
O Prémio Especial do Júri foi para Lonely Tunes of Tehran, de Saman Salour, que venceu também na categoria de Melhor Actor, pela primeira vez atribuído em ex aequo aos dois actores do filme, Behrouz Jalili – que morreu num acidente de moto no último dia de filmagens – e Hamid Habibifar.
O preferido do público foi Estômago, do brasileiro Marcos Jorge, que arrebatou também o Prémio para a Melhor Actriz, Fabiula Nascimento.
Em ambiente de festa no Auditório do Casino, no Funchal, foram conhecidos os vencedores. Mas todas as atenções estavam viradas para a convidada de honra: Claudia Cardinale.
A actriz, que protagonizou películas que ficaram para a história do cinema como 8 ½, de Frederico Fellini, O Leopardo, de Visconti, A Pantera Cor-de-Rosa, de Blake Edwards, ou Aconteceu no Oeste, de Sergio Leone, chegou ontem à Madeira para receber o Prémio Carreira. Aos 70 anos, a actriz que continua no activo disse ao Sol: «Não há uma idade para parar, farei filmes enquanto me interessarem os guiões. Faço o que gosto. Trabalhei com os melhores realizadores do mundo, agora interessa-me trabalhar com jovens em início de carreira».
Outro homenageado da noite foi João Botelho que apresentou em ante-estreia nacional A Corte do Norte, a partir da obra de Agustina Bessa-Luís. «Filmei na Madeira e prometi que seria aqui a primeira exibição do filme, estou a cumprir», disse na apresentação do filme, que marcou também a primeira exibição em alta-definição na ilha. «É a primeira vez que faço um filme digital, é um modo de filmar diferente, sobre luz e sombras».
O produtor do filme, o madeirense António da Cunha Telles revelou que há 20 anos queria fazer este filme. «Esta obra de Agustina é talvez o livro mais importante de ficção sobre esta ilha e era impensável que não passasse ao cinema».
No final do evento, o director do Festival, Henrique Teixeira mostrou-se orgulhoso pelo impacto que teve junto do público, desde o documentário Sharkwater, de Rob Stewart, sobre tubarões e os atentados que sofrem pela acção do homem, a abrir o Festival com casa cheia, à repetição da exibição de Blindness, de Fernando Meirelles, devido à afluência, à lotação da sala em muitas exibições. «Quero incutir no público jovem uma cultura de cinema contrária ao fast food americano e virar-me para o cinema europeu e outros mercados menos conhecidos». A prova disso foram os dez filmes em competição oriundos de países como Polónia, Irão, Israel, República Checa, Macedónia, Croácia, Alemanha ou Brasil.
O director do evento reconhece que o prestígio alcançado é frágil e o futuro depende dos apoios que conseguir. «O Festival tem de ser visto como uma ferramenta turística para atrair outros tipos de público à Madeira e isso ainda não acontece». Se por estes dias a ilha tornou-se um cenário mediático, Henrique Teixeira garante: «Não queremos ser igual a Cannes, o nosso Festival de Cinema será sempre à escala do Funchal, mas podemos ser mais ambiciosos».
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