quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Jogando - Vampyre Story

Pedro Camacho, engenheiro civil madeirense compôs a banda sonora para o jogo de vídeo "A Vampyre Story" (Uma História de Vampiros), que será lançado internacionalmente no final de Outubro pela empresa norte-americana de Bill Tiller.
Pedro Macedo Camacho tem 29 anos, nasceu e reside no Funchal, na Madeira, começou a estudar música aos 16 e iniciou a sua carreira no mundo dos videojogos em 2006.
Embora tenha feito alguns trabalhos e ganho vários prémios nesta área, "nenhum consegue chegar de perto da importância deste", disse o compositor.
"Tive muita sorte ao ser escolhido, pois tanto quanto sei, esta é a primeira vez que um português é convidado para integrar um projecto desta envergadura na área dos videojogos a nível internacional, o que é motivo de honra e orgulho", adianta.
Tudo começou quando reparou numa nota num site no qual reconheceu o estilo de pintura igual à saga do "Monkey Island" da autoria de Bill Tiller de que era fã, informando que a empresa estava a contratar artistas gráficos.
Decidiu "telefonar oferecendo o seu trabalho" e não desistiu quando foi informado que seria extremamente difícil porque "já estava tudo praticamente acertado" e, embora pudesse enviar uma demonstração com a sua música, as probabilidades de ser escolhido "eram diminutas e uma batalha desigual".
Determinado, decidiu arriscar e enviou uma composição que fez em dois dias.
Na semana seguinte, foi o próprio Bill Tiller que lhe telefonou a elogiar o trabalho apresentado, acrescentando que "antes de tomar qualquer decisão teria de ouvir o trabalho dos outros compositores previamente contactados, visto que numa aventura gráfica, tal como num filme, a música tem um papel fulcral no sucesso do jogo", informa Pedro.
"A escolha foi muito demorada e competitiva, sobretudo por ser um compositor desconhecido, e só quatro meses depois é que tudo ficou decidido: fui contratado para desenvolver o projecto de toda a banda sonora do jogo, com a duração de 67 minutos, em Fevereiro de 2007", realça.
Bill Tiller é considerado um dos ilustradores mais influentes nesta indústria, trabalhou em várias empresas, como a Lucas Arts, Midway e ArenaNet, antes de decidir criar a sua própria empresa, a Autumn Moon Entertainement.
Entre os seus trabalhos mais conhecidos está a saga de jogos "Monkey Island" da Lucas Arts, "Indiana Jones and the Fate of Atlantis".
Sobre onde foi buscar a inspiração para os diferentes temas, Pedro Camacho afirma que "as ideias surgiram da própria arte gráfica do autor, Bill Tiller".
"É realmente uma honra enorme trabalhar com uma equipa que foi inspiração para grande parte dos criadores destes dias. É tão fantástico que nem consigo dizer por palavras", diz.
Ter sido escolhido "já está a abrir portas para o futuro e torna mais fácil participar em outros projectos engraçados", estando previsto continuar a trabalhar com Bill Tiller, que afirmou publicamente pretender contar com Pedro em próximas aventuras.

Engenharia ou música?

O compositor garante que o seu principal objectivo é "divertir-se com a composição", que considera servir de "escape ao dia-a-dia".
"Isto porque a Engenharia faz parte de mim. Não consigo ver minha vida sem essa área, sou matemático. É óptimo ter estas duas coisas, de dia faço uma e de noite outra para me distrair. Complementam-me e dão-me equilíbrio", conclui.
No que diz respeito à sua formação musical, começou em 1995, com 16 anos, quando começou a estudar composição no Conservatório da Madeira com o maestro argentino Roberto Perez.
Dois anos mais tarde, em Lisboa, passou a frequentar a classe de composição do professor Eurico Carrapatoso com quem estudou quatro anos no Conservatório Nacional.
"Foi graças a este grande professor, que considero o melhor em Portugal, que consegui realmente entender o que é música na sua essência e como criá-la", destaca.
Simultaneamente com ensino clássico teve aulas de jazz incentivado pelo tio, o pianista madeirense Jorge Borges.
"O lançamento do jogo está previsto para finais de Outubro nas principais capitais mundiais, no Dia das Bruxas, podendo surgir um pouco mais tarde em Portugal", conclui.

Nuno Morna/Lusa

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