quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Noite (I)

Reconheço que já fui mais de sair à noite do que hoje. Não quero com isto dizer que o fascínio da noite tenha acabado para mim. Não. Continuo a ser mais da noite do que do dia.
Noite é liberdade e dia é trabalho e obrigações.

Não saio tanto porque prefiro, talvez porque a idade não perdoa, passar o tempo em ambientes mais acolhedores e intimistas com amigos que escolho e, reconheçamos, esse tipo de espaços não proliferam por aí.

Mas há excepções.

Imagine-se a chegar a um local que parece a sua casa. Decoração simples, bonita e descomprometida. Música no volume q.b. e de altíssima qualidade a possibilitar a conversa. Por vezes e com um pouco de sorte é possível apanhar música ao vivo e exposições.

Gentes do melhor e de diferentes proveniências criam um ambiente calmo e propício à troca de ideias.

Os empregados asseguram um serviço discreto e de qualidade. Com o adiantar da hora tanto a gerência como os seus colaboradores revelam aquela pachorra infinita de quem tem que aturar os outros sabendo que essa é uma das suas obrigações. E fazem-no com prazer e compostura.

Para quem conhece o espaço já descobriu que estou a falar do "Chega de Saudade" (simplesmente "Chega" para os conhecedores). Calculo que o nome lhe venha da mítica canção de António Carlos Jobim (música) e de Vinícius de Moraes (letra), considerada a primeira bossa nova a ser criada.

O "Chega" fica ali a meio da Rua dos Aranhas agradavelmente escondido num primeiro andar.

Experimente!


PS: também tem restaurante, mas a esse ainda não fui... a mão experiente do Chefe João Espírito Santo, meu velho colega de correrias nos Barreiros, promete degustação valorosa e de qualidade!
Podem colher mais informação no Blog do "Chega" em:

2 comentários:

Uxka disse...

A alheira numa floresta de "verdes" diversos é delícia apesar da falta da velha e fiel batata frita.
Obrigada pelo link :)

Anónimo disse...

Bom, é sem dúvida de louvar o excelente trabalho e a eminente paciência e absoluta dedicação de toda esta equipa. Creio eu que dada a sua complexidade cultural este espaço é indubitavelmente um projecto arrojado quando integrado na sociedade regional. Contudo, acredito que é a partir da ousadia de alguns, e pela força de vontade de outros, que se consegue de facto deixar uma marca, e aos meus olhos essa marca é já visível em certos grupos, o que é para mim muito gratificante enquanto madeirense. Creio que é altura para nos desprendermos um pouco do nosso regionalismo e olharmos além, e para isso é preciso que haja um elo de comunicação. É um processo demorado, obviamente, e desconfortante em muitos momento, certamente, mas sem esforço não vamos a lado nenhum. Voltando mais especificamente ao espaço, creio que é altura para começar a explorar um pouco mais do que é possível daí retirar, alargando se calhar o conteúdo um pouco. Confesso que não tenho observado de perto o vosso trabalho, o que pode desacreditar um pouco a minha opinião, mas creio que o chega de saudade é um espaço que reflecte uma pluralidade de conceitos de tamanha importância na nossa formação cultural, creio que é agora altura para os revestir de alguma cor, música e sentimentos. Mais ousadia, é o que nós precisamos. Parabéns.

Zé Teixeira