
Cerca de 1500 pessoas estão envolvidas na série de 13 documentários que Eduardo Costa está a realizar sobre as tradições madeirenses. 'Raízes de um Povo' é uma recolha exaustiva iniciada há nove meses e que deverá culminar dentro de dois anos, com um trabalho destinado aos canais nacionais e internacionais.
"É um projecto audiovisual, que tem como objectivo central a recolha no Arquipélago da Madeira do nosso folclore e etnografia, dando relevo às actividades diárias que constituem e constituíam a vida quotidiana, cultural e profissional do nosso povo", apresentou.
Os documentários serão divididos pelos onze concelhos, mais um para abordar exclusivamente o Natal e um último, ainda por definir, cujo conteúdo dependerá do material entretanto recolhido, explicou ao DIÁRIO o produtor e realizador, que além da qualidade técnica, quer assegurar também a qualidade no conteúdo: "Queremos ser fiéis e rigorosos em todas estas recolhas, para que o projecto tenha consistência e validade histórica", referiu. Para assegurar esta parte, a recolha conta com a ajuda e experiência da Associação de Folclore e Etnografia da Região Autónoma da Madeira, liderada por António do Vale.
Cada um dos episódios de 25 minutos incide sobre o que é mais forte em cada município. Assim, na Calheta fala-se do linho e das charolas, em Santana do ciclo do trigo ao pão, passando pelo restolho que cobre as casas típicas. A cana-de-açúcar, as vinhas, o folclore, os transportes, as profissões, o artesanato, a culinária, a agricultura e a pesca também estão entre os outros temas a tratar.
A Eduardo Costa Produções apostou forte neste novo projecto e prova disso é a câmara que permite captar imagens em alta definição 1920 x 1080 (Full HD) formato 16x9 panorâmico 2.35, que adquiriu por cerca de setenta mil euros, adiantou, e que permite passar facilmente as imagens para película e apresentar em festivais internacionais. Mas não foram os únicos.
A população, que tem participado activamente nesta produção, também tem dado o seu melhor para manter a História viva. Aqui os actores são da vida real e os conhecimentos transmitidos pelas mãos calejadas pelo tempo e pelos saberes passados de geração em geração. É precisamente para salvaguardar esta riqueza para gerações futuras que se empenham: "Na Calheta, populares e pessoas ligadas ao folclore plantaram num terreno vazio 400 m2 de linho para que pudéssemos filmar as várias fases com bastante pormenor", exemplificou.
Neste momento, e depois de muito tempo no terreno, apenas 1/10 do trabalho está feito, pelo que a equipa tem ainda muito caminho pela frente. As imagens de apresentação deverão estar prontas em breve. A partir daí virá também o trabalho de recolha de apoios.
O projecto será lançado em 'blu-ray' e DVD, em português, inglês, alemão, francês e italiano.
Um 'elucidário'
'Um elucidário audiovisual' é desta forma que Eduardo Costa vê o trabalho de recolha que a sua produtora está a realizar e que poderá servir no futuro para consulta, nomeadamente para escolas. É que além das imagens que vão integrar o documentário, muitas outras vão ficar registadas e que poderão ser mais tarde usadas. "As crianças perderam as vivências que tínhamos. O objectivo é mostrar as raízes, como o terreiro com a latada por cima onde se bordava". Eduardo Costa acredita que dentro de poucos anos, grande parte das tradições vão desaparecer.
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