seleccionados em cada: literatura, dança, fotografia, artes plásticas, dramaturgia e música.

Gabriela Canavilhas: "É uma opção estratégica. Uma aposta na Cultura como factor de valorização do cidadão. Até porque a Cultura é verdadeiramente transversal a todas as áreas de actuação da sociedade. Um povo mais culto tem uma consciência cívica mais desenvolvida. Um povo que se reconhece na sua história, através do seu património conservado, é um povo que sabe redimensionar-se para o futuro, Mas claro que, se não criarmos futuro hoje, no futuro não teremos passado".

O Centro de Artes da Ribeira Grande, que já tem António Pinto Ribeiro, assessor da Fundação Calouste Gulbenkian, como consultor de aquisições para a sua colecção, tem um orçamento de construção previsto de 8 milhões de euros - deverá nascer da reconversão de uma antiga fábrica. Gabriela Canavilhas diz vê-lo como "um laboratório de criação permanente", um "centro de convergência" com espaços de residência e apresentação para áreas como as artes de palco, visuais e digitais. Antes da sua abertura, prevista para Setembro de 2012, abre já no próximo ano lectivo - 2010-2011 - uma pós-graduação em Gestão Cultural ("é necessário criar quadros e recursos que possam dar vida aos espaços criados"). Em breve, também, a Galeria Fonseca Macedo, que representa um vasto conjunto de artistas locais e nacionais de várias gerações, deverá contar com apoio para que, além das feiras em que já se faz representar - a Arte Lisboa e a Arco, de Madrid -, possa começar a frequentar também a Frieze, de Londres, a mais interessante das jovens feiras internacionais.

Estamos a falar dos Açores, poderíamos estar a falar de Portugal, como todo (foi, aliás, tema polémico no início deste ano, quando dezenas de galeristas de Lisboa e do Porto encostaram o Ministério da Cultura de José António Pinto Ribeiro à parede e ameaçaram boicotar a Arco caso não fossem apoiados pelo Estado): "É necessário criar ligações com o exterior, encontrar formas de os nossos artistas serem vistos lá fora. Não queremos artistas locais, queremos artistas de perfil internacional".

Um manifesto à sua espera

Depois da inauguração da escultura de Rui Chafes, há uma semana, nos jardins do Palácio de Sant"Ana, Gabriela Canavilhas teve o seu último acto público como directora regional de Cultura no sábado - a primeira actuação, no Teatro Micaelense, da Orquestra Clássica Regional, que ajudou a criar. Hoje toma posse como ministra. Tem à sua espera um manifesto de opinião do sector das artes visuais, chocado com o afastamento de Pedro Lapa da direcção do Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea. Um manifesto que, antes de ser aberto a assinatura pública, hoje, tinha já como signatários nomes frequentemente avessos a manifestações públicas e não raro discordantes entre si como os artistas Helena Almeida, Lurdes Castro, Julião Sarmento, Nikias Skapinakis e Ângela Ferreira, os galeristas Cristina Guerra, José Mário Brandão e Pedro Oliveira, os comissários Delfim Sardo, Miguel Wandschneider e Miguel von Haffe Perez, o director do Centro de Arte e Comunicação Visual, Ar.Co, Manuel Castro Caldas, e mesmo o historiador José Augusto França, que, não subscrevendo o documento, se junta em adenda manifestando "o seu apreço e simpatia pela obra realizada pelo Dr. Pedro Lapa no Museu do Chiado".

Cinema - DocLisboa

Petition, do chinês Zhao Liang, e October Country, dos americanos Michael Palmieri e Donal Mosher, foram as longas vencedoras da Competição Internacional do DocLisboa 2009, mas o verdadeiro triunfador da sétima edição do certame é um filme português: Pare, Escute, Olhe, que arrecadou nada menos de três prémios.

Segunda realização do repórter de imagem da SIC Jorge Pelicano, após Ainda Há Pastores?, Pare, Escute, Olhe debruça-se sobre o destino da linha ferroviária do Tua e foi o vencedor da Competição Portuguesa, recebendo os prémios de melhor longa-metragem e melhor montagem, e ainda o Prémio Escolas atribuído por um júri de alunos liceais.

