O meu escrito de ontem no DN/Madeira:
Seria bom que, rapidamente e sem equívocos, se definisse uma
política de desassossego nesta terra. Uma política que reconhece-se o direito
ao sossego de alguns e ao desassossego de outros.
Eu nasci desassossegado, irrequieto. Entendo que uma das
coisas mais importantes para um crescimento integral do ser humano se prende
com a busca. Com a busca de novas cores, sons, sabores, pensares, ideias,
ideais, etc. Quem não entender isto e se refugie no sossego que o ficar a olhar
para o umbigo lhe proporciona nunca se sentirá preenchido e feliz.
Nas sociedades mais avançadas um dos factores determinantes
da qualidade de vida é a facilidade de "adquirir" bens culturais.
Quer se queira quer não e por mais poeira que se pretenda atirar para os olhos
das pessoas, a nossa terra não é uma terra de Cultura. Ela existe e está por
aí, desgarrada, desorganizada e, acima de tudo, submetida a tudo e a todos sem
ser reconhecida como o bem de primeira necessidade que é. Ou então importamo-la
em pacote e ficamos embevecidos confortavelmente sentados a ouvir o que os
outros têm para dizer.
A Madeira precisa de uma REVOLUÇÃO CULTURAL. Uma revolução
qualitativa que leve as pessoas a sair de casa em busca de coisas novas. Uma
revolução que altere as mentalidades e proporcione uma leitura correcta de um
mundo que é cada vez mais uma "aldeia global". Que nos limpe as teias
de aranha da cabeça e a tacanhez de espírito.
Só assim teremos cidades e vilas vivas e prenhes de actividade.
A Cultura é, também, um bem que não pode ser negado a
ninguém. É um direito de todos.
Por favor não me neguem o direito ao desassossego.
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