Irrita-me solenemente esta coisa de gente que só vê números
à frente a gerir os assuntos da cultura. Ou então agarram-se naqueles teóricos
que escrevem e falam de barriga cheia da cultura e é colocá-los a teorizar de
papo cheio sobre assuntos que não dominam nem entendem. É esta gente, sem
imaginação mas bem paga, que acha que os agentes culturais devem andar na
cultura por amor à camisola, que a profissionalização não é nem necessária nem
desejável.
Burocratize-se tudo, atafulhe-se os processos de papéis,
perca-se tempo com trivialidades, e no final pouco se produza. É esta a
formula, é assim que as coisas funcionam. E se aparece um “desenrascado” que
põe as coisas a andar e a funcionar livrem-se dele rapidamente porque é pessoa
perigosa.
Tenho levado constantemente pela frente com gente assim. Que
não é nada mas pensa ser tudo, que nada produz (culturalmente falando) e
complica a produção. São aquele tipo de gente que “não coisa, nem sai de cima”.
Numa altura de crise como a em que vivemos, é esta gente,
porque falha de imaginação, que vai matando o pouco que conseguimos produzir.
Arrumados estes, mudemos de assunto: porque será que nesta
terra, neste país, são tão raras as vezes que encontramos como consumidores de
cultura os agentes da política? Não é isto demonstrativo do interesse que a
dita (nunca percebi o porquê desta designação) classe política demonstra pela
cultura? Não é um político culto e consumidor de cultura um melhor político?
Tenho uma enorme dificuldade em entender como é que se pode
falar em nome de um povo sem dele conhecer a sua cultura!
Não será isso que o define?
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