Na Competição Internacional, o Grande Prémio de Longa-Metragem coube a Petition, onde o chinês Zhao Liang acompanha os habitantes da "aldeia das petições", um bairro improvisado em Pequim onde se aglomeram as centenas de pessoas que vêm à capital tentar que os serviços governamentais anulem decisões judiciais ou municipais corruptas ou injustas.

A melhor primeira obra foi October Country, sobre uma família disfuncional de classe trabalhadora do estado de Nova Iorque baseado nos ensaios fotográficos do filho mais velho, Donal Mosher, que é igualmente co-autor do filme com Michael Palmieri. Um júri de alunos universitários atribuiu o Prémio Universidades a Hasta la Victoria, onde os suíços Chris Guidotti e Massimo Besomi acompanham alguns meses na vida de um casal de médicos cubanos dividido entre Havana e a Suíça.

Também na Competição Internacional, a melhor média-metragem foi Mirages, do francês Olivier Dury, e a melhor curta-metragem 10 Min, do belga Jorge León. Foi ainda premiada, na secção paralela Investigações, a longa da cineasta russa Aliona Polunina The Revolution that Wasn't.

Para lá de Pare, Escute, Olhe,a Competição Portuguesa premiou também as curtas-metragens Passando à de Zé Marôvas, de Aurora Ribeiro (melhor curta), e Entrevista com Almiro Vilar da Costa, de Sérgio Costa (menção especial do júri).

Os vencedores do festival foram anunciados numa conferência de imprensa que teve lugar no Pequeno Auditório da Culturgest ao fim da tarde de sábado, com o verde como mote em homenagem aos recentes acontecimentos no Irão, com Serge Tréfaut, director do festival, e muitos dos jurados em palco usando cachecóis daquela cor.

O Irão esteve este ano em particular foco no festival, não apenas através de uma selecção de produções recentes do e sobre o país mas também graças à presença no júri da Competição Internacional da cineasta iraniana Hana Makhmalbaf.

Musicando - Depeche Mode

Encerram esta segunda-feira as votações online que vão determinar a banda de abertura do concerto dos Depeche Mode, dia 14 de Novembro no Pavilhão Atlântico, às 20:30.

O público pode votar através do site da Nokia Music Store.

A votação vai apurar cinco formações musicais, que irão à selecção pelo júri, segundo o divulgado em comunicado.

A iniciativa é uma parceria entre a Nokia e a UAU.

Os bilhetes estão disponíveis nos locais habituais. Há reservas. O preço na Arena é de 35 euros. No primeiro nível da bancada custam 40 euros e no segundo, 30 euros.

domingo, 25 de outubro de 2009

Teatro - COM.TEMA

Escreveu Paula Henriques no DN/Madeira de ontem:

Com.Tema acusa CMF de má gestão do Teatro
A Com.tema aponta a dualidade de critérios na utilização do 'Baltazar Dias'
Data: 24-10-2009

A Com.Tema não vai voltar ao Teatro Municipal Baltazar Dias. Nuno Morna cortou com a autarquia, acusando-a de má gestão do espaço cultural. "Não quero relações nenhumas com a Câmara Municipal do Funchal", garantiu ao DIÁRIO.

Na origem desta divergência com a entidade gestora da sala referência em termos de infraestruturas culturais no Funchal está o facto de ter pago este ano 11.500 euros pelo uso do Teatro durante 15 dias. Nuno Morna, o director da companhia que tem actualmente em cartaz a stand-up comedy 'Vou-te Bater - Comedy Club II', no auditório da RDP, assegura que a Com.Tema foi a única a ter de cumprir com o regulamento e pagar por inteiro a utilização do espaço: "Há uns que não pagam nada, há uns que pagam menos percentagem do que eu pago... há um regulamento e não se aplica, ou a uns aplica-se e a outros não se aplica, quer dizer... eu não quero alinhar neste barco", afirmou.

O actor e director da companhia assegura que o descontentamento limita-se à gestão da sala: "Adoro o teatro, foi o sítio onde nasceu a Com.Tema, é mítico para nós. A sala é fantástica, o pessoal que trabalha no teatro é fantástico, agora o modo como a coisa é gerida, eu não concordo e se não concordo, eu não vou estar a dar de barato aquela que é uma capacidade da Com.Tema tem de encher salas, para quem não entende que isso tem custos e para quem não entende que se há um regulamento, ou se aplica a todos, ou não se aplica a ninguém. Eu quero ser tratado como os outros são tratados", desabafou.

