
Voz lendária do continente africano e um símbolo da luta contra o regime do apartheid, Miriam Makeba sentiu-se mal depois de ter cantado 30 minutos num show dedicado ao jovem autor do livro "Gomorra" em Castel Volturno.
"Foi a última a sair do palco, depois dos outros cantores. Houve um bis e alguém perguntou se havia algum médico entre o público. Miriam Makeba tinha desmaiado e estava deitada no chão", afirma um fotógrafo presente ao evento.
Levada rapidamente para uma clínica de Castel Volturno, veio a morrer um pouco mais tarde em consequência de uma paragem cardíaca.
Mais de mil pessoas compareceram ao concerto anti-máfia, numa área considerada um reduto da Camorra, a máfia napolitana, onde seis imigrantes africanos e um italiano foram assassinados em Setembro passado em circunstâncias não esclarecidas.
Miriam Makeba nasceu em Joanesburgo no dia 4 de Março de 1932.
Makeba iniciou a sua carreira nos anos 50 participando em grupos corais e cantando uma mistura de blues americano com ritmos tradicionais da África do Sul. No final da década, apesar de vender imensos discos, recebia muito pouco pelas gravações e nem um cêntimo de royalties, o que lhe despertou a vontade de emigrar para os Estados Unidos onde pensava poder viver profissionalmente como cantora.
Um dos momentos decisivos na sua carreira aconteceu em 1960, quando participou no documentário anti-apartheid “Come Back, Afrika”, apresentado no Festival de Veneza desse ano. A recepção que teve na Europa, e as condições que enfrentava na África do Sul, fizeram com que Miriam resolvesse não voltar ao seu país, o que fez com que seu passaporte sul-africano fosse revogado.
Vai então para Londres, onde se encontraria com o cantor e actor negro norte-americano Harry Belafonte, que na época gozava de grand popularidade e prestígio e seria mesmo o responsável pela entrada de Miriam no mercado norte-americano. Através de Belafonte, também um grande activista dos direitos civis nos Estados Unidos, Miriam gravou vários discos de grande popularidade nos EUA. A música “Pata Pata” tornou-se um estrondoso sucesso mundial. Em 1966 os dois ganhariam o Prémio Grammy, na categoria música folk, pelo disco “An Evening with Belafonte/Makeba”.
Em 1963, depois de um testemunho intenso sobre as condições de vida dos negros na África do Sul perante o Comité contra o Apartheid das Nações Unidas, viu os seus discos serem banidos do país pelo governo racista; o seu direito de regressar ao lar e sua cidadania sul-africana foram anulados, tornando-se a cantora uma apátrida.
Seus problemas nos Estados Unidos começaram em 1968, quando se casou com o activista político Stokely Carmichael, um dos fundadores do chamado Black Power e porta-voz dos Panteras Negras, fazendo com que os seus contratos de gravação e as suas tournées fossem canceladas. Por causa disso, o casal mudou-se para a Guiné, onde se tornaram amigos do presidente Ahmed Sékou Touré, chegando a ser nomeada delegada da Guiné junto à ONU nos anos 80, onde recebeu da organização o Prémio da Paz Dag Hammarskjöld. Separada de Carmichael em 1973, continuou a gravar discos e a fazer shows pela África, América do Sul e Europa.
A morte da sua única filha em 1985 levou-a a mudar-se para a Bélgica. Dois anos depois, voltaria triunfalmente ao mercado norte-americano participando no disco de Paul Simon, “Graceland”, e integrando a tournée que se seguiu.
Miriam Makeba finalmente voltou à sua pátria em 1990, com o fim do apartheid no país, a pedido do Presidente Nelson Mandela, que a recebeu pessoalmente.
Hoje chegou ao fim a vida desta diva da música mundial.
Que descanse em paz!!!!
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