Muitas vezes referimo-nos à cultura como se esta fosse uma entidade física, uma "coisa" que se pode isolar, individualizar, examinar e analisar separadamente. Neste sentido a cultura não existe, e não existe porque não é algo de palpável. Não é um objecto que se possa agarrar e guardar no fundo de uma gaveta. O "agir culturalmente" não é um acto que se finaliza em si próprio mas sim o início de uma sequência de acções que levam a um todo, esse sim considerado cultura.
Sempre que discutimos cultura estamos a lidar com um conceito abstracto pois o acto cultural é o resultado de um conjunto de acções. O objecto cultural não existe por si só.
Aqueles que pensam a cultura como um objecto independente não podem estar mais errados. Uma Teoria da Cultura e o seu consequente entendimento deverá sempre basear-se na compreensão daquilo com que estamos a lidar. Se aceitarmos o modo socializante de ver o mundo, se olharmos a cultura sob a perspectiva do global, do colectivo, a cultura apresentar-se-nos-à numa esfera separada de tudo o resto (política, social, económico, etc.). Quem sofre de uma visão colectivista das coisas, tende a confundir "categoria" com "estrutura". Pode ser útil olhar para o mundo com os olhos de uma qualquer categoria cultural de modo a desenhar facilmente certos aspectos da ordem humana, mas todas, per si, não passam de categorias que o observador usa para entender o mundo que o rodeia e que, de todo, não fazem parte da realidade.
A estrutura do real é aquilo que está dentro de si próprio. A estrutura não é observável, não é quantificável, é tão somente teorizável.
1 comentário:
Nem mais... Já dizia T. Adorno que a cultura é mais do que alguma vez possamos imaginar.
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