Numa carta de 1944 em que justifica a sua recusa em publicar a obra na editora, Eliot, afirma que não era o momento para publicar o romance anti-estalinista.
«Não estamos convencidos de que seja o ponto de vista correcto. É a obrigação de qualquer editora de interesses e motivos distintos dos meramente comerciais publicar livros que vão contra a corrente do momento» , escreve.
O poeta e editor observa ainda não estar seguro de que aquilo que Orwell conta no seu romance «seja o que há que dizer neste momento».
A carta, integrada na colecção particular da viúva de Eliot, Valery, desde a morte do autor de Quatro Quartetos, será mostrada num documentário a exibir em breve na BBC.
Na sua carta, Eliot argumenta que o ponto de vista de Orwell, que o poeta considera «trotskista», «não é convincente».
A Eliot parece ter incomodado especialmente a caracterização que Orwell faz dos porcos na obra.
No romance, Napoleão, um suíno brutal que parece representar o ditador soviético Estaline, triunfa no final sobre Bola de Neve, um animal mais simpático, benfeitor de outros animais, que parece inspirado na figura de Trotsky.
De qualquer modo, Eliot registou também elogios para a obra de Orwell: «Estamos de acordo em que é uma destacada obra literária: a fábula está tratada com grande habilidade e a narrativa mantém sempre o interesse do leitor».
O editor termina a sua carta lamentando ter de rejeitar o manuscrito após elogiar o trabalho de Orwell, que qualifica de «boa literatura», caracterizada por uma «integridade fundamental».
O Triunfo dos Porcos , Animal Farm no original, foi publicado em Inglaterra pela primeira vez em Agosto de 1945 pela Secker and Warburg.
Lusa
1 comentário:
Foi dos livros mais fenomenais que já li!
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