quarta-feira, 9 de julho de 2008

Filosofando

A tradição só existe na consciência humana. Somente a consciência humana possui a liberdade de escolher, o que é indispensável ao verdadeiro tradicionalismo; uma liberdade sem a qual todo o tradicionalismo (…) degenera em opressão inquisitorial. O falso tradicionalismo tenta sempre suplantar a consciência humana por uma escolha, feita uma vez por todas, para nos deixar viver dentro de uma cega fatalidade. É a morte do espírito. E, com o espírito, morre a faculdade crítica pela qual julgamos o caos e “chamamos as coisas pelos nomes” a fim de as reconhecer. A consciência humana, artificialmente cortada das experiências da verdadeira tradição, sucumbe, encerrada num “modernismo” individualista ou colectivista. Os critérios se perdem. Não há mais compreensão do verdadeiro ou do falso, do bem ou do mal. Então, os homens começam por si mesmos. Os seus feitos “desafiam toda a experiência”. “Maldita seja” – diz o escritor alemão Achim von Arnim – “a infâmia que começa por si mesma um novo mundo. O que é bom o foi eternamente.”

in Ensaios Reunidos, Vol. 1, Otto Maria Carpeaux, Topbooks

nota: o português é meio arrevesado mas a edição é brasileira. O conteúdo, esse, é brutal!

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