Câmara não se pronuncia

O DIÁRIO tentou ouvir a Câmara Municipal do Funchal, mas Pedro Calado preferiu não falar sobre o assunto: "Não tenho comentários a fazer", limitou-se a dizer o vereador com a gestão do Teatro Municipal Baltazar Dias e o responsável pela criação do referido regulamento de utilização da sala.

Com o corte de relações, a Com.Tema fecha a porta a esta sala e opta por outros auditórios para apresentar as suas produções. As novas oportunidades surgiram no auditório da RDP e também fora do Funchal: "Como não estou para ser injustiçado e como já tínhamos a possibilidade de fazer uma residência no Centro das Artes, em princípio os próximos anos é por lá que vamos ficar, com todo o prazer. Pelo menos ali sei qual são as regras e são aplicadas por igual a toda a gente", disse.

Apostar na descentralização

Questionado se a companhia não será prejudicada pela descentralização da sua actividade, Nuno Morna admitiu: "Eventualmente terá custos. Estamos a trabalhar em algumas ideias para que as pessoas se sintam atraídas para ir lá, não só para ir ver o teatro, mas vamos tentar juntar umas sinergias locais no sentido de uma pessoa poder ir lá passar um fim-de-semana que inclua uma ida ao teatro, ir jantar a um sítio qualquer que inclua uma ida ao teatro e por aí fora... há toda uma série de coisas que nós podemos fazer", assegurou.

'Vou-te Bater - Comedy Club II' no Funchal

Depois de quarto dias em cena no Centro das Artes, na Calheta, o 'Vou-te Bater - Comedy Club II' chegou na terça ao Funchal, ao auditório da RDP Madeira, onde vai permanecer até ao dia 31, com uma sessão diária às 21h30. Hoje, há sessão também às 18 horas. Em palco estão juntos pela segunda vez o quarteto formado por Carlos Moura, António Raminhos, os convidados, Pedro Ribeiro e o próprio Nuno Morna, ambos da Com.Tema.

Em diferentes registos, os comediantes passam a pente fino a actualidade, juntamente com outros clássicos, como o sexo e a língua durante mais de uma hora.

Os bilhetes encontram-se à venda na bilheteira da RDP Madeira. Têm o preço único de dez euros.

Paula Henriques

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Teatrando - Vou-te Bater! Comedy Club 2

Tenho andado pouco por aqui porque o trabalho tem sido muito... já a preparar a nova peça para apresentar no final de Fevereiro do próximo ano.
Entretanto e em relação a este "Vou-te Bater! Comedy Club 2", os bilhetes estão a ser vendidos a grande velocidade!!!! Podem fazer reservas para o número 963 597 725 e a bilheteira abre todos os dias às 18.00h na RDP/Madeira.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Cinema - DocLisboa

O sétimo festival de cinema DocLisboa, que começa quinta-feira, apresenta este ano cerca de 200 filmes, entre os quais a mais recente produção portuguesa, que a organização considera ter atingido a maturidade.

Até dia 25, o festival vai desdobrar-se entre a Culturgest e os cinemas Londres e São Jorge, propondo várias homenagens e retrospectivas, a presença de realizadores estrangeiros e filmes inéditos portugueses, produzidos este ano.

Haverá um ciclo dedicado aos Balcãs, pós-Jugoslávia, e foi feita uma selecção de filmes do ou sobre o Irão, repartidos por várias secções.

Lendo - Prémio Leya

O romance «O Olho de Hertzog», do moçambicano João Paulo Borges Coelho, é o vencedor da segunda edição do Prémio Leya, no valor de 100 mil euros, foi hoje anunciado pelo presidente do júri, Manuel Alegre.

Manuel Alegre justificou a distinção da obra por ser «um romance de grande intensidade, em que se conjugam a complexidade das personagens, a densidade da trama narrativa e a busca do olho de Hertzog, que é, de certo modo, uma metáfora da demanda do destino individual e colectivo».

Ao Prémio Leya 2009 apresentaram-se 201 originais, tendo sido finalistas 11 obras.

