quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Rótulos


Para certas pessoas as outras têm sempre que ser qualquer coisa. Ele há por aí muita gente que não consegue viver ser rótulos. Sejam eles políticos, económicos ou sociais. Como se a liberdade pudesse ser rotulada e encaixotada.
A mim já me chamaram de tudo, já me colocaram sobre a alçada de rótulos hilariantes que muito me divertem. Porque fiz uma peça de teatro onde o principal papel feminino era interpretado por um homem que comigo contracenava fui um muito óbvio homossexual. Porque fui colaborador da RTP/M passei por ter lá um tacho chorudo quando o que recebia foi descendo ano após ano até se tornar mais do que ridículo, e isto para além de nunca ter passado de colaborador a recibo verde. Houve até quem me dissesse alto quadro da função pública regional com um ordenado de milhões, quando trabalho há quase tinta anos numa empresa com sede em Lisboa onde não ganho mal, reconheço, o que me permite “estoirar” o que me sobra a produzir conteúdos teatrais e a ser detentor de uma conta bancária que hoje deve ter um valor pouco superior a zero. Para outros sou proprietário de uma companhia de Teatro que recebe milhões do Governo Regional todos os anos, quando nunca dele recebeu um cêntimo e vive da bilheteira dos espectáculos que produz (neste último ano e meio e pela primeira vez conseguimos um muito pequeno apoio comunitário que nos permitiu garantir os honorários de quem connosco colabora). Sou alto quadro do PSD quando onde militei foi no CDS. E acreditem que podia continuar…
Se no passado isto me afectou, reconheço-o, com a idade passou a fazer-me rir e a constatar que o facto de só de mim depender incomoda muita gente que a maior parte das vezes sob a capa da anonimidade fala cobardemente de boca cheia.
Esta liberdade permite-me dizer o que me vai cá dentro sem rótulos e sem dependências. Permite-me ser eu quem escolhe sobre o que falar. Permite-me livremente escolher os caminhos a seguir sem ter que dar contas a ninguém.
E é assim que eu gosto!

2 comentários:

Henrique Freitas disse...

Não és um sem abrigo, portanto. E aceitas lições de sensibilidade?

Nuno Morna disse...

sempre!