terça-feira, 18 de novembro de 2008

Teatrando – Prémio Santareno de Teatro

Os Prémios Santareno de Teatro 2008 foram recebidos num unânime reconhecimento da importância da distinção criada pelo Instituto Bernardo Santareno (IBS) e pela Câmara de Santarém num país «onde o teatro é esquecido e maltratado». A entrega dos prémios decorreu durante um espectáculo marcado pela música, pelo canto e pelo bailado, mas, sobretudo, pela representação de um excerto da peça de Bernardo Santareno «O Inferno», levada ao palco, no Verão, pelo Teatro Experimental de Cascais, com encenação de Carlos Avilez, e que mereceu o prémio «espectáculo».

A edição deste ano da Grande Gala Santareno, a terceira, distinguiu ainda as carreiras do actor Nicolau Breyner e da cenógrafa e figurinista Cristina Reis e as interpretações de Ana Ester - no papel de Mrs. Lovett na peça «Swenei Todd o Terrível Barbeiro de Fleet Street», de Stephen Sondheim, com encenação de João Lourenço - e de Diogo Infante, o «Hamlet», de Shakespeare, na encenação de João Mota. Recebendo o prémio das mãos de Luís Miguel Cintra, Diogo Infante felicitou a iniciativa «que honra e homenageia quem vive do teatro» e considerou «gratificante» o reconhecimento do seu papel em Hamlet, «uma personagem tão difícil e tão transcendente que fica sempre a sensação que se fica aquém».


Carlos Avilez expressou igualmente a gratidão de quem «ama o teatro acima de todas as coisas», desejando que os 35 finalistas do curso realizado pela Escola Profissional de Teatro de Cascais sigam o exemplo dos laureados com o prémio «revelação», Cláudia Semedo e Pedro Bargado. A representação de «Inferno», peça de 1967 que se mantinha inédita, constituiu prova de aptidão profissional dos finalistas da escola de teatro de Cascais, sublinhou.


Os Prémios Santareno de Teatro 2008 tiveram ainda uma distinção «especial» para o Grupo Cénico da Música Nova, de Pernes (Santarém), por ter levado à cena a peça de Bernardo Santareno «O Duelo», com encenação e direcção do presidente do IBS, Vicente Batalha.


O presidente da Câmara Municipal de Santarém, Francisco Moita Flores, que entregou o troféu ao seu «amigo muito especial» Nicolau Breyner, justificou a criação dos Prémios Santareno de Teatro pela necessidade de não deixar «esquecer o que de melhor produzimos em Portugal». Nicolau Breyner lamentou que o país seja «pródigo em recriminações e raro em elogios», mas assegurou que, mesmo assim, «vale a pena ser actor». Revelando que foi amigo de Bernardo Santareno, pseudónimo literário de António Martinho do Rosário, Nicolau Breyner afirmou que receber um prémio com o nome do escritor «é um peso muito grande» e uma «responsabilidade» que lhe passaram para as mãos.


Já Cláudia Semedo disse encontrar no prémio um «incentivo» para um percurso que considerou ser ainda «tão curto», agradecendo a todos com quem aprendeu «pelas asas» que lhe deram e frisando a importância das distinções num país em que o teatro «é tantas vezes maltratado e esquecido».


Também Pedro Bargado viu no prémio «um bocadinho de carinho» e estímulo «para fazer mais e melhor».


Na noite de domingo, em que foi estendido o tapete vermelho à entrada do Teatro Sá da Bandeira e a sala (com pouco mais de 200 lugares) foi pequena, o espectáculo, «ilustrado» com o som da Grande Orquestra Santos Rosa, «ao estilo das grande orquestras americanas dos anos 1940», decorreu ao longo de duas horas. Com apresentação de Isabel Angelino e Eládio Clímaco, a entrega dos prémios foi intercalada com actuações dos bailarinos Ana Sofia Leite, João Cabaça e Sofia Matos, da soprano Ana Paula Russo, da Ala dos Namorados e da representação do excerto da peça «O Inferno».


Os galardoados receberam um troféu criado pelo escultor José Coelho, uma réplica da peça escultórica inaugurada no passado dia 05 de Outubro na rotunda da entrada Norte na cidade de Santarém.


Diário Digital / Lusa

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem conhece o seu trabalho, sabe que o Pedro Bargado merecia o prémio.

Pela entrega, dedicação, garra, presença em palco, voz.. por tudo.

Sem duvida muito merecido o prémio.

jinhos