Musicando - GCEA

Ainda pela pela de João Filipe Pestana no DN/Madeira de hoje:


A preservação e investigação do património musical em Portugal, sobretudo no que concerne aos séculos XIX e XX, lida com a dificuldade de grande parte das obras existentes estarem ainda na posse de descendentes dos compositores e, consequentemente, em muitos casos serem de difícil acesso.

Por cá, a Região Autónoma da Madeira tem dados passos significativos e pioneiros nesta área por mérito do trabalho desenvolvido nos últimos quatro anos pela Divisão de Investigação e Documentação do Gabinete Coordenador de Educação Artística (GCEA).

Paulo Esteireiro, coordenador desta divisão do GCEA, revela que em quatro anos foi possível criar uma base de dados com três mil partituras históricas catalogadas, além de terem sido transcritas 150 partituras em edição moderna, de terem sido angariadas, inventariadas ou catalogadas 500 imagens com músicos, instrumentos ou situações musicais. Fruto ainda do trabalho do GCEA, foi possível gravar em estúdio 40 peças históricas da Madeira e realizar 60 biografias de músicos madeirenses.

Estes resultados positivos acabam de ser apresentados no Fórum Musicológico que decorreu no passado fim-de-semana em Oeiras, num evento de âmbito nacional que contou com a participação de alguns dos principais especialistas nacionais da área do património musical.

Conforme explica Paulo Esteireiro, "a Madeira, através da experiência do Gabinete Coordenador de Educação Artística da Madeira, revelou o trabalho feito no património musicológico: desde a recolha de fundos musicais junto de famílias e instituições, passando pela sua correcta catalogação utilizando as regras portuguesas de catalogação e os 'softwares' especializados das bibliotecas, até à realização de projectos de investigação musicológica e divulgação junto das escolas e da comunidade madeirense".

Salienta que ao longo de quatro anos foi recuperado todo o tipo de repertório da autoria de uma grande percentagem de músicos madeirenses (muitos dos quais desconhecidos): música sacra dos séc. XIX e XX; peças para orquestras de salão do séc. XIX; música doméstica para piano; peças para orquestras de bandolins do séc. XX; peças para bandas filarmónicas dos séc. XIX e XX; música de revista e operetas; e ainda canções e arias de ópera.

Paulo Esteireiro revela que grande parte do espólio tem sido encontrado junto de padres, igrejas e Seminário do Funchal, junto de músicos ou famílias (viúvas e descendentes, muito apegados à documentação pelo valor sentimental); e em associações culturais (arquivos de bandas filarmónicas, associações de bandolins, coros, etc).

O GCEA tem sido pioneiro na divulgação do trabalho musicológico nas escolas, algo que é caso único em Portugal. Ou seja, o espólio recuperado tem sido alvo de edições e tem sido utilizado na formação directa aos docentes de Educação Musical.

Apesar dos obstáculos sentidos pela Divisão de Investigação e Documentação, como a dificuldade de escoamento das edições e o sempre árduo acesso a determinados fundos musicais, o GCEA não desiste e tem três objectivos centrais para os próximos tempos: aumentar o número de documentos digitais da Biblioteca; formar os docentes para utilizar os recursos criados ao longo destes quatro anos; convencer os musicólogos portugueses a estudarem a música na Madeira.

Paulo Esteireiro

Paulo Esteireiro é coordenador da Divisão de Investigação e Documentação do GCEA, onde dirige as seguintes áreas: a Biblioteca, o Sector de Edições, o Estúdio de Gravações, os Estudos de Musicologia Histórica, o Observatório de Educação Artística, o Jornal Electrónico de Educação e Artes e a Livraria 'On-Line'. É licenciado e mestre em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa, onde actualmente prepara o doutoramento. É autor e coordenador de publicações. Tem escrito artigos para revistas e publicações. É docente convidado do Ensino Universitário.

Teatrando - Música no Coração

Escreve João Filipe Pestana no DN/Madeira de hoje:


É um dos musicais mais célebres e o de maior sucesso no teatro e no cinema. Estreado a 15 de Novembro de 1959 no saudoso Lunt-Fontanne Theatre, na Broadway, com uma das então mais conhecidas estrelas dos palcos norte-americanos, Mary Martin, no papel da noviça rebelde 'Maria', o espectáculo 'Música no Coração' foi adaptado para o grande ecrã em 1964 com a actriz Julie Andrews, acabando por ganhar cinco Óscars.

