quarta-feira, 2 de julho de 2008

Músicando - O Gordo e os Pimba

Publicado no DN/Madeira de hoje.

Nuno Morna regressa em versão 'pimba'
O Gordo e os pimba apresentam um espectáculo 'Fora de Série'. A estreia é na quinta-feira

A irreverência de Nuno Morna está de volta num novo projecto, desta vez musical. Chama-se o Gordo e os Pimba e é no fundo uma homenagem a Falcão, um grande nome da "música ranhosa", um cantor brasileiro "brega" que fez a delícia de muitos nos anos passados.
"É uma banda que pretende reinventar os cânones musicais", disse ainda. Falcão foi realmente um cantor e compositor satírico da música popular, tido como um dos maiores representantes do estilo brega brasileiro, refere o sítio Terra.com. Segundo Nuno Morna, os espectáculos do cantor cearense primavam pela teatralidade. Acrescenta também que se um dia existiram os Mamonas Assassinas, foi "graças à cara-de-pau do gigante Falcão!". Nesta linha, pretendem um espectáculo de "pura e alta filosofia para as massas, 'amarfanhamento' da 'inteligência nacional' e bom humor".
O actor, escritor, músico e também apresentador vai actuar ao lado de Miguel Apolinário (na guitarra), Juan Pestana (nas teclas) e Eduardo (na bateria).
Os direitos de actor foram cedidos para levar as músicas de Falcão a festas e arraiais. Todos os temas serão adaptados para o português de Portugal e terão também o respectivo enquadramento nacional e regional, disse. Segundo o mentor, trata-se de um espectáculo "extremamente interactivo", pois a banda, "interacta" com o público, leia-se interage. Já as letras das músicas são, classificou, "de um total absurdo".
Por tudo o já dito e pelo que vem a seguir, o espectáculo promete. Como exemplo, deixou "o fino recorte" da letra de 'Ai, Minha Mãe': "Ai! minha Mãe, minha Mãe; Ai! minha Mãe, minha Mãe; Ai! minha Mãe, minha Mãe; É a mulher de meu pai".
O repertório inclui, entre outros, temas como 'As Bonitas que me Perdoem' e uma versão 'Carro Preto' cantada em inglês, "numa singela homenagem aos carros pretos e à música anglo-saxónica".
O Gordo e os Pimba têm vários objectivos de carreira, no mínimo caricatos. Querem influenciar toda uma geração; revolucionar o mercado literário português e também de Portugal; ganhar o Nobel da Paz, para assim poderem ir à Suécia conhecer umas suecas; transformar o seu espectáculo no maior evento musical de 2008; ajudar donas de casa e funcionários públicos a comer com faca e garfo e de boca bem aberta; dizer que não à Marisa Cruz; ir ao 'Bom Dia Madeira' na RTP/M fazer a leitura de imprensa; enriquecer o vocabulário de estudantes e analfabetos e dar um subsídio ao Júlio Isidro para ele ficar em casa.
Uma nova banda para levar, ou talvez não, a sério. A primeira apresentação está prevista para quinta-feira, no Porto Moniz, na Semana do Mar. Pedro Ribeiro terá uma participação especial.

Paula Henriques
nota: a peça publicada no Diário tem uma pequena incorrecção: o espectáculo realizar-se-à na quinta-feira, dia 3 pelas 23h, e não na sexta. Tomei a liberdade de corrigir este aspecto no texto da Paula Henriques.

1 comentário:

Anónimo disse...

Preciso de perguntar.
O que é que se passa com a Madeira?
Culturalmente falando, claro.
sou apologista de que existam estes fenómenos dedicados à maioria, mas culturalmente, o que é que se passa realmente com a Madeira?

nunca, como na terra, consegui perceber o que é que realmente se passa com a cultura?

Nuno, os putos estão todos em casa. agarra-os e leva-os para algum lado. Mesmo à nossa dimensão, é preciso fazê-los perceber que um programa feito nas Vespas não é mais que um placebo cultural. não existe dimensão suficiente para o consumo desses fenómenos. existe sim, espaço para criar. living, live art.
bora pô-los a mexer... de dia. para a noite ser saudável (do ponto de vista da criação, do mostrar, da observação, da crítica, do fomento, da vontade) e não a cultura do clubbing que nunca existiu.

existe, uma comunidade suficientemente grande para se unir e contribuir um pouco mais, nao para a divulgação, mas para a criação e consequente fomento da cultura local.

somos piores que vizela.

desculpa intervir no teu texto, mas tinha que ficar expressa a vontade.

faz-me uma confusão séria a cultura não ser a sério.

não são coisas diferentes que são precisas, são momentos de criação, únicos e espontâneos que façam sentir cultura.