Sempre que falamos de cultura é esperado que o façamos como se ela fosse uma parte estrutural da sociedade. Facilmente os que têm uma perspectiva colectivista desenham uma tipologia de sociedade com a cultura, a economia e a política nos vértices, tratando tudo isto como um triângulo estrutural do todo social.
Mas a estrutura não pode, de todo, ser vista assim. Isto porque os objectivos, as percepções e as concepções da natureza dos indivíduos como entidades únicas e irrepetíveis provam a incapacidade analítica se seguirmos esse caminho.
Por outro lado as teorias do individualismo são muito mais poderosas na teorização cientifica. Podemos assim concluir que, ao nível do individual, uma análise estruturante do social é desagregadora.
Todo e qualquer acto humano é parte de um todo, e a pequena parte dele é usada como base para a abstracção e para a criação de categorias conceptuais, tais como a cultura. O acto puramente cultural per si não existe, tais como não existem actos políticos ou económicos dissociados do todo. Isto porque tudo se mistura e o acto em si é o resultado de influências dos diversos níveis.
Uma visão do social onde as categorizações empregues se crêem reais em si próprias, resulta numa visão de uma sociedade antropomórfica que se auto-gere. Ao aceitarmos isto nada é mais natural do que querer organizar o mundo de modo a que este corresponda a um tipo de organização de um estado burocratizado onde tudo está compartimentado. O exemplo disto a apresentar é óbvio: os diferentes ministérios e, porque esta compartimentação não é suficiente, as secretarias de estado.
O estado, tal qual o conhecemos, não tem que ser obrigatoriamente assim. Um dos maiores males que provoca, e que é também, a meu ver, a principal causa do seu falhanço, é o facto de procurar agir ao nível da categoria e não ao nível da estrutura. O estado procura impor as suas categorizações na estrutura social em vez de procurar entender a estrutura da sociedade.
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