segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

É Hoje


Calmamente seguia a rua o seu caminho. Entre esquinas cheias de história que se não escreveu sozinha. Por aqui andaram mercadores e nobres, tanoeiros e burgueses, escravos e padres, piratas e jesuítas…
A cidade não cresceu sozinha. Cresceu pelos homens que a habitaram, que a sentiram. Uma cidade feita de vida, de troca de experiências e ideias. Uma cidade sentida e sofrida.
É que as cidades podem ser tudo, ou não ser nada! Depende de nós e da maneira como com ela nos relacionamos.
Esta é a cidade! A nossa cidade. A única cidade.
E é assim que todos a deveríamos sentir.
Preocupa-me que esta nossa cidade, que esta nossa região, ande despida. Despida de cultura. Não que não haja oferta, porque há. Mas porque não há público e sem público a cultura fica manca, coxeia.
De quem é a culpa? É de todos nós! Todos! Porque fomos perdendo a capacidade de nos admirarmos uns aos outros, porque nos fechamos na nossa capelinha e comodamente deixámos de 'olhar' para além do nosso umbigo. É que nós, os que produzem cultura, também somos público. Temos que ser público. E deste mal também me penalizo.
E isto consegue-se juntando-nos. Acreditando que podemos falar de coisas que temos em comum mesmo que os pontos de vista sejam diferentes. E isto devagarinho está a acontecer. Às segundas-feiras, de quinze em quinze dias, já há quem se junte à volta de um copo para degustar cultura. Uns mais velhos, outros mais novos, uns das artes outros das letras e da música, entre poemas e textos, entre imagens do que se vai produzindo e os sons criados, lá se vai pondo o dedo na ferida e falando sem medos nem reticências porque é mais o que nos junta do que aquilo que nos separa.
É hoje, é 'quinze dias' e lá estaremos, a partir das 22h na Mercearia S. Pedro, levando apenas connosco essa capacidade fantástica que vamos descobrindo que temos de nos apreciarmos uns aos outros.
Apareçam.
in DN/Madeira de hoje

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