E é precisamente o musical 'The Sound of Music' que hoje à noite, a partir das 21 horas, estreia no Teatro Municipal Baltazar Dias, uma adaptação cénica a cargo do Madeira Amateur Dramatic Society (MADS), que reuniu meia centena de vozes para dar corpo e alma a este espectáculo de difícil execução.

"Preparar 'The Sound of Music' foi muito duro, pois tivemos pouco tempo no Teatro, mas no entanto estou muito satisfeita com os desempenhos de todos", começou por declarar Teresa Gedge, directora do MADS. "As pessoas nem calculam o tempo e o esforço dos actores e cantores. Dos protagonistas, três quartos nunca tinham pisado o palco, nunca tinham feito nada... espero que corra tudo bem, foi muito trabalhoso", adiantou. "Tem havido muita gente a falar, já recebemos inúmeros contactos de pessoas interessadas em ver o musical, de escolas e outras instituições", concluiu.

Ontem à noite, 'The Sound of Music' teve uma antestreia só para convidados no 'Baltazar Dias', mas só a partir de hoje é que começa o verdadeiro 'teste'.

O musical vai estar em cena ininterruptamente até dia 23, às 21 horas (aos sábados há também uma matiné às 16 horas e aos domingos só há uma sessão às 18 horas). Os bilhetes custam entre 15 e 25 euros.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

BD - Astérix

O álbum de banda desenhada que assinalará este ano o meio século da criação de Astérix e Obélix tem por título «O livro de ouro» e sairá no dia 22 em simultâneo em 19 países, incluindo Portugal.

O anúncio do título do álbum inédito foi anunciado hoje em Paris, numa conferência de imprensa onde estiveram o desenhador Albert Uderzo e Anne Goscinny, a filha do argumentista René Goscinny, já falecido.

A edição de «O aniversário de Astérix e Obélix - O livro de ouro» foi anunciada há vários meses como «o maior banquete festivo preparado pelos irredutíveis gauleses», já que comemora os 50 anos do aparecimento daquelas personagens.

Lendo - Nobel


O Prémio Nobel da Literatura 2009 é Herta Müller, romancista alemã nascida na Roménia em 1953.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Teatrando - Vou-te Bater! Comedy Club 2

Escreve Paula Henriques no DN/Madeira de hoje:

António Raminhos e Carlos Moura voltam à Madeira para com Nuno Morna e Pedro Ribeira protagonizar o próximo capítulo da saga 'Vou-te Bater - Comedy Club', agora o segundo. Os humoristas, contou Pedro Ribeiro, gostaram tanto da primeira experiência no ano passado que insistiram em repetir: "Eu e o Nuno somos obrigatórios. Chama-se 'Vou-te Bater' temos de lá estar os dois, é mesmo assim, e já nos aturamos um ao outro há muito tempo, já temos uma química engraçada. Depois, o Moura e o Raminhos, sobretudo porque eles quiseram repetir a experiência e chatearam-me e ao Nuno até à exaustão para voltarem". O desejo foi-lhes concedido. O espectáculo da Com.Tema em formato 'stand-up comedy' estreia já no dia 15 de Outubro, no Centro das Artes, na Calheta. Depois de uma temporada a Oeste que terminará a 18, 'Vou-te Bater - Comedy Club II' estará no Funchal, a partir do dia 20 e até ao final do mês, no auditório da RDP-M.


Em conversa com o DIÁRIO sobre a origem deste projecto, Pedro Ribeiro, que em princípio será o apresentador, a partir do continente explico: "'Vou-te Bater' porque tem a ver com a forma que eu e Nuno Morna estreamos na Madeira de um determinado tipo de 'stand-up comedy' muito desenfreado, capaz de falar da actualidade de todo o mundo mas também do que se passa na Região, daqueles 'madeirismos', digamos assim, das pequenas coisas que só existem aí, juntamos tudo. É um espectáculo tão grande que tanto pode ser feito aí, como em qualquer parte do mundo, mas sinto que feito aí tem um tempero a 'funcho' em algumas piadas". Sobre a segunda parte, acrescentou: "Chama-se 'Comedy Club' porque o que nós fazemos no fundo é aquilo que mais honra a tradição do 'stand-up comedy', ou seja o verdadeiro clube de comédia, que existe muito em Nova Iorque, no Reino Unido e que agora começa a acontecer também em Lisboa e que é um ambiente mais intimista, um pequeno auditório, um pequeno teatro, ou um bar onde se reúnem quatro comediante, mais ou menos - às vezes são quatro, às vezes são seis - no nosso caso são quatro, para dar as suas visões totalmente distintas do mundo. Quatro estilos de 'stand-up comedy' totalmente diferentes, mas todos eles com bons resultados, pelo menos a julgar pela experiência do ano passado que correu muito bem".


