segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Cinema - Reviver o Passado em Brideshead

Lê-se no sítio do semanário Sol:

Tudo começou num livro. Em 1945 o escritor Evelyn Waught recordou em pouco mais de 300 páginas os ambientes de Oxford e da Inglaterra aristocrata antes da II Guerra Mundial.
Com o subtítulo As memórias sagradas e profanas do Capitão Charles Ryder, o romance Reviver o Passado em Brideshead foi talvez o mais celebrado livro do escritor, que conta, com uma admirável descrição, a doce melancolia de tempos que já não voltam.
Evelyn Waugh criou e escreveu sobre uma família nobre inglesa, os Marchmain, que vivia no período anterior à II Guerra Mundial, mas foi Charles Sturridge quem certamente lhes deu vida.
Reviver o Passado em Brideshead foi em 1981, com enorme sucesso, adaptado para uma série de televisão. Realizada por Charles Sturridge a série teve como protagonistas Jeremy Irons e Anthony Andrews, nos papéis de Charles Ryder e Sebastian Flyte.
Esta adaptação para o pequeno ecrã (ver vídeo em baixo) foi fundamental quer para a divulgação do próprio livro quer para o lançamento dos dois actores, que até aos dias de hoje são lembrados pelo personagem que vestiram há mais de 20 anos.
A história desenha-se essencialmente à volta de um triângulo amoroso, na Inglaterra dos anos 30, entre dois irmãos, filhos de uma família aristocrata e católica, e um estudante da Universidade de Oxford. Charles Ryder (Jeremy Irons) cativa a atenção de Sabastian Flyte (Anthony Andrews) que o leva a Brideshead, a casa senhorial onde vive a sua família, dominada pela presença e fé da implacável Lady Marchmain.
O presumível amor entre Charles e Julia, a irmã de Sebastian, e o consequente refúgio deste no alcoolismo são gatilhos para um enredo trágico, irremediavelmente assombrado pelo sentido de culpa ditado pela forma como em Brideshead se encara a fé.
A nova adaptação para o cinema optou por uma fotografia mais luminosa do que a recordação dos tons baços da série televisiva. O realizador, Julian Jarrold, tentou uma abordagem mais moderna ao explorar de forma mais aberta a homossexualidade de Sebastian Flyte, nunca evidenciando porém mais do que uma eventual ligação platónica deste com o amigo Ryder.
Esta nova versão pediu um novo elenco, de que fazem parte Mathew Goode (Charles Ryder), Ben Whishaw (Sebastian Flyte), Emma Thompson (Lady Marchmain) e Hayley (Julia), mas o cenário quis-se semelhante. A narrativa regressou a Castle Howard, o mesmo palácio usado na série televisiva, que assim voltou a vestir a “pele” de Brideshead.

Por Marta Clarinha



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