
..."a verdade, quando impedida de marchar, refugia-se no coração dos homens e vai ganhando em profundidade o que parece perder em superfície... Um dia, essa verdade obscura, sobe das profundidades onde se exilara e surge tão forte claridade, que rasga as trevas do Mundo"
Rolão Preto in Inquietação
Já aqui dei a entender que considero Rolão Preto um dos mais interessantes personagens do séc. XX português. Um pensador e homem de liberdade conotado com o regime saído do 28 de Maio de 1926 e que rejeita a transposição da ditadura (que queria efémera até que o país pudesse voltar a um modelo de democracia monárquica) para um regime de tipologia fascista.
A máxima notoriedade de Rolão Preto viria a dar-se na sequência do lançamento do «Movimento Nacional-Sindicalista» (MNS), em Fevereiro de 1932, através do qual foi desafiado o Salazarismo emergente. Sob a direcção de Rolão Preto e Alberto de Monsaraz, aquele movimento de massas veio a abalar profundamente o País. Consegue imprimir ao nacional-sindicalismo uma liderança fortemente carismática, mobilizando grande número de jovens das Academias.
Em entrevista à United Press, não deixou de vincar a sua distinta matriz doutrinária, enunciando uma clara demarcação ideológica: o Fascismo de Mussolini e o Nacional-Socialismo de Hitler, eram "totalitarismos divinizadores do Estado cesarista", ao contrário do Nacional-Sindicalismo, que filiava a sua doutrina nas tradições cristãs de Portugal.
O autoritarismo de Salazar veio a revelar-se bem mais próximo do fascismo, mostrando-se aliás em melhores condições para atrair e manter as juventudes influenciadas pelos estatismos modernistas em voga. Em Novembro de 1933, com as actividades do «Movimento Nacional-Sindicalista» entretanto proibidas, foi Salazar quem logrou captar para o seio do regime parte significativa das juventudes que o Nacional-Sindicalismo que, por breves momentos, conseguira mobilizar. A cisão no seio do Nacional-Sindicalismo deu-se precisamente quando Alberto de Monsaraz e Rolão Preto resolveram impugnar abertamente o modelo de Regime Corporativo de Partido Único - tipicamente fascista -, defendendo a independência do Movimento que dirigiam. Em Junho de 1934, uma representação ao Presidente da República voltou a colocar o problema. Entre outras reivindicações, uma vez mais se preconizava a constituição de um Governo nacional com a participação de todas as tendências políticas. O regime Salazarista, alicerçado no modelo fascista do Partido Único, porém, estava já completamente senhor da situação, acabando Rolão Preto por ser preso e expulso para Espanha. Pouco depois, uma nota oficiosa do Governo ainda insistia em convidar os Nacional-Sindicalistas a ingressar na União Nacional, ficando o Movimento, uma vez mais, totalmente proibido.
Veio a reentrar em Portugal em Fevereiro do ano seguinte, com o intuito de reorganizar e relançar o Nacional-Sindicalismo mas, em Setembro, o Governo deu Rolão Preto como implicado num frustrado movimento revolucionário contra o regime ("golpe Mendes Norton"). Rolão Preto parte novamente para o exílio.
Após a segunda Grande Guerra, Rolão Preto veio a retomar intervenção política através do apoio ao Movimento de Unidade Democrática (MUD). Tomou parte no comité de candidatura à presidência da República do Almirante Quintão Meireles e, nas eleições de 1958 integrou a candidatura do General Humberto Delgado, assumindo a chefia dos Serviços de Imprensa, escrevendo vários discursos da Candidatura e parte do respectivo Programa Político.
Em 1970, com outras personalidades monárquicas, constitui a Biblioteca do Pensamento Político, Convergência Monárquica, organização a favor da monarquia que tenta reunir o Movimento Popular Monárquico chefiado por Gonçalo Ribeiro Teles, uma fracção da Liga Popular Monárquica de João Vaz de Serra e Moura e a Renovação Portuguesa de Henrique Barrilaro Ruas.
Nas eleições de 1969, as primeiras eleições durante o período de governo de Marcelo Caetano, participa na lista da Comissão Eleitoral Monárquica.
Após o golpe militar de 25 de Abril de 1974 assume a Presidência do Directório e do Congresso do Partido Popular Monárquico (PPM), fundado em 23 de Maio.
Morre em Lisboa a 18 de Dezembro de 1977.
É condecorado por Mário Soares (enquanto Presidente da República), em 10 de Fevereiro de 1994, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a título póstumo, pelo seu «entranhado amor pela liberdade».
Bibliografia de Rolão Preto
* A Monarquia é a Restauração da Inteligência, Lisboa, 1920
* Para Além do Comunismo, Coimbra, 1932
* Orgânica do Movimento Nacional Sindicalista, Lisboa, 1933
* Salazar e a Sua Época: Comentário às Entrevistas do Actual Chefe do Governo com o Jornalista António Ferro, Lisboa, 1933
* Justiça!, Lisboa, 1936 "Política da Personalidade" - contra o fascismo e os totalitarismos
* O Fascismo, Guimarães, 1939
* Em Frente! Discurso pronunciado pelo Dr. Rolão Preto no banquete dos intelectuais nacionalistas, Castelo Branco, 1942
* Para Além da Guerra, Lisboa, 1942
* A Traição Burguesa, Lisboa, 1945
* Inquietação, Lisboa, 1963;
* Carta aberta ao Doutor Marcello Caetano, Lisboa, 1972.
* Para Além do Comunismo, Coimbra, 1932
* Orgânica do Movimento Nacional Sindicalista, Lisboa, 1933
* Salazar e a Sua Época: Comentário às Entrevistas do Actual Chefe do Governo com o Jornalista António Ferro, Lisboa, 1933
* Justiça!, Lisboa, 1936 "Política da Personalidade" - contra o fascismo e os totalitarismos
* O Fascismo, Guimarães, 1939
* Em Frente! Discurso pronunciado pelo Dr. Rolão Preto no banquete dos intelectuais nacionalistas, Castelo Branco, 1942
* Para Além da Guerra, Lisboa, 1942
* A Traição Burguesa, Lisboa, 1945
* Inquietação, Lisboa, 1963;
* Carta aberta ao Doutor Marcello Caetano, Lisboa, 1972.
Post composto com a ajuda de artigos de José Manuel Quintas e com mais alguma informação colhida na Wikipédia.
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