O espectáculo terá uma espinha dorsal fixa. A partir daí, os artistas exploram, consoante as influências do momento e o próprio estado de espírito, contou.


"Há básicos do 'stand-up comedy' que com certeza serão apanhados, questões relacionadas com sexo, de uma forma divertida, a religião, a existência ou não de Deus, mais no sentido da decência do que de outra maneira. Não queremos ser polémicos. Normalmente somos inteligentes o suficiente para não nos metermos com a Religião, metemo-nos antes com a hipocrisia à volta". Com textos "radicalmente diferentes", a segunda edição vai passar ainda pela observação da sociedade, pelas legislativas e pelas autárquicas que, lembrou, "vão estar fresquinhas". Paralelamente a estes temas maiores, onde também se insere, por exemplo, a própria língua portuguesa, vão entrar outros mais corriqueiros, como a 'bimby', os comandos de televisão, a relação com a electrónica e os computadores, adiantou. "Vamos desde a marca de sabonetes que usamos até ao tipo de religião que escolhemos. Tudo isto pode ser tema de comédia", disse Pedro Ribeiro. Segundo o comediante, há textos que estão a ser trabalhados há cerca de três anos e que rodaram por vários sítios do país e muitas outras coisas que ainda têm guardadas para mostrar. "Para além desse material mais envelhecido, digamos assim, que vamos buscar à garrafeira e que o pessoal ainda não provou, vamos juntar muita coisa que vai surgir no momento", garantiu.


Pedro Ribeiro acredita no poder da qualidade como receita certa para o sucesso e define mesmo como objectivo fazer as pessoas se abstraírem do esforço de tempo e financeiro que fizeram e que fiquem apenas com o gozo e o prazer de terem rido durante uma hora e meia. "Penso que a Com.Tema conseguiu ao longo de anos de luta, conseguimos dar uma certa garantia de riso mínimo às pessoas. As pessoas sabem que se vão rir e vão sair bem dispostas, pelo menos a grande maioria".


Os bilhetes voltam a custar dez euros. Estão à venda no Centro das Artes e na RDP-M a partir do dia 20 de Outubro.


"Quem viu no ano passado, pode esperar melhor ainda. Quem ainda não viu, que fale com quem viu no ano passado", disse, rindo-se. Na última sessão, e o DIÁRIO pode comprovar, "vendia-se chão, havia gente que queria comprar um lugar no chão. Desta vez esperamos não chegar ao ponto de sentar pessoas no chão na última sessão, esperamos que as pessoas vão ver mais cedo".


Os humoristas, por P. Ribeiro


Nuno Morna


"Utiliza muito o físico dele e uma ironia muito ao estilo do Louis Black, que é um dos comediantes que ele mais gosta. Estilo bastante forte, agressivo às vezes, mas que resulta muito bem, porque ele já tem a experiência".


Pedro Ribeiro


"É mais enérgico, mais de mímicas e de expressão facial. Tem como modelos o Robin Williams e o Eddie Murphy. É até um bocadinho histérico."


António Raminhos


"Vai por associações perfeitamente idiotas, por isso mesmo durante os espectáculos diz que está activo devido ao consumo de drogas. O que evidentemente não é verdade. É um humor saído da sala do psiquiatra, basicamente."


Carlos Moura


"É talvez o mais jornalístico de todos nós, é o que faz mais observações sociais e mais crítica social e que menos precisa de esbracejar para fazer rir uma plateia".


Paula Henriques

domingo, 4 de outubro de 2009

Musicando - Rui Massena

Escreve Luís Rocha no Dn/Madeira de hoje. Aproveito para manifestar a minha solidariedade e concordância com Rui Massena.


