sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Obituário - Harold Pinter

De ascendência portuguesa morreu o britânico Harold Pinter.
Recordado como um dos grandes dramaturgos do século XX, Harold Pinter era ainda conhecido pelo seu polémico activismo político, conotado com a esquerda britânica.
Foi um dos mais destacados opositores à invasão do Iraque, lutou contra o bombardeamento da Sérvia e declarou o seu apoio ao líder sérvio Slobodan Milosevic, para quem pediu um julgamento justo, após a sua detenção em 2001.
Pinter foi autor de inúmeras peças do chamado 'teatro do absurdo' e também de guiões para o cinema, como A Mulher do Tenente Francês.
A Academia Sueca, que lhe atribuiu o Nobel da Literatura de 2005, declarou que a obra de Pinter «força a abertura das divisões fechadas da opressão» e que o autor devolveu ao teatro os seus elementos básicos, como o espaço fechado e a imprevisibilidade dos diálogos.
«Ele trouxe realismo ao teatro», reforça o crítico Tim Walker, do Sunday Telegraph.
«Foi a maior figura do teatro desde os anos 50», comentou o director creativo da BBC, Alan Yentob.
A relevância de Pinter é, de resto, sublinhada pelo adjectivo «pinteresco», usado frequentemente para descrever certo tipo de atmosfera em palco.
Pinter tinha ascendência portuguesa. Segundo o próprio, o seu nome era uma adaptação de 'Pinto', testemunho de antepassados sefarditas lusos.
O autor sofria de cancro no esófago desde o ano 2002, mas terá sucumbido ao cancro do fígado, segundo noticia a BBC.
Faleceu na noite de Consoada, de acordo com a mulher, Antonia Fraser, que declarou que «foi um privilégio viver com ele mais de 33 anos».


Nuno Morna/Sol/Lusa

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