
A exposição 'A Experiência da Forma' encontra-se patente ao público, desde o passado dia 3, no Centro das Artes Casa das Mudas, na Calheta. A mostra reflecte uma visão assumidamente pessoal do director de serviços de Museus da DRAC, Francisco Clode de Sousa, sobre a colecção do MAC - Museu de Arte Contemporânea (Fortaleza de São Tiago), do qual, aliás, já foi director. A ideia é proporcionar uma perspectiva ampla sobre a colecção, favorecida pelos grandes espaços expositivos do Centro das Artes, já que na Fortaleza de São Tiago, as limitações físicas dificultavam essa perspectiva de conjunto. José de Sainz-Trueva, actual director do Museu de Arte Contemporânea do Funchal, considera que se trata de uma "relevante mostra", que "apresenta uma parte substancial da colecção" do Museu, embora não toda, e diz que a mesma "integra-se no vasto rol de objectivos programáticos do Museu de Arte Contemporânea do Funchal, que tem como vectores fundamentais o estudo, enriquecimento, conservação e divulgação do seu acervo", constituído por obras de arte portuguesa desde a década de 60 até à actualidade, "sem esquecer a divulgação e apoio à produção local contemporânea".
Exposição sem novas aquisições
Porém, aproveita para apontar que esta exposição não inclui novas aquisições, "que não são feitas, por restrições orçamentais, desde 2006". E diz que o conjunto de obras agora expostas na Calheta "foi já amplamente divulgado em exposições rotativas no Museu [de Arte Contemporânea], prática habitual desde a sua inauguração em 1992, já lá vão 17 anos". Trueva duvida também da eficácia de 'A Experiência da Forma' para a divulgação da arte: "Não tenho dúvidas de que os estrangeiros de passagem pela Calheta não deixarão de entrar no Centro das Artes. Já quanto ao público madeirense, com raros hábitos no que se refere à frequência de museus e exposições, e, no caso concreto, ainda com grande resistência no que diz respeito à arte contemporânea, infelizmente não farão certamente os largos quilómetros que separam a Calheta do Funchal para ver esta mostra". Não quando "têm esta colecção à mão de semear na Fortaleza de São Tiago, e não a visitam". E acrescenta: "estatisticamente, o Museu de Arte Contemporânea é o terceiro mais visitado da Região ". Só que "é o público estrangeiro quem perfaz 80% dos seus utentes". Os outros 20% são alunos das escolas "que frequentam o nosso serviço educativo".
José de Sainz-Trueva julga que, para realizar-se uma mais abrangente divulgação da arte contemporânea na Madeira, "teria sido fundamental que o Centro das Artes Casa das Mudas, desde o início da sua actividade, paralelamente a todas as acções que já realizou, tivesse, de raiz, constituído uma orientada colecção de arte contemporânea portuguesa". Em sua opinião, "ficaria mais rico o património cultural madeirense, ganharia o Museu de Arte Contemporânea, cujo acervo artístico está historicamente ligado à cidade do Funchal e aos seus prémios pioneiros de artes plásticas, realizados em 1966/67: nasceriam novas parcerias, outras valências e exposições e multiplicação de públicos".
Não deixa de enfatizar "o papel que a galeria Porta 33 poderia desempenhar neste novo triângulo dinamizador das artes contemporâneas, numa Região que devia ainda mais afirmar-se na aposta do turismo cultural".
José de Sainz-Trueva diz que o aparecimento de novas colecções públicas de arte contemporânea ou de privadas que passam a públicas é um fenómeno que se começou a generalizar. Cita a colecção António Cachola em Elvas, a Fundação António Prates em Ponte de Sor, as colecções da Caixa Geral de Depósitos, da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, da Fundação PLMJ, ou, à escala internacional, as colecções Bernard Arnault, ou François Pinault, instalada no Palácio Grassi em Veneza, e onde está representada a artista Joana Vasconcelos (de quem pode agora ser vista uma "interessante escultura" da colecção do MAC na mostra 'A Experiência da Forma' no Centro das Artes a obra 'Brush Me', "obra essa que figurará na monografia dedicada à artista, a ser editada pela BIAL, prefaciada por Paulo Cunha e Silva, adido cultural de Portugal na Embaixada de Roma".
Luís Rocha
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