O maestro titular da Orquestra Clássica da Madeira (OCM), Rui Massena, está indignado com o Casino da Madeira, responsável pela gestão do Centro de Congressos onde a OCM costuma apresentar os seus concertos. E deu conta dessa mesma indignação numa carta que escreveu ao secretário regional da Educação e Cultura, Francisco Fernandes, a qual, porém, através do DIÁRIO, faz questão de tornar pública.

A missiva dá conta de que, no dia 1 de Outubro, Dia Mundial da Música, o maestro chegou ao Centro de Congressos e deparou com uma faixa publicitária da comédia 'I Love My Penis' (protagonizada por dois actores, Almeno Gonçalves, que interpreta o papel de 'André' na telenovela 'Flor do Mar', e António Melo, conhecido da série 'Os Malucos do Riso'). "Qual o meu espanto", escreve Rui Massena, quando chego às 21 horas para um concerto a que ia assistir, tal como cerca de 400 pessoas [o concerto foi dirigido pelo maestro convidado Miguel Graça Moura] e vejo colocada, sobre a lona de publicidade com que a Orquestra divulga as suas actividades do trimestre, uma lona praticamente do mesmo tamanho da nossa, com a divulgação de um teatro para 17 de Outubro, com o sugestivo título de ' I Love My Penis'".

Indignação e vergonha

Confessando-se a Francisco Fernandes "indignado e envergonhado", Rui Massena fez questão de fotografar a situação, para melhor a expor ao secretário regional da Educação e Cultura.

"Enquanto cidadão, chocou-me ler em letras garrafais 'I Love My Penis' à entrada do concerto", diz Rui Massena na carta. E até ironiza: "Lembrou-me o Lincoln Center em Nova Iorque, onde, ao lado [do anúncio] da Philarmonic Orchestra, tinha em cena a ópera 'Madame Butterfly', de Puccini, e o bailado de Tchaikovsky 'O Lago dos Cisnes'.

Confessa que não irá, certamente, ver a peça em questão: "Acho pobre e diminuta a consideração pelo povo. Elevação precisa-se", reclama. Por outro lado, enquanto director artístico da OCM, "uma instituição de carácter estruturante (e não pontual) para a Região Autónoma da Madeira, pergunto-me como é possível tolerar um acto de claro vandalismo (portanto não autorizado por nós), que corresponde à colocação de uma lona publicitária, claramente para tapar a da Orquestra que lá estava, num espaço que é suposto estar sob o nosso usufruto, de acordo com o protocolo que o Grupo que tutela o Casino da Madeira estabeleceu com o Governo Regional, num dos pressupostos de troca pela concessão do jogo ao Grupo". Sem julgar os critérios programáticos do Casino, Rui Massena lamenta que "as 400 pessoas que foram participar no Dia Mundial da Música" não tenham podido saber "que até 17 de Outubro temos ainda quatro concertos agendados".

"O acto de tapar um painel de publicidade sem autorização é do mais desrespeitoso que existe, para a Fundação Madeira Classic, que tanto investe esforço e dedicação à causa artística, para o Governo Regional, que suporta o investimento num projecto estruturante para a Região elogiado pela comunidade civil e artística (...), e para o público da Orquestra, que [no dia 1 de Outubro] sendo talvez em 20 por cento adolescente e infantil, teve de se confrontar a si próprio e aos pais, na ida a um acto artístico maravilhoso de grande elevação intelectual e moral, com uma proposta para um acto de entretenimento explícito".

Afirmando ter abertura, enquanto profissional, para várias artes, "realizadas sempre com qualidade", Massena reclama que a sua posição "não é elitismo. É ética. Depois de tantos anos a investir na formação e educação artística da população, precisamos de um espaço nobre para receber as artes de palco. Um espaço de reunião, com elevação, criterioso e adequado. Com um Gabinete de Educação Artística que faz um trabalho ímpar na sensibilização da população através das artes, com um Conservatório que forma alunos anualmente e que se tornam no panorama artístico nacional e internacional referências de qualidade, estará porventura na altura de deixarmos de uma vez de estar dependentes de um centro de congressos e de um teatro que não funcionam".

Rui Massena termina, dizendo a Francisco Fernandes: "A título de lealdade quero dizer-lhe que enviarei esta carta para a Comunicação Social, após lhe ter sido entregue na Secretaria". Quem não gostou nada de ouvir isto foi Carlota Cavaco, directora-geral do Casino, que nos disse considerar "descabidas e provocatórias" as declarações do maestro, e altamente impróprio torná-las públicas "sem falar com as pessoas". Diz que se tivesse sido pedido que o Casino tirasse a faixa, "como é natural, nós teríamos tirado". Aliás, até admite que a publicidade foi retirada para um congresso este fim-de-semana, vindo do Brasil, "porque achámos menos próprio".

Questionada sobre se não lhe tinha ocorrido que a publicidade de 'I Love My Penis' seria menos própria para exibir aquando do concerto do Dia Mundial da Música, Carlota Cavaco responde de forma incisiva: "O Centro de Congressos da Madeira deveria estar a ser usado pela Orquestra só para concertos, e está a ser usado abusivamente". A nossa interlocutora diz que a OCM aproveita para realizar ensaios no Centro de Congressos, inclusive frequentemente convidando crianças - visitas essas que não informa devidamente à direcção do Casino. Assegura que o Casino tem tentado manter uma boa relação, mas a OCM "não pede autorização para absolutamente nada". Levar estas questões à praça pública, diz, "é o reflexo da relação que tem sido mantida connosco".

Luís Rocha

sábado, 3 de outubro de 2009

Lendo - Cartas de Lord Byron vão a leilão

Numa dessas cartas escreve que os portugueses são um povo de poucos vícios, "exceptuando os piolhos e a sodomia".

É o mais impressionante conjunto de cartas de Lord Byron a aparecer no mercado nos últimos 30 anos: a correspondência adquirida em 1885 pelo conde de Roserbery, que inclui alguns documentos inéditos, será agora colocada em leilão pela Sotheby's, em Londres, embora a data ainda não tenha sido revelada.

Do lote fazem parte as cartas que o poeta inglês escreveu a Francis Hodgson, um membro do clero da era vitoriana que era seu amigo. Aí revela detalhes íntimos, como o caso que teve com uma criada, Susan Vaughan, que abandonou quando percebeu que ela o traía com outros. Gabriel Heaton, especialista da Sotheby's, disse ao "Guardian" que Byron nunca diz nas cartas que vai ser fiel a Susan, mas escreve que espera que ela lhe seja fiel. E quando lhe chegam rumores de que Susan não lhe foi fiel, a criada e amante perde o emprego.

A determinada altura, escreve também que os portugueses são um povo de poucos vícios, "exceptuando os piolhos e a sodomia". E fala também sobre a Albânia, descrevendo ao amigo o governante Ali Pasha como sendo "uma pessoas boa, corpulenta e com 200 mulheres e outros tantos rapazes" - "alguns dos quais eu vi e que lindas criaturas eram", sublinha.

Byron claramente achava "graça a escrever coisas ligeiramente chocantes a um homem do clero, mas também se vê que eles mantinham uma amizade muito forte. Nota-se que há intimidade entre eles", continua Gabriel Heaton em declarações ao "The Guardian". Por fim, Byron também tece comentários sobre outros poetas do seu tempo, como Robert Southey e William Wordsworth. Este último denegriu o poeta que Byron muito admirava, Alexander Pope, ao dizer que o seu estilo era artificial e arcaico e por isso é referido nestas cartas de maneira depreciativa. Quinze por cento do material desta correspondência nunca foi publicado e está por estudar.

Cinema - Polanski

O humorista norte-americano Chris Rock demarcou-se dos pesos-pesados de Hollywood (como Martin Scorsese, Whoopi Goldberg e Natalie Portman) que defendem a libertação de Roman Polanski, detido na Suíça por ter abusado de uma jovem de 13 anos em 1977.

No talk-show de Jay Leno transmitido na quinta-feira, Chris Rock insurgiu-se contra quem descreve o que se passou entre o cineasta e a jovem como não sendo uma violação. "Estão a brincar comigo?! Ela tinha 13 anos! Já vi miúdas de 16 e 17 anos que parecem ter 18. Mas 13 anos são 13 anos!", exclamou, lembrando que os EUA querem matar Bin Laden e não violá-lo, "o que seria uma barbaridade".

in Correio da Manhã