terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Pistas Para Uma Nova Cultura (III)

Como deve o estado intervir, se é que o deve fazer, nos esquemas de produção, financiamento e consumo de bens culturais?

As correntes mais liberais opõem-se tenazmente à intervenção do Estado, considerando que essa intervenção vai distorcer a escolha do consumidor, a alocação de recursos, o processo de "montagem", a liberdade criativa, os procedimentos a seguir e o processo de selecção natural que o mercado impõe. Se juntarmos a estes os arrivistas neoliberais, que vindos de uma certa esquerda deslumbrada com a descoberta da economia de mercado, temos uma porção significativa do espaço político que defende a não intervenção pura e simples por parte do Estado nos mecanismos de produção cultural.

De um modo geral também entendo que o Estado deve intervir o mínimo possível no processo cultural. Agora, isto não pode ser assumido por decreto. O caminho deve ser longo e ponderado. E num aspecto o Estado deve ser sempre interveniente: na promoção da actividade cultural como um bem potenciador de felicidade, orgulho e preenchimento, porque um povo mais culto será, sem dúvida, um povo mais feliz. Compete assim ao poder político criar e gerir infraestruturas e formação cultural de modo a que surjam as condições necessárias para que sejam os públicos a fazer as escolhas numa lógica de mercado.

Será assim que se separará o trigo do joio.

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