quinta-feira, 3 de abril de 2008

Pistas Para Uma Nova Cultura (V)

Que fique bem claro que não tenho nada contra o subsídio governamental. Até o acho necessário desde que na medida justa.
Sou é visceralmente contra a subsídio-dependência e o inanimismo que isso provoca. E acreditem que já ouvi cada coisa e assisti a cada uma que só visto. É que esta dependência é como uma droga que inibe a criatividade de uma série de instituições que estão sempre mais preocupadas em saber as datas do pagamento do dito subsídio do que em criar e proporcionar cultura.
Por outro lado, muitas vezes, os subsídios governamentais separam os artistas dos públicos. Bons projectos são substituídos por verdadeiras aberrações quando o dinheiro esperado não chega ou vem pela metade. Isto acontece porque se parte do pressuposto do subsídio em vez de se fazer o inverso que é partir do nada.
Ao montar um projecto é sempre preferível partir da seguinte premissa: não tenho nada! A partir daqui o que é que posso fazer? Tudo o que a seguir vier, o que se conseguir reunir, seja dinheiro sejam bens, servirá sempre para engrandecer o projecto.
Sem dúvida que quanto maior for a distância dos promotores em relação ao subsídio governamental, maior é a liberdade criativa. Não que considere que as entidades oficiais exerçam pressão sobre o processo criativo, mas a autocrítica e autocensura dos criadores ficam mais "apuradas". Ninguém gosta de morder a mão que lhe dá de comer!
Daí ser sempre preferível recorrer a entidades privadas, o que entre nós é muito difícil uma vez que o nosso tecido empresarial não entende a responsabilidade e papel social que as empresas devem ter.
A libertação da subsídio-dependência passa também pela formação dos nossos empresários e por uma lei do mecenato regional eficaz e aliciante para as